Ellen White fez da aceitação de seu ministério profético um pré-requisito para alguém se unir à Igreja Adventista do Sétimo Dia?

Falando daqueles que “não se opunham” ao seu dom profético, mas que, por várias razões, ainda estavam indecisos quanto ao seu ministério, Ellen White escreveu:

“Essas pessoas não devem ser privadas dos benefícios e privilégios da igreja, se no demais sua conduta cristã é correta e têm um bom caráter cristão….

Alguns, foi-me mostrado, poderiam receber as visões publicadas, julgando a árvore pelos seus frutos. Outros são como o duvidoso Tomé; não podem crer nos Testemunhos publicados, nem receber evidências através do testemunho de outros, mas precisam ver e ter evidências por si mesmos. Estes não devem por isso ser postos de lado, mas deve ser exercida para com eles longa paciência e amor fraternal até que tomem posição e assumam opinião definida contra ou a favor. Se, porém, passarem a combater as visões, das quais não têm nenhum conhecimento; se levarem a sua oposição ao ponto de opor-se àquilo em que não têm nenhuma experiência, e se sentirem contrariados quando aqueles que crêem que essas visões são de Deus falarem delas nas reuniões, e se os confortarem com a instrução dada através delas, a igreja pode saber que eles não estão certos” – (Testemunhos Para a Igreja , vol. 1, p. 328).

Parentes e familiares de Ellen G. White

Quantos filhos Ellen White teve?

Nasceram quatro meninos na família White. Henry Nichols (1847-1863) foi o seu primogênito. Ele morreu de pneumonia aos 16 anos. James Edson (1849-1928) se tornou um pastor adventista do sétimo dia e é mais lembrado por sua obra pioneira como evangelizador e educador entre os afro-americanos do sul dos Estados Unidos. William Clarence (1854-1937) também se tornou um pastor da Igreja Adventista. Após a morte de Tiago White, em 1881, William tornou-se o principal assistente editorial e gerente de publicações de sua mãe. John Herbert (1860) morreu com a idade de três meses, de erisipela.

Ellen White foi a única adventista do sétimo dia na sua família? E seus irmãos e irmãs?

Dos oito filhos do casal Harmon, dois se tornaram adventistas do sétimo dia ativos: Ellen e sua irmã mais velha Sarah, mãe do escritor de hinos F. E. Belden. Os pais de Ellen White morreram guardando o sábado e acreditando na mensagem do Advento, assim como o seu irmão Robert, que morreu pouco mais de dez anos antes de a igreja ser oficialmente organizada em 1863. Mary, seis anos mais velha que Ellen, considerava a si mesma como uma adventista do sétimo dia, embora não haja registro de sua ligação formal com a igreja.

Ellen White mantinha íntima ligação com suas outras três irmãs e seu irmão mais velho, John, correspondendo-se com eles, visitando-os, e mandando-lhes cópias de seus livros e assinaturas de periódicos adventistas. Uma vez ela escreveu sobre suas irmãs: “Embora realmente não concordássemos em todos os pontos a respeito de obrigação religiosa, nossos corações ainda eram um” (Review and Herald, 21 de abril de 1868).

Visões de Ellen G. White

Como eram as visões de Ellen White? Existe algum relato de testemunha ocular?

A obra de alguém que afirma dar como testemunho a mensagem de Deus deve satisfazer os requisitos dados pela Palavra de Deus, tais como, “pelos seus frutos os conhecereis”, “à lei e ao testemunho”, o cumprimento de predições etc.

J. N. Loughborough foi testemunha ocular desse fato. Esteve presente em mais de 50 ocasiões em que Ellen White recebeu visões. Em seu livro, “O Grande Movimento Adventista” ele dá um emocionante relato dos fenômenos que acompanhavam tais visões. Na página 176, ele declara:

“Antes de continuarmos o emocionante relato desta maravilhosa manifestação do Espírito de Deus, vou expor alguns fatos relativos às visões. A primeira vez que vi Ellen White (que antes de casar-se chamava-se Ellen Harmon) foi em outubro de 1852. Naquele dia eu a vi numa visão que durou mais de uma hora. Desde então, tive o privilégio de vê-la em visão cerca de cinquenta vezes. Tenho estado presente enquanto médicos a examinaram durante a visão, e considero um prazer testemunhar do que vi e conheci. Creio que, quanto a isto, uma narração de fatos não pode ser descuidadamente deixada de lado a fim de se apegar a suposições aleatórias de pessoas que nunca a viram nesta condição.

