Inspiração/revelação: o que é isso e como funciona

O Dom Profético em Operação

Antes da entrada do pecado, Deus se comunicava com os seres humanos diretamente através do contato face a face e companheirismo pessoal. Com o advento do pecado esta relação foi rompida e o homem foi alienado de seu Criador. Para atravessar este abismo de separação, Deus empregou sete modalidades de comunicação – as “muitas maneiras” de Hebreus 1:1 – conforme Ele procurava trazer a humanidade de volta para um relacionamento pessoal com Ele.

Sonhos noturnos e “visões públicas” proféticas durante o dia foram os métodos que Deus usou com mais frequência ao se comunicar com homens e mulheres de Sua escolha especial que vieram a ser conhecidos como “videntes”, “profetas”, ou “mensageiros” especiais.

A sorte do profeta raramente era fácil, conforme Jesus sugeriu por Sua observação frequentemente citada de que “não há profeta sem honra senão na sua terra e na sua casa”. 1 Os adventistas do sétimo dia acreditam, com base em evidências bíblicas 2 bem como em dados empíricos, que um “construtor” (I Coríntios 3:10) de sua denominação, Ellen G. White, recebeu o dom de profecia. Salomão declarou que “não há nada novo debaixo do sol” (Eclesiastes 1:9), e a crítica aos profetas continua até hoje. Continuam também os mal-entendidos sobre a maneira como o dom profético opera. Satanás tem interesse em criar confusão, bem como rejeição do dom profético, entre as pessoas que esse dom se destinava a beneficiar, “por esta razão: ele não pode achar caminho tão fácil para introduzir seus enganos e prender almas em seus embustes se as advertências, repreensões e conselhos do Espírito de Deus foram atendidos”. 3 “O último engano de Satanás” na Igreja Adventista do Sétimo Dia pouco antes da volta de Jesus será a dupla obra de (1) destruir a credibilidade de Ellen White como uma profetisa do Senhor autêntica e digna de confiança, e (2) criar um “ódio” “satânico” contra o seu ministério e escritos – satânico tanto em sua intensidade quanto em sua origem. 4 O “objeto especial” de Satanás nestes últimos dias é “impedir esta luz de vir ao povo de Deus” que precisa tão desesperadamente dela para andar seguramente através do campo minado que o inimigo de todas as almas tão engenhosamente preparou. 5 E qual é a metodologia de Satanás para garantir este objetivo? Ele operará “habilmente de várias maneiras e por diferentes instrumentalidades”. 6 Por exemplo, além dos dois métodos mencionados acima, os agentes satânicos procuram manter as almas sob uma nuvem de dúvida, 7 num estado de afobação e numa condição de desapontamento. Este é o plano de Satanás – sua meta e sua estratégia. Este minicurso é dedicado à proposta de que ele não deve ter sucesso!

Definições: Três termos em particular precisam de definições funcionais adequadas no momento em que procuramos entender o dom profético bíblico e moderno. As seguintes definições podem ser úteis:

1. Inspiração. Pode-se dizer que a inspiração profética bíblica é um processo pelo qual Deus capacita um homem ou mulher de Sua escolha especial a receber e a comunicar as mensagens de Deus para o Seu povo de maneira correta, adequada e confiável. 8

Algumas vezes dizemos a respeito de um determinado pintor, escritor, compositor musical, ou artista dramático: “Ele estava inspirado!” De fato, pode ser que estivesse. Mas este é um tipo de inspiração diferente da que os profetas de Deus possuíam. Quando Paulo escreveu para o jovem pastor estagiário Timóteo: “Toda Escritura é inspirada por Deus” (II Timóteo 3:16), ele escolheu empregar o termo grego theopneustos, que é uma contração de duas outras palavras gregas: Theos (Deus) e pneuma (fôlego). O que ele estava dizendo, literalmente, era: “Toda Escritura é soprada por Deus”. 9 Conquanto alguns compreendam isto simplesmente como uma agradável metáfora literária, também é correto – e significativo – que enquanto o profeta experimentava o fenômeno físico do transe em visão, Deus soprava, literalmente; o profeta não respirava enquanto estava nesta condição. 10

A inspiração do profeta é diferente de qualquer outra forma de inspiração em tipo, e não em grau.

O apóstolo Pedro aumenta nosso limitado estoque de informações bíblicas sobre inspiração ao afirmar que os profetas – estes “homens santos de Deus” – falaram segundo eram “movidos pelo Espírito Santo” (II Pedro 1:21). O termo grego que Pedro emprega é pheromenoi, de phero: “carregar uma carga, mover”. Lucas empregou a expressão duas vezes 11 ao descrever a ação de um vento tempestuoso ao “levar” umaembarcação à vela na qual ele e Paulo estavam viajando. A implicação é clara: Os profetas eram “movidos pela iniciativa Divina e levados pelo irresistível poder do Espírito Santo pelos caminhos que Ele escolhia e para propósitos que Ele designava”. 12

2. Revelação. Consideraríamos ainda a revelação bíblica, especial, como sendo o conteúdo da mensagem comunicada por Deus ao Seu profeta no processo de inspiração. Os adventistas consideram este conteúdo – a mensagem profética – como infalível (inerrante), fidedigno (todo-suficiente, confiável), e autoritativo (tendo autoridade sobre o cristão).