“Quando ela entra em visão, dá três arrebatadores gritos de “Glória!” que ecoam e ressoam, o segundo, e, especialmente, o terceiro, sendo mais fraco, porém mais emocionante que o primeiro, com a voz semelhante à de alguém bem longe de você, já quase não dando para ouvir. Por cerca de quatro ou cinco segundos, parece cair como uma pessoa em um desmaio, ou alguém que perdeu a força. Então, parece ser instantaneamente preenchida de força sobre-humana, às vezes levantando-se de uma só vez sobre seus pés e andando pela sala. Há frequentes movimentos das mãos e dos braços, apontando à direita ou à esquerda, conforme sua cabeça se volta. Todos esses movimentos são feitos da forma mais graciosa. Em qualquer posição que sua mão ou seu braço são colocados, é impossível para qualquer um movê-los. Seus olhos estão sempre abertos, mas ela não pisca; a cabeça fica levantada, e ela olha para cima, não com um olhar vago, mas com uma expressão agradável, apenas diferindo de sua expressão normal por parecer estar olhando atentamente para algum objeto distante. Ela não respira, mas seu pulso bate regularmente. Sua fisionomia é agradável, e a cor de seu rosto, corado, como em seu estado natural.”

Dentre os relatos que foram feitos por diversas testemunhas oculares, resume-se:

• Quando a visão começava, Ellen White exclamava: “Glória!” repetidas vezes.

• Ela experimentava uma perda de força física, chegando a cair no chão como alguém num desmaio.

• Subseqüentemente, ela manifestava força sobrenatural.

• Ela não respirava, mas seu batimento cardíaco continuava normal, e a cor de seu rosto era natural.

• Ocasionalmente ela proferia exclamações indicativas da cena que lhe estava sendo apresentada.

• Seus olhos ficavam abertos, não com olhar distante, mas como se estivesse atentamente assistindo algo.

•  Sua posição podia variar. Às vezes ela ficava sentada; às vezes reclinada; às vezes andava em volta do aposento e fazia gestos graciosos enquanto falava sobre os assuntos apresentados.

•  Ela ficava absolutamente inconsciente do que estava ocorrendo ao seu redor. Não via, ouvia, sentia, nem percebia de modo algum o ambiente ou os acontecimentos que a cercavam.

•  O final da visão era indicado por uma profunda inspiração, seguida em aproximadamente um minuto por outra, e logo sua respiração voltava ao normal.

•  Imediatamente após a visão tudo parecia muito escuro para ela.

•  Dentro de pouco tempo ela recuperava sua força e habilidades naturais.

 

A “grande Bíblia”

A história de Ellen White segurando uma grande Bíblia é fato ou ficção?

No início de 1845, enquanto estava em uma visão na casa de seus pais em Portland, Maine, Ellen Harmon (mais tarde White), então com 17 anos, tomou a grande Bíblia da família e a segurou com seu braço esquerdo estendido por cerca de 20 a 30 minutos. A história foi documentada por J. N. Loughborough, que entrevistou as pessoas que testemunharam a visão, incluindo o pai, a mãe e a irmã de Ellen. A Bíblia (em exposição no White Estate) pesa 8 quilos e foi impressa por Joseph Teal em 1822. William C. White, o filho de Ellen White, também relatou ter ouvido o incidente de seus pais. Há outros relatos de Ellen White segurando grandes Bíblias enquanto em visão, incluindo o de uma testemunha ocular, impresso em Spiritual Gifts , vol. 2, p. 77-79.

Tais experiências não deveriam ser consideradas prova de inspiração divina, já que os profetas devem satisfazer aos testes apresentados nas Escrituras; mas esta experiência, assim como outros fenômenos físicos notáveis, eram vistos por muitos dos primeiros adventistas como evidência de que as visões de Ellen Harmon eram de origem sobrenatural.