Este conceito é predito em três conclusões: (a) o homem é incapaz, através de seus próprios recursos ou por sua própria observação, de apreender certos tipos de informação; (b) Deus Se compraz em falar; e (c) este ato ocorre e se desenrola dentro da história humana. 13

Deus Se revelou, de maneira limitada, na natureza, que nos dá vislumbres de Seu poder, Sua sabedoria, e Sua glória. Mas a natureza é incapaz de revelar claramente a pessoa de Deus, Sua santidade, Seu amor redentor, e Seus propósitos eternos para a humanidade. Desta forma, a revelação sobrenatural transcende a revelação “natural” de Deus na natureza, e consiste principalmente em Deus manifestar Sua pessoa e Sua vontade através de comunicação direta com a humanidade. 14

Deus fala! No Antigo Testamento Jeremias fala por todos os profetas quando testifica que “o Senhor … tocou-me na boca, e me disse: Eis que ponho na tua boca as minhas palavras” (cap. 1:19). No Novo Testamento Paulo nos assegura que o Espírito Santo “afirma expressamente” (I Tim. 4:1). Paulo continua, em outra parte, assegurando-nos que Deus revela Seus mistérios para os profetas por revelação, que é uma obra progressiva; 15 Paulo contrasta o conhecimento natural com a informação que é revelada pelo Espírito Santo. Este conhecimento não pode ser obtido de nenhum outro modo e de nenhuma outra fonte. 16

3. Iluminação. Uma vez que a resposta implícita na pergunta retórica de Paulo: “São todos profetas?” 17 é negativa, sobra uma tarefa adicional do Espírito Santo, para que aqueles que não possuem o dom profético possam compreender a vontade de Deus para eles. A iluminação pode ser definida como a obra do mesmo Espírito Santo que indicou a mensagem de Deus ao profeta, pela qual Ele agora capacita o ouvinte ou leitor das palavras do profeta a compreender as verdades espirituais e a discernir a mensagem de Deus para ele próprio.

Este trabalho do Espírito Santo é compreendido nas palavras de Jesus para os Seus discípulos a respeito da volta do Consolador: Ele lhes ensinará todas as coisas, 18 Ele os fará lembrar das palavras de Jesus (a única fonte atual da qual procedem os escritos dos profetas!), 19 e ao fazer esta obra Ele os guiará a toda a verdade que a mente humana é capaz de compreender. 20

A respeito do trabalho desta iluminação, Ellen White falou uma vez dos três maneiras pelas quais “o Senhor revela Sua vontade para nós, para nos guiar, e nos preparar para guiar outros”: (a) através de uma compreensão do que os escritores inspirados escreveram através dos séculos para nossa admoestação, (b) através de circunstâncias providenciais (sinais), e (c) através da impressão direta do Espírito Santo sobre a mente e o coração dos cristãos individuais. 21

Um Dom Operacional – A iniciativa divina

Tudo começou com Deus. Ele tomou a primeira iniciativa. As primeiras palavras da Bíblia são estas: “No princípio Deus …” (Gênesis 1:1). Três vezes no último livro da Bíblia Jesus Se identifica como “o Alfa e o Omega”. 22 Essas são as primeiras e últimas letras do alfabeto grego – a língua em que João escreveu o livro de Apocalipse. O que significava esta expressão enigmática? Entre outras coisas, Jesus talvez estivesse dizendo: “Eu estava aqui quando tudo começou; e estarei aqui quando tudo estiver cumprido”.

Paulo realça a singularidade da religião cristã mostrando que enquanto ainda estávamos na condição e na prática do pecado Cristo morreu por nós (Romanos 5:8). Todas as religiões não-cristãs do mundo são semelhantes em um aspecto: todas elas mostram o homem à procura de Deus. Somente no Cristianismo encontramos Deus à procura do homem. A mensagem central do Cristianismo foi incorporada em três parábolas dos “perdidos” de Lucas 15: a ovelha perdida, a moeda perdida e o filho perdido. Em cada uma destas parábolas é-nos mostrado um Deus que Se interessou profundamente, e que agiu de acordo com esse interesse. O interesse de Deus pelo homem motivou-O a criar o ofício de profeta. Enquanto o sacerdócio litúrgico falava a Deus em nome do homem, o profeta falava ao homem em nome de Deus. Deus tinha uma mensagem para comunicar, e Ele escolheu mensageiros humanos especiais para serem Seus agentes. Embora cada cristão seja o recipiente de pelo menos um dos dons do Espírito Santo (“dons espirituais”), 23 ainda é Deus o Espírito Santo que decide que homem ou mulher recebe que dom. 24 E o dom de profecia foi dado para “uns”, 25 mas não para “todos”. 26 A profecia é o dom mais importante; 27 e o máximo que um ser humano pode fazer biblicamente é “procurar com zelo os melhores dons”. 28 Somente Deus escolhe quem serão os Seus profetas.

E, tendo feito essa escolha, Deus fala! Duas vezes na cadência grandiosa, compassada de Hebreus 1:1 e 2, é-nos dito que Deus já havia falado, primeiro através dos profetas e então mais recentemente através de Seu Filho. Apocalipse 1:1 sugere o que bem poderia ser chamado de “a divina seqüência de comando” (tomando emprestada uma frase de Bill Gothard).