Leitores superficiais de uma discussão de 1919 a respeito da “grande Bíblia” concluíram erradamente que o presidente da Associação Geral, A. G. Daniells, questionou a historicidade do incidente. Eles não compreenderam o ponto de vista de Daniells, que ele esclareceu quando lhe perguntaram se estava duvidando do milagre ou declarando que ele não usaria tais manifestações como uma “prova” de inspiração. Ele respondeu: “Não, eu não descreio nem duvido deles; mas eles não são o tipo de evidência que eu usaria com estudantes ou com descrentes. … Não os questiono, mas não acho que eles são o melhor tipo de prova para se apresentar” – (Minutes of the Bible and History Teachers’ Council , 30 de julho de 1919, p. 2341-2344, 2360-2362).

Ellen G. White e Israel Dammon

Em 1845, o pastor Israel Dammon, um adventista milerita, foi acusado pelo estado do Maine de ser uma “pessoa vadia e inútil”, “um encrenqueiro ou barulhento”, “negligente em seu emprego”, “esbanjador de seus rendimentos” e que não “provia o sustento” para si próprio ou para a família. Seu julgamento foi relatado, resumidamente, no Piscataguis Farmer de Dover, Maine, de 7 de março de 1845. O relato que foi publicado fornece uma fascinante descrição contemporânea de algumas das atividades fanáticas que sabidamente estavam associadas a certas facções ex-mileritas . O que é de particular interesse para os adventistas do sétimo dia é que o registro menciona a jovem Ellen Harmon (mais tarde White) como estando presente a uma dessas reuniões.

Deve-se notar que nenhuma das testemunhas no relatório do julgamento de Israel Dammon alegou qualquer atividade fanática por parte da jovem de 17 anos Helen Harmon. Mas surge a pergunta de que se a presença de Ellen Harmon em encontros onde o fanatismo era evidente poderia ser interpretada como um endosso para tal comportamento. Achamos que não. Quando o Senhor instruiu Ellen Harmon a relatar sua primeira visão (recebida em dezembro de 1844) para os crentes adventistas, Ele não excluiu do ministério dela os fanáticos. Ellen White se refere a numerosas ocasiões em que foi orientada a dar seu testemunho aos que equivocadamente estavam enredados por idéias e práticas fanáticas. Por exemplo:

“No período da decepção, depois da passagem do tempo em 1844, levantou-se o fanatismo em várias formas. Alguns sustentavam que a ressurreição dos mortos já tivera lugar. Foi-me mandado dar uma mensagem aos que acreditavam nisto, assim como estou hoje apresentando uma mensagem a vós. Eles declaravam que estavam perfeitos, que corpo, alma e espírito estavam santos. Tinham manifestações semelhantes às que há entre vós, e confundiam a própria mente e a dos outros com suas maravilhosas suposições. Todavia essas eram nossos irmãos amados, e anelávamos ajudá-los. Fui a suas reuniões. Havia excitação, com ruído e confusão. Não se podia distinguir uma coisa da outra. Alguns pareciam estar em visão, e caíam por terra. Outros pulavam, dançavam e gritavam. Declaravam que, como sua carne estivesse purificada, achavam-se prontos para a trasladação. Isto repetiam e repetiam. Dei meu testemunho em nome do Senhor, manifestando Sua reprovação a essas manifestações” – (Mensagens Escolhidas , vol. II, p. 34).

A associação de Ellen Harmon com Israel Dammon nesse tempo também pode ser compreendida à luz do fato de que conquanto a maioria dos Mileritas houvesse rejeitado sua experiência passada, Dammon estava entre os poucos líderes que ainda acreditavam que a profecia bíblica havia se cumprido em 1844 – um dos poucos que poderiam ouvir a mensagem da primeira visão de Ellen Harmon.

Os assuntos financeiros de Ellen G. White

Ellen White era milionária?

Mais de uma vez em seu ministério, Ellen White foi confrontada por acusações de que ela estava acumulando uma grande riqueza por causa dos direitos autorais de seus livros. Eis sua resposta direta a um difamador, escrita em 1897 enquanto ela morava na Austrália:

“Você fez denúncias de que eu era rica. Como sabia que eu era? Por cerca de dez anos tenho trabalhado com base em propriedades que não me pertenciam. Se vendesse tudo o que tenho em minha posse, não teria dinheiro suficiente para saldar todas as minhas despesas.

“Onde tenho investido o dinheiro? Você bem sabe onde. Eu tenho sido o banco de onde são extraídos os recursos para levar avante o trabalho neste país…

“Eu tenho tomado dinheiro emprestado para fazer a obra que precisa ser feita. Nem um xelim das doações que me são enviadas, desde a menor quantia até as maiores, foi usado em meu próprio favor. Nossa boa irmã Wessels presenteou-me um vestido de seda, e fez-me prometer que não o venderia. Mas eu acho que se ela tivesse colocado em minhas mãos o valor correspondente ao vestido, ele teria sido usado na causa de Deus.

“Vejo dívidas em nossas casas de culto e isso me faz doer o coração. Não posso deixar de me afligir com o assunto. Tenho investido dinheiro nas igrejas de Parramatta, Prospect, Napier, Ormondville, Gisborne, e na educação de estudantes. Tenho enviado pessoas para a América a fim de serem preparadas para voltar e trabalhar neste país. Se esta é a maneira de alguém se tornar rico, eu acho que outros deviam experimentá-la.

“Todos os direitos autorais sobre meus livros estrangeiros vendidos na América são sagradamente dedicados a Deus para a educação de estudantes, a fim de que possam ser preparados para o ministério. Milhares de dólares têm sido gastos assim. É esta a maneira de se acumular dinheiro? A velha história que Canright e outros fizeram circular, de que eu valia 30 mil dólares, é tudo ficção. E fiquei sabendo que esse valor já aumentou para 30 mil libras, desde que eu vim para a Austrália.

“Não sei onde está esse dinheiro. Estou usando todos os meus recursos, tão rápido quanto eles me chegam às mãos, para fazer avançar a obra neste país. Se eu tivesse 30 mil libras, não teria mandado buscar na África o empréstimo de mil libras pelo qual estou pagando juros. Se pudesse, teria feito outro empréstimo de mil libras, para que pudéssemos construir o edifício escolar principal.

“Eu não tenho 30 mil libras. Eu só queria ter um milhão de dólares. Eu faria o que fiz em Sidney. Colocaria homens no campo de trabalho, custeando suas despesas com meus próprios recursos. Precisamos de cem homens onde agora só temos um no campo.” (Carta 98 a, 1897).

Seis anos mais tarde, em uma carta pessoal datada de 19 de outubro de 1903, Ellen White escreveu: “Fiz tudo o que pude para ajudar a causa de Deus com meus recursos. Estou pagando juros sobre 20 mil dólares, utilizados inteiramente na causa de Deus. E continuarei a fazer tudo que estiver em meu poder para auxiliar no avanço da Sua obra.” (Carta 218, 1903).

Ellen White não contradisse seus próprios ensinamentos ao morrer com dívidas?

Ellen White sabiamente advertiu contra os perigos da dívida, mas quando morreu ela devia aproximadamente $90.000, com ativos calculados em um pouco mais de $65.000. Isso deixou um déficit de mais de $20.000. Ellen White controlou suas finanças irresponsavelmente e em completa negligência aos seus próprios conselhos? Quando todos os fatos relacionados aos seus negócios são considerados, fica evidente que Ellen White não violou o princípio e a intenção do conselho que deu sobre o manter-se livre de dívidas.

Deve-se notar que Ellen White não advogou uma posição extrema a respeito de dívidas – que sob nenhuma circunstância alguém deveria fazer qualquer negócio a menos que o dinheiro estivesse em mãos. Ela reconheceu que oportunidades se apresentam onde a resposta apropriada é avançar com fé, mesmo que seja necessário “tomar dinheiro emprestado” e “pagar juros” – (Conselhos Sobre Mordomia, p. 278).

Em sua própria experiência, a maior parte dos empréstimos feitos por Ellen White foram contraídos durante os últimos anos de sua vida quando, percebendo a brevidade de seus dias, ela fez uma das partes mais difíceis de seu trabalho ao preparar novos livros, tanto em Inglês como em outras línguas. Havia somente duas maneiras pelas quais as despesas com a preparação de livros poderiam ser pagas – através das rendas provenientes de publicações anteriores (direitos autorais), ou fazendo empréstimos com base em direitos autorais antecipados. Por causa da generosidade de Ellen White no passado em contribuir com fundos para a obra da igreja, a única alternativa que lhe restava era contar com rendas futuras (direitos autorais) para quitar sua dívida. Parte da sua generosidade consistiu em sua recusa de receber os direitos autorais das edições em línguas estrangeiras, doando os direitos autorais de suas últimas obras mais populares, Parábolas de Jesus (1900) e A Ciência do Bom Viver (1905), para sustentar projetos específicos da igreja. Nos anos seguintes à sua morte a venda de suas publicações foi suficiente para saldar inteiramente suas obrigações, como ela havia previsto.