A divina sequência de comando

Assim como todos os três membros da Divindade participaram na criação deste mundo, 29 da mesma forma todos os três participam no processo da inspiração: o Pai dá a mensagem para o Filho, 30 o Filho a dá para o Espírito Santo, 31 e o Espírito Santo move os profetas. 32 A Divindade entrega a mensagem ao “seu anjo”, Gabriel; e Gabriel a entrega aos servos de Deus, os profetas. 33 E desta forma os profetas puderam declarar autoritativamente para seus companheiros humanos: “Ouve, pois, a palavra do Senhor”. 34 Dois pontos importantes se sugerem imediatamente a partir destes fatos: 1. De todos os bilhões de anjos criados por Deus, 35 sabemos hoje os nomes de apenas dois – Lúcifer (“portador de luz”), que era o número um, e que caiu; e Gabriel, originalmente o número dois, que depois se tornou o número um. E foi o anjo Gabriel, o mais elevado do céu, que comunicou as mensagens de Deus aos “seus servos, os profetas”. Somente o mais elevado do céu era bom o suficiente para esta tarefa especial. 2. Os profetas são chamados “seus servos”, ou seja, servos de Deus. Ora, um servo é, por definição, “alguém que é enviado” – enviado por um superior, logicamente. Jesus deixou claro que o servo “não é maior do que seu senhor”. 36 Se, portanto, o servo que traz a mensagem (profeta) for ignorado, desprezado, ou – pior ainda – completamente rejeitado, quem é realmente rejeitado é Aquele que deu a mensagem ao profeta.

Sete modalidades da comunicação de Deus

Quais foram algumas destas “muitas maneiras” pelas quais Deus Se comunicou com a humanidade? Parecem haver pelo menos sete métodos:

1. Teofanias (manifestações visíveis de Deus; comunicação face-a-face). Abraão encontrou o Cristo pré-encarnado e dois anjos perto de sua tenda na planície de Manre (Gênesis 18); Jacó lutou com um “anjo” em Peniel, e o que descobriu foi: “Vi a Deus face a face” (Gênesis 32:30); e Moisés falou com o Senhor no monte “face a face, como qualquer fala a seu amigo” (Êxodo 33:11).

2. Anjos. Aqueles “espíritos ministradores enviados para serviço, a favor dos que hão de herdar a salvação” (Hebreus 1:14) têm frequentemente vindo à humanidade para trazer mensagens de esperança e conforto (Daniel 10:11, 12; Gênesis 32:1), para dirigir os servos do Senhor àqueles cujos corações eram receptivos à verdade de Deus (Atos 8:26), ou para advertir de um desastre iminente se a palavra de Deus não fosse atendida (Gênesis 3:24).

3. Voz audível de Deus. Algumas vezes Deus próprio falou! No Sinai os Dez Mandamentos foram falados audivelmente pelo Pai e pelo Filho juntos, num “dueto” transcendental 37 que literalmente fez tremer a terra (bem como os corações dos ouvintes humanos).

Ocasionalmente a voz audível de Deus dirigiu-se ao sumo sacerdote do Shekinah – a glória radiante que repousava entre os querubins no centro da arca da aliança. 38 O Shekinah era a manifestação visível da presença de Deus no tabernáculo do deserto. E, é claro, a voz de Deus foi ouvida três vezes durante o ministério terrestre de nosso Senhor – no batismo de Cristo, no monte da transfiguração, e quando os filósofos gregos se dirigiram a Ele no templo durante a semana que precedeu a crucificação. Nestas ocasiões Deus foi ouvido ordenando aos homens que ouvissem a mensagem de Seu Filho amado. 39

4. Óptica. Durante as viagens dos filhos de Israel pelo deserto, o peitoral do sumo sacerdote tinha duas grandes pedras engastadas na parte superior – o Urim e o Tumim. O sumo sacerdote podia fazer perguntas, e Jeová respondia. Se a resposta fosse “sim”, uma pedra brilharia com um halo de luz e glória; se a resposta fosse “não”, a pedra oposta se escureceria parcialmente por meio de uma nuvem de vapor. 40 O sumo sacerdote tinha outras maneiras de receber respostas de Deus. No lugar santíssimo o anjo do lado direito da arca brilhava num halo de luz se a resposta fosse afirmativa, ou uma nuvem seria projetada no anjo da esquerda se a resposta fosse negativa. 41

5. Lançar sortes. Nos tempos do Antigo Testamento Deus também se comunicava com o Seu povo através do lançar sortes. Uma contraparte moderna é “tirar no palitinho” – diversos palitos de diferentes tamanhos são segurados na mão, com todos as extremidades parecendo niveladas, sendo a diferença de comprimento escondida pela mão. Depois que os palitos são tirados e comparados, é fácil determinar quem tirou o maior ou o menor.

Foram lançadas sortes sobre bodes, sobre cidades e sobre homens. O exemplo mais observado do último caso foi a descoberta de Acã e seu roubo da “bonita peça de roupa babilônica” como a causa da humilhante derrota de Ai. 42

Interessantemente, há somente um exemplo no Novo Testamento de determinação da vontade de Deus por meio de tirar sortes – a escolha de Matias para tomar o lugar deixado por Judas entre os 12 apóstolos. 43 Quando e por que este método caiu em desuso não é revelado; mas sabemos que quando a igreja adventista de Austin, na Pensilvânia, recorreu à prática de lançar sortes foi apelada pela Igreja Adventista do Sétimo Dia de Austin, Pennsylvania, para o propósito de selecionar oficiais da igreja, Ellen White escreveu da Austrália: “Não tenho fé em lançar sortes. … Lançar sortes para os oficiais da igreja não está no plano de Deus. Chamem-se homens de responsabilidade para escolher os oficiais da igreja”. 44

Visões “abertas” diurnas. O estado de transe em que um profeta entrava quando estava em visão já foi mencionado, e será descrito mais detalhadamente abaixo. Tanto o Velho como o Novo Testamento estão repletos de referências a profetas e os apóstolos que receberam visões do Senhor. 45

6. Sonhos proféticos noturnos. Muitas vezes os profetas recebiam mensagens do Senhor à noite, assim como durante o dia. Não há evidências de que fenômenos físicos acompanhavam os sonhos proféticos noturnos, nem há evidências de que os tipos de mensagens dadas à noite fossem de algum modo diferentes das que eram transmitidos nas visões diurnas.