Se os escritos de Ellen White são inspirados, por que seus livros são protegidos pelo registro de direitos autorais e vendidos? Seus livros não deveriam ser dados?

Milhares dos livros de Ellen White são doados. Em tais casos, contudo, uma pessoa ou grupo doou fundos para cobrir os gastos com a impressão – assim como cópias da Palavra de Deus só circulam de graça através da generosidade de outros. Quando se tem em mente que a própria Ellen White assumiu as despesas para o preparo das matrizes dos livros, ilustrações, e traduções, sem falar nos custos de produção dos próprios manuscritos, não parece incongruente que ela pudesse esperar cobrir esses gastos através do mecanismo regular pelo qual a maioria dos autores são remunerados – direitos autorais. Além do mais, obter a garantia dos direitos autorais de um livro proporciona uma maneira de preservar a exatidão do texto. Hoje em dia, há gastos contínuos com a manutenção dos manuscritos originais de Ellen White, com o preparo de novas publicações, incluindo produtos em CD-ROM, e outros materiais relativos à sua vida e ministério.

Ellen White não contradisse seu próprio conselho quando algumas vezes ela mandou fundos provenientes de dízimos diretamente para ministros em necessidade?

A instrução deixada por Ellen White sobre a aplicação adequada dos dízimos é claramente apresentada por ela em Testimonies for the Church , vol. 9, p. 245-251. Ela declara que o dízimo deve ser trazido à casa do tesouro de Deus para sustentar os obreiros evangélicos (p. 249), e que ninguém deveria “sentir-se livre para reter seu dízimo, para usá-lo de acordo com o seu próprio julgamento. Não devem usá-lo para si mesmos em uma emergência, nem aplicá-lo como pensam ser apropriado, mesmo naquilo que possam considerar como a obra do Senhor” (p. 247). A posição e prática de Ellen White era seguir esse modelo. Ela escreveu em 1890: “Eu devolvo meus dízimos alegre e livremente, dizendo como Davi: “Das Tuas mãos to damos” – (Pastoral Ministry, p. 260). Numa época em que alguns obreiros denominacionais estavam sendo inadequadamente mantidos ou abertamente privados de seu legítimo salário, Ellen White agiu sob instrução recebida do Senhor de que deveria ajudar tais obreiros com seus dízimos, se necessário. Ela não considerou sua ação como retenção de dízimo para a tesouraria ou o redirecionamento deles para usos irregulares. Antes, ela reconheceu a inabilidade dos “canais competentes” de satisfazer as necessidades daqueles obreiros em particular naquele momento específico.

Ellen G. White e a prática do vegetarianismo

Ellen White ainda comeu carne após sua visão sobre a reforma de saúde em 1863? E o que dizer a respeito do testemunho do “porco”?

Ellen White não afirmou que após sua visão sobre saúde em 1863 ela nunca mais comeu carne. Antes da visão, ela acreditava que “era dependente de uma dieta cárnea para ter energia”. Por causa de sua frágil condição física, especialmente pela sua predisposição para desmaiar quando estava fraca e com tontura, ela pensava que a carne era “indispensável”. De fato, naquela época ela era “uma grande comedora de carne”; a carne era seu “principal artigo de alimentação”.

Mas ela obedecia à luz que ia tendo. Tirou a carne de sua “lista de compras” imediatamente, e esta não foi mais uma parte regular de sua dieta. Ela praticava os princípios gerais que ensinava aos outros, tais como aquele de que deve-se usar o melhor alimento disponível. Quando longe de casa, tanto viajando quanto acampando em condições precárias, décadas antes de serem inventadas as refeições de fácil preparo, encontrar uma dieta adequada era muitas vezes difícil. Nem sempre capaz de obter o melhor, por qualquer que fosse a razão, ela às vezes optou pelo bom – o melhor que podia obter naquelas circunstâncias.

Ellen White não era dogmática quanto ao comer carne. Em 1895 ela escreveu: “Nunca julguei ser meu dever dizer que ninguém deveria provar carne, sob quaisquer circunstâncias. Dizer isto… seria levar ao extremo a questão. Nunca senti ser dever meu fazer asserções arrasadoras. O que tenho dito, disse-o sob uma intuição do dever, mas tenho sido cautelosa em minhas afirmações, porque não queria dar ocasião para qualquer pessoa ser consciência para outro” – (Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p. 462, 463).