Uma vez, perguntaram a Ellen White se ela, uma profetisa, experimentava sonhos habituais à noite como pessoas não-inspiradas experimentavam. Ela sorriu e disse que sim. A próxima questão era inevitável: Como você é capaz de diferenciar entre sonhos habituais (usuais) e sonhos inspirados? Sua resposta foi direto ao ponto: “O mesmo anjo mensageiro fica em pé ao meu lado me instruindo nas visões da noite, assim como fica em pé ao meu lado me instruindo nas visões do dia.” 46

Fenômenos físicos

Quando em estado de visão, os profetas experimentavam fenômenos físicos sobrenaturais. O décimo capítulo de Daniel ilustra melhor a natureza e objetivo de tais fenômenos singulares. Daniel nos conta que nesta condição ele viu coisas que outros perto dele não viram (vs. 7); experimentou uma perda de força natural (vs. 8) e em seguida foi dotado com força sobrenatural (vs. 10, 11, 16, 18, 19). Ele ficou totalmente inconsciente de suas circunstâncias imediatas (vs. 9) e não respirou durante este espaço de tempo (vs. 17). Ellen White experimentou todos estes fenômenos em estado de visão. Contudo, dever-se-ia notar que embora seus pulmões não funcionassem em tais ocasiões, o coração continuava a circular sangue através do corpo; a sua face não perdia a cor.

Talvez, como já notado acima, possa haver uma interpretação surpreendentemente literal de theopneustos – “soprado por Deus” – em relação aos fenômenos físicos associados com um profeta em visão.

Na experiência de Ellen White, os fenômenos físicos de “visões abertas” foram mais característicos dos seus primeiros anos; de 1880 em diante todas as suas mensagens inspiradas aparentemente vieram do Senhor em sonhos proféticos. Isto nos leva a considerar o propósito dos fenômenos físicos.

Primeiro, os fenômenos físicos não eram pré-requisitos para receber as mensagens de Deus. Os sonhos proféticos noturnos parecem tornar isto claro. Mas Deus, que tem um propósito para tudo o que faz, obviamente tinha um propósito em proporcionar estas exibições sobrenaturais dramáticas.

Talvez a natureza dramática destas exibições nos dê uma pista da intenção do Céu. No caso de Ellen White, temos uma moça de 17 anos de idade afirmando: “Tenho uma visão do Senhor!” “Bem”, alguém pode se perguntar, “como sabemos?” Nos primeiros tempos do ministério de um profeta, quando ele fez poucas declarações escritas ou faladas, é difícil aplicar o teste de coerência com os testemunhos inspirados anteriores (Isaías 8:20). O teste dos frutos (Mateus 7:16, 20) é igualmente difícil de aplicar até que se passem alguns anos e os resultados sejam vistos na vida do profeta e nas vidas daqueles que têm seguido os conselhos do profeta. O teste das predições cumpridas (Jeremias 28:9, Deuteronômio 18:22) não pode ser aplicado até que tenha decorrido tempo suficiente para permitir um julgamento sobre se quaisquer profecias feitas se cumpriram. Obviamente, Deus precisava fazer alguma coisa para chamar a atenção, para de repente fazer com que as pessoas se endireitassem e prestassem atenção. Os fenômenos físicos servem para este propósito. Deus havia usado tais métodos antes (provavelmente pela mesma razão) no Pentecostes, quando línguas de fogo foram vistas sobre as cabeças dos 120, e estes homens e mulheres falaram línguas contemporâneas que nunca haviam estudado. 47

Talvez Deus usasse fenômenos físicos para validar o fato de que algo sobrenatural estava acontecendo. É claro que as testemunhas ainda precisariam confirmar, autenticar as mensagens por meio de testes bíblicos convencionais.

Contudo, o fato de que Satanás pode fazer, e de fato faz contrafações de muitos fenômenos naturais e sobrenaturais deveriam nos levar a fazer uma distinção crucial: fenômenos físicos são uma evidência de atividade sobrenatural, mas eles nunca devem ser um teste da autenticidade ou legitimidade de um profeta. Hoje se tornou moda entre os críticos de Ellen White o conclamar a uma “demitologização” da profetiza histórica dos adventistas. Um crítico em particular recentemente conclamou a que se enterrassem histórias lendárias que envolviam “mágica”.

A respeito de histórias da Sra. White segurar uma grande Bíblia por um longo período de tempo em sua mão estendida e erguida enquanto estava em visão, este crítico alega que na Conferência Bíblica de 1919 foi declarado enfaticamente que o evento nunca realmente aconteceu, que ninguém jamais o viu; de fato, ninguém nem estava lá para testemunhá-lo! 48

Se, contudo, formos à transcrição da Conferência Bíblica de 1919, 49 notamos, antes de mais nada, que o registro tem sido substancialmente citado erroneamente pela crítica. Percebemos o presidente da Associação Geral, Arthur G. Daniells, discutindo o uso dos fenômenos físicos como “prova ou evidência da autenticidade do dom”. E ele se opõe a tal uso como prova de legitimidade – uma posição que o White Estate continua a defender hoje em dia!

E vez disso, Daniells disse: “Creio que a prova mais forte é encontrada nos frutos deste dom para a igreja, não em demonstrações físicas e exteriores”.

Então, referindo-se mais diretamente à questão das histórias sobre Ellen White segurar uma Bíblia grande e pesada sobre a mão estendida enquanto em visão, olhando não para as páginas, mas em outra direção, mas citando os textos para os quais um dedo da mão oposta apontava, o pastor Daniells declarou: “Eu não sei se isso foi feito ou não. Eu não tenho certeza. Eu não vi isso, e eu não sei se já falei com alguém que o viu”. 50 Não precisamos ir longe para descobrir por que Daniells não havia testemunhado um evento desta natureza. Até agora descobri quatro ocasiões onde Ellen White segurou uma Bíblia em visão: três vezes em 1845 e uma em 1847. 51 Arthur Daniells só nasceu em 1858, pelo menos 11 anos depois que ocorreu o último incidente registrado de Ellen White segurar uma Bíblia.

A pesquisa mostra que os fenômenos físicos eram mais característicos dos primeiros tempos da experiência da Sra. White. Na verdade, a última “visão aberta” registrada ocorreu numa reunião campal em Portland, Oregon, em 1884, somente seis anos depois que Daniells entrou no ministério evangélico. 52

Não nos causaria surpresa, portanto, que Daniells nunca tenha visto a Sra. White segurando uma grande Bíblia em visão. Ele provavelmente viu muito poucas outras manifestações de fenômenos físicos, que cessaram logo após ele ter entrado para o ministério. Também não é de surpreender que ele não tenha encontrado nenhum contemporâneo que tivesse observado tais fenômenos – eles provavelmente também eram muito jovens! Alguns críticos afirmam que as evidências por trás de pelo menos duas histórias do fenômeno de segurar a Bíblia não são confiáveis porque as histórias só foram registradas 45 anos depois que os eventos ocorreram; e porque foram relatadas por um escritor denominacional que não era um historiador formado. Embora possa haver alguma validade nesta preocupação, o fato permanece que o White State ainda possui em seu cofre um relato de uma testemunha ocular do evento, que se sabe ter sido escrito em alguma ocasião entre 1847 e 1860. O observador foi Otis Nichols, e o incidente que ele relatou ocorreu durante a visão que foi provavelmente a mais longa de Ellen White, em Randolph, Massachusetts, no inverno de 1845.

Durante esta visão, que durou aproximadamente quatro horas, Ellen Harmon (que não era casada naquela época) segurou “uma grande e pesada Bíblia de família” e a ergueu “tão alto quanto ela podia alcançar”. A Bíblia estava “aberta em uma das mãos”, e ela então começou “a virar as folhas com a outra mão e a colocar seu dedo sobre certas passagens e corretamente dizer suas palavras” – tudo isto com sua cabeça virada em outra direção! Nesta atividade “ela continuou por um longo período”. 53  Ellen White acreditava que este relato fosse um registro acurado de uma experiência genuína, porque ela citou três parágrafos dele num relato autobiográfico publicado em 1860. 54

Arthur G. Daniells nunca disse que o evento não aconteceu, como o crítico alega. Em vez disso, ele simplesmente disse que não o viu e não conhecia ninguém que o tivesse visto. Contudo, se o pastor Daniells (que era membro da comissão de depositários do Patrimônio White) tivesse feito o esforço de ir ao cofre e examinar a evidência documentária que ainda está preservada lá, não teria tido qualquer dúvida quanto a Ellen White já ter segurado uma Bíblia em visão, ou quanto a se ela respirava durante suas visões públicas diurnas. 55 Precisamos enfatizar neste ponto que a posição da Igreja Adventista do Sétimo Dia hoje é a mesma que sempre foi. Os fenômenos físicos são uma evidência de atividade sobrenatural, mas não deveriam ser usados como uma prova porque Satanás pode contrafazer grande parte da obra do Espírito Santo.

Veículos básicos das mensagens proféticas

As mensagens dadas aos profetas geralmente eram dadas em dois tipos diferentes de invólucro: 1. Os profetas testemunhavam eventos que explicavam incidentes do passado, do presente, ou do futuro, tais como Moisés assistindo à Criação do mundo, ou o apóstolo João observando tanto a segunda como a terceira vinda de Cristo. Ellen White testemunhou muitos eventos do passado, presente e futuro durante os seus 70 anos de ministério profético.

Os profetas também viam eventos simbólicos ou alegóricos. Estas representações pareciam ser tão reais como as do outro tipo mas, é claro, as bestas que Daniel viu e sobre as quais escreveu mais tarde no sétimo capítulo de sua profecia nunca realmente existiram. Ellen White teve diversas visões alegóricas; talvez uma das mais conhecidas seja uma em que ela viu um navio que estava em rota de colisão com um iceberg. O capitão instruiu o timoneiro a atingir o iceberg de frente ao invés de permitir que o navio sofresse um golpe oblíquo, que seria mais severo. O incidente ilustrava o ato de a igreja enfrentar a heresia panteísta “Alfa” de John Harvey Kellogg no começo do século vinte numa confrontação frontal que feriria (mas não seria fatal). Durante esta ocasião a intervenção providencial do Senhor foi testemunhada de maneira notável. 56 2. Os profetas também ouviam a voz de um membro da Divindade, ou do anjo Gabriel, dando mensagens de conselho, instrução, admoestação, e algumas vezes de advertência e reprovação. Estas vozes aparentemente não vinham acompanhadas de cenas de eventos, embora Ellen White nos conte que ela entrou em conversação direta com Jesus Cristo em diversas ocasiões.

A tarefa de escrever: as opções do profeta

Uma vez que o profeta recebia instruções do Senhor, por qualquer método que a mente divina selecionasse, sua tarefa imediata era a redação, era escrever a mensagem que havia recebido. Nesta tarefa o profeta tinha várias opções de escolha, no que diz respeito à fonte das palavras escolhidas:

1. O profeta podia escolher seguir o papel de um repórter de jornal, simplesmente citando as palavras do personagem celestial que havia entregue a mensagem. O costume invariável de Ellen White era colocar as palavras diretamente citadas pelo anjo entre aspas, desta forma tornando imediatamente evidente ao leitor que estas eram palavras de Gabriel, não suas. 57

2. Mais frequentemente o profeta simplesmente escrevia a mensagem em suas próprias palavras. (Será dito mais sobre este aspecto ao discutirmos, abaixo, a contribuição singular do profeta para um ministério como esse.)

Uma vez perguntaram a Ellen White se o comprimento de nove polegadas do chão até a barra da saia, que ela defendia, vinha diretamente do Senhor, ou se era simplesmente sua própria ideia. Ela respondeu que o Senhor fez com que passassem diante dela em visão três grupos de mulheres. O primeiro grupo estava vestido de acordo com a moda peculiar da época, com saias excessivamente longas que varriam a imundície da rua. Obviamente, do ponto de vista da saúde, estas saias eram longas demais. Apareceu então um segundo grupo com saias que eram obviamente muito curtas. Então foi mostrado à Srª. White um terceiro grupo de mulheres usando saias curtas o suficiente para não limparem a imundície da rua, mas longas o suficiente para serem modestas e saudáveis. Estas saias na visão pareciam estar a nove polegadas do chão, e Ellen White assim as descreveu.

O anjo não havia especificado qualquer comprimento em polegadas; e em resposta a uma pergunta de um leitor da Review and Herald, a Sra. White declarou:

Se bem que eu seja tão dependente do Espírito do Senhor ao escrever minhas visões como ao recebê-las, todavia as palavras que emprego ao descrever o que vi são minhas mesmo, a menos que sejam as que me foram ditas por um anjo, as quais eu sempre ponho entre aspas. 58

A propósito, esta declaração tem sido usada por um crítico moderno para sugerir que Ellen White alegava que sempre usava suas próprias palavras, ou senão as palavras de um anjo (apropriadamente indicadas por aspas). E então o crítico a acusa de mentira, demonstrando que ela frequentemente usava as produções literárias de outros! O contexto da declaração da Sra. White demonstra que o crítico está empregando mal a declaração dela. Mas o estudo da passagem nos leva a uma terceira opção, empregada pelos profetas em muitos períodos diferentes.

3. O profeta às vezes podia optar por usar palavras de outro autor. Isto se aplica tanto aos profetas bíblicos quanto a Ellen White. Algumas vezes a outra fonte podia ser um profeta inspirado do Senhor; mas às vezes a pessoa copiada não era inspirada. E, falando de maneira geral, os profetas não citavam suas fontes nem forneciam dados bibliográficos como fazem os pesquisadores modernos.

Hoje os críticos acusam Ellen White de plágio porque ela citou vários autores nãoinspirados sem dar as referências apropriadas. Vamos examinar mais detalhadamente esta acusação – e esta prática, usada por escritores proféticos.

A acusação de “cópia”

Como estudaremos mais detalhadamente na segunda desta série de três apresentações, não foi dirigida contra Ellen White em sua capacidade profissional como profetisa do Senhor nenhuma acusação que já não tenha sido dirigida contra os profetas bíblicos – quer a acusação seja de cópia, de profecias que não tenham se cumprido, de ter cometido alguns erros no que foi escrito ou dito, ou de ter voltado atrás e mudado algo que foi dito pelo profeta – mesmo matérias de maior importância que tiveram de ser corrigidas.

Lidaremos aqui somente com a acusação de cópia de outros autores – inspirados e não inspirados. A originalidade não é, nem nunca foi, um teste de inspiração profética de um indivíduo, como Robert W. Olson, Diretor do Ellen G. White Estate, salientou para o editor de religião da revista Newsweek; e por essa razão, literariamente “os empréstimos literários não enfraquecem sua alegação [da Sra. White] de ter sido inspirada”. 59 Os escritores da Bíblia copiavam um do outro sem mencionar a fonte, e aparentemente não sentiam arrependimentos por tal prática: “Miquéias (4:1-3) extraiu de Isaías (2:2-4). O escriba que compilou II Reis (18-20) também extraiu de Isaías (36-39). Mateus e Lucas extraíram extensivamente de Marcos, bem como de outra fonte comum. Nenhum deles fez referência ao autor de quem se utilizaram. (Veja The Seventh-day Adventist Bible Commentary, vol. 5, pp. 178, 179.)” 60 De fato, muitos estudiosos reconhecem abertamente que cerca de 91% do Evangelho de Marcos foram copiados por Mateus e Lucas quando eles escreveram seus respectivos Evangelhos! Talvez de maior interesse, contudo, seja o fato de que os escritores da Bíblia, de tempos em tempos, copiaram (ou “fizeram empréstimos”) de produções literárias de autores nãoinspirados, inclusive escritores pagãos. Por exemplo, por volta de 600 a.C. Epimênides escreveu: “Fizeram uma tumba para ti, ó santo e poderoso – os cretenses, sempre mentirosos, feras terríveis, ventres preguiçosos! Mas tu não estás morto; tu vives e permaneces para sempre; pois em Ti vivemos, e nos movemos e existimos”. 61 Isto soa vagamente familiar? Bem, o apóstolo Paulo usou duas vezes algumas destas palavras, uma vez em Tito 1:12 (“Foi mesmo dentre eles, um seu profeta que disse: Cretenses, sempre mentirosos, feras terríveis, ventres preguiçosos”) e novamente em seu sermão na Colina de Marte em Atenas, em Atos 17:28 (“Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos”).

Jesus não inventou a Regra Áurea de Mateus 7:12. Uma geração antes, o Rabbi Hillel já havia escrito: “O que te é odioso, não o faças ao teu próximo. Esta é toda a Torah, e o resto é comentário disso”.

Os pensamentos – e mesmo algumas das palavras – da Oração do Senhor podem ser encontrados em orações rituais anteriores conhecidas como Ha-Kaddish. 62 Partes substanciais do Apocalipse de João – o Livro da Revelação – são tiradas do Livro de Enoque, uma obra pseudoepigráfica que sabemos ter sido circulada uns 150 anos antes de João ter escrito o último livro da Bíblia; e mesmo Judas tomou emprestado desta mesma fonte um verso (“Eis que veio o Senhor entre suas santas miríades”). 63

De fato, uns 15 livros apócrifos ou pseudográficos são citados no Novo Testamento – geralmente sem menção da fonte. O médico Lucas nos conta que ele fez uma grande pesquisa e investigação em fontes então acessíveis para ele antes de escrever o evangelho que leva o seu nome: “Visto que muitos houve que empreenderam uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, … igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem, para que tenhas plena certeza das verdades em que foste instruído” (Lucas 1:1, 3, 4). 64 Comentando sobre esta passagem, Robert W. Olson observa: “Lucas não adquiriu suas informações através de sonhos ou visões, mas através de sua própria pesquisa. E contudo, conquanto o material no evangelho de Lucas não tenha sido dado por revelação direta, foi não obstante escrito sob a inspiração divina. Ele não escreveu para contar algo de novo aos seus leitores, mas para assegurá-los do que era verdadeiro – ‘para que tenhas plena certeza das verdades em que foste instruído’. O que Lucas escreveu não era original, mas era confiável. Deus guiou a Lucas no uso das fontes certas. (Veja The Seventh-day Adventist Bible Commentary, vol. 5, p. 669).” 65 Pelo fato de um escritor inspirado citar um autor não-inspirado, não se conclui que o escritor citado precisa de alguma forma ser considerado agora como estando sob o guarda-chuva da inspiração. A inspiração é um processo, não um conteúdo. Assim como os autores bíblicos usaram fontes não-inspiradas, Ellen White também copiou dos escritos de autores que não eram inspirados. 66

Sonhos divinos, por si sós, não fazem de uma pessoa um profeta

Só porque um indivíduo recebe um sonho do Senhor, não significa automaticamente que, ipso facto, aquele indivíduo é um profeta do Senhor. Para convir a Seus propósitos providenciais, Deus tem dado muitas vezes sonhos a pagãos, assim como a cristãos. Contudo, o recebimento de tais mensagens não transforma o recebedor num profeta autêntico. Talvez uma diferenciação útil possa ser a seguinte: a pessoa que não é profeta geralmente não é chamada para a tarefa de guiar a igreja como um todo. A instrução, ao contrário, destina-se primariamente à própria pessoa (ou talvez a alguém que lhe seja próximo). Tais experiências são frequentemente experiências isoladas, e não uma relação contínua que é típica do ofício profético. Nos tempos bíblicos Deus deu sonhos divinos (mas não-proféticos) para muitos:

Abimeleque (Gênesis 20:3-7); o copeiro-chefe e o padeiro-chefe de faraó (Gênesis 40:8- 19); e para um dos Faraós (Gênesis 41:1-7); para o soldado midianita (Juízes 7:13, 14); para Nabucodonosor (Daniel 2 e 4); para José de Nazaré (Mateus 2:13, 14); para Cláudia, esposa de Pilatos (Mateus 27:19), e para o centurião romano, Cornélio (Atos 10:1-8), para mencionar apenas alguns.

Na história da Igreja Adventista do Sétimo Dia primitiva alguns crentes receberam sonhos divinos, mas não proféticos. J. N. Loughborough teve uns 20 destes sonhos, que Ellen White aparentemente aceitou como sendo de origem divina. 67 Guilherme Miller, que iniciou o movimento milerita, mas nunca aceitou o sábado do sétimo dia, teve um sonho notável em forma de parábola. 68 Annie Smith, irmã de Urias Smith, e o Capitão José Bates, ambos tiveram um extraordinário “sonho duplo” na mesma noite, que teve um cumprimento ainda mais notável na noite seguinte. 69 E Thiago White teve vários sonhos incomuns que J. N. Loughborough deixou registrados para a posteridade. 70 As páginas da Adventist Review e outros periódicos regionais adventistas do sétimo dia têm ocasionalmente trazido histórias contemporâneas de cristãos e pagãos que foram dirigidos por um sonho divino. Mas estas pessoas não eram profetas, nem eram consideradas como tais por seus colegas.

Três Teorias de Inspiração/Revelação

Há pelo menos três teorias a respeito da definição de inspiração e a maneira como ela opera na Igreja Adventista do Sétimo Dia e em outras corporações cristãs hoje em dia. Duas são falsas e perigosas, por razões que serão tornadas claras daqui a pouco. Examinemos alguns detalhes destas teorias:

Teoria de inspiração verbal

Ao longo dos anos vários adventistas do sétimo dia, inclusive alguns dos nossos ministros e professores de Bíblia, têm defendido o conceito da inspiração verbal, a despeito dos conselhos de Ellen White em contrário. Esta teoria é um tanto mecânica, já que ela concebe o papel do profeta como simplesmente o de um estenógrafo que registra o ditado do chefe palavra por palavra. Neste modelo o estenógrafo não tem a liberdade de mudar qualquer coisa que tenha sido dada por quem dita: nenhum sinônimo pode ser empregado; não é permitida nenhuma falha em colocar os pingos nos is ou os traços nos tês. Esta teoria parece sugerir que Deus, ou o anjo, põe uma mão celeste sobre a mão do profeta e a guia – literalmente – para que cada palavra, cada sílaba venha diretamente de Deus. O profeta, neste ponto de vista, não tem a liberdade de mudar nada ou de declarar a mensagem em suas próprias palavras. Este ponto de vista mecânico é rigorosamente, estritamente literalista, defendendo que a infalibilidade reside no nível da palavra escrita.

Esta visão limitada de inspiração não provê oportunidade de tradução para outras línguas, e tem outras limitações e perigos ainda mais sérios. 71

O verbalista rigoroso tem um problema com Mateus 27:9, 10. Aqui Mateus faz algo que cada professor e pregador já fez inúmeras vezes. Mateus provavelmente está pensando num nome, mas de sua pena por engano sai outro nome. Quando está aplicando uma profecia messiânica a Cristo – a predição de que Ele seria traído por trinta moedas de prata – ele atribui a profecia a Jeremias. Contudo, em todo o livro de Jeremias, não há uma única referência a esta profecia. O leitor atento reconhecerá que Mateus na verdade queria atribuir esta profecia a Zacarias (cap. 11:12, 13).

A pessoa que acredita na inspiração plenária (de pensamentos) não tem qualquer problema com este deslize da pena. Mas o verbalista encontra um sério problema aqui. Deus cometeu este erro ao ditar o evangelho de Mateus?

Este não é o único problema para o verbalista. Deus o Pai falou audivelmente três vezes durante o ministério terrestre de Seu Filho. A primeira vez foi imediatamente após o batismo de Cristo no Rio Jordão. O problema é: o que exatamente foi que disse a voz celeste?

De acordo com Mateus (cap. 3:17), o Pai falou na terceira pessoa do singular: “Este é o Meu Filho amado, em quem Me comprazo”. Mas o relato de Marcos (cap. 1:11) mostra o Pai falando na segunda pessoa do singular: “Tu és o Meu Filho amado, em Ti Me comprazo”.

O que exatamente o Pai disse? O “plenarista” não vê a discrepância entre os relatos como sendo um problema; ele acredita que o pensamento é que é inspirado, não as palavras exatas. Não há discordância entre Mateus e Marcos na essência do que Deus disse. Outro problema para o verbalista é a inscrição de Pilatos no letreiro que ele mandou ser colocado na cruz de Cristo. O que o letreiro dizia? Os quatro escritores dos Evangelhos dão quatro relatos ligeiramente diferentes daquilo que o letreiro declarava. Qual deles estava correto? Para o plenarista isto não faz diferença. Mas o verbalista literal fica perplexo. E não ajuda nada o lembrar que a tabuleta estava escrita em três línguas (latim, grego e hebraico), porque temos quatro relatos diferentes, não três! Mateus e Lucas ilustram ainda outro tipo de problema para os verbalistas estritos no modo como eles lidam com o Sermão do Monte.

Ninguém hoje em dia já leu ou ouviu o verdadeiro Sermão do Monte. Provavelmente o livro de Ellen White O Maior Discurso de Cristo chega mais perto de um relato completo de um sermão que levou virtualmente o dia inteiro para ser pregado. Mateus simplesmente dá um esboço do sermão nos capítulos 5-7 de seu Evangelho. Mas Lucas nem isto chega a fazer. Se tudo o que tivéssemos fosse o Evangelho de Lucas, nunca nem mesmo saberíamos que houve um Sermão na Montanha. Pois Lucas pega os ingredientes do sermão, e os liga em algum lugar aqui e ali de maneira a convir a seu propósito.

Para entender por que o material é usado desta maneira, temos que reconhecer que Mateus estava escrevendo para os Judeus, que gostavam de sermões. Então Mateus usou um formato de sermão – de fato, um esboço de sermão – para expor as idéias de Jesus vindas deste incomparável discurso, que foi chamado por alguns de a Carta ou Constituição da igreja cristã. Lucas, contudo, estava escrevendo para os gregos, que não ligavam a mínima para sermões. Ao contrário, gostavam de se demorar no âmbito das idéias. Portanto, Lucas pegou as ideias do Sermão da Montanha e as usou evangelisticamente, algumas aqui e outras ali, conforme serviam ao seu propósito ao lidar com a sua audiência. O plenarista não tem problema com esta abordagem porque ele vê as idéias como sendo inspiradas. Mas o verbalista estrito se vê aqui num grande problema. Quem está certo? Isto era um sermão ou não? Muitas perguntas são levantadas, mas há poucas respostas disponíveis.

Outras ilustrações podem ser citadas, tais como a listagem de Mateus dos milagres de Cristo numa ordem um pouco diferente da do Evangelho de Lucas. Problemas como estes deixam o verbalista estrito em perplexidade. Contudo, vamos deixá-lo de lado agora e examinar a teoria da inspiração plenária.

Teoria da inspiração plenária

Em contraste com o conceito da inspiração verbal, a teoria da inspiração plenária sugere que os pensamentos – e não as palavras – são inspirados. A teoria plenária não é forçada a atacar os problemas do verbalista. Para o adventista do sétimo dia, este ponto de vista tem a vantagem adicional de ter sido aceito e defendido por Ellen White. 72 Examinemos em detalhes a maneira como a Sra. White explica seus conceitos. Estes conceitos têm sido elogiados por diversos teólogos não-adventistas do sétimo dia como uma das declarações mais abarcantes e concisas sobre o assunto da inspiração plenária que já foram publicadas.

1. O propósito