Em tentativas modernas para entender a história, muito freqüentemente o passado é julgado pelo presente, na maioria das vezes de modo desintencional. As pessoas do passado devem ser julgadas no contexto das circunstâncias delas, não das nossas. Numa época em que não havia refrigeração, quando obter frutas e vegetais frescos dependia de onde se vivia e da época do ano, quando os substitutos para carne eram raramente obtidos, antes da introdução da manteiga de amendoim e dos cereais desidratados (em meados da década de 1890), em algumas ocasiões ou se comia carne ou não se comia nada. Hoje em dia, na maioria das vezes comer carne raramente é uma necessidade.

Enquanto estava na Austrália, chegou a ponto de banir “absolutamente a carne de minha mesa”. Por um tempo, ela havia permitido que um pouco de carne fosse servida para os empregados e membros da família. Daquela época em diante (janeiro de 1894), foi entendido que “quer eu esteja em casa quer viajando, nada disso deve ser usado por minha família, ou vir à minha mesa” (ibid., p. 488). Muitas das declarações mais enérgicas de Ellen White contra a carne foram escritas depois de ela haver renovado seu compromisso de abstinência total em 1894.

As principais visões de Ellen White sobre saúde, em 1863 e 1865, abrangeram todos os aspectos da mensagem da reforma de saúde que ela enfatizou até a morte. As mudanças em certas ênfases ao longo dos anos somente refinaram esses princípios; não lhes acrescentaram nem subtraíram nada. À medida em que o tempo passa, mesmo os profetas devem tomar tempo para assimilar os princípios revelados – tempo para que a teoria se torne prática em sua própria vida. Ela constantemente defendia o princípio, tanto na prática quanto no ensino, de que todo aquele que é comprometido com a verdade mudará do ruim para o bom, do bom para o melhor, e do melhor para o ideal. Tal foi a sua experiência.

E o que dizer sobre sua aparente reversão na questão do comer carne de porco? Em 1858 ela escreveu para os Haskells (Irmão e Irmã A) sobre uma série de itens, repreendendo-os por insistirem que deveria ser feito um “teste” quanto a comer carne de porco: “Vi que suas idéias sobre a carne de porco não seriam prejudiciais se vocês as retivessem para si mesmos, mas, em seu julgamento e opinião, os irmãos têm feito dessa questão uma prova. … Se Deus achar por bem que Seu povo se abstenha da carne de porco, Ele os convencerá a respeito. … Se for dever da igreja abster-se da carne de porco, Deus o revelará a mais do que duas ou três pessoas. Ele ensinará a Sua igreja o dever dela” – (Testemunhos Para a Igreja , vol. 1, p. 206, 207).

Na visão sobre a reforma de saúde de 6 de junho de 1863, foi revelada uma extensa lista de princípios de saúde. No ano seguinte ela publicou um capítulo de cinqüenta páginas intitulado “Saúde” no Spiritual Gifts , vol. 4. Em referência à carne suína, ela disse: “Deus nunca designou o porco para ser comido sob nenhuma circunstância” (p. 124), e em seus livros posteriores ela continuou a enfatizar as conseqüências prejudiciais do comer a carne de porco.

Como se explica esta mudança nos conceitos de Ellen White entre 1858 e 1863?

Em primeiro lugar, ela não havia recebido qualquer luz de Deus sobre a carne de porco antes de 1863. Sua visão em 1858 não a informou se era certo ou errado comer carne de porco. O que ela fez foi reprovar este irmão por criar divisão entre os adventistas ao fazer da questão uma prova naquela época. Em segundo lugar, ela deixou aberta a possibilidade de que se o consumo de carne de porco devesse ser descartada pelo povo de Deus, Ele iria, a Seu próprio tempo, “ensinar a Sua igreja o dever dela”. Quando a visão realmente veio, quase cinco anos mais tarde, a igreja toda compreendeu claramente a questão e nunca mais houve divisão a respeito desta questão.

Fonte: Adaptado de Herbert E. Douglass, Mensageira do Senhor: O ministério profético de Ellen G. White (Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2001), p. 157, 158, 312-319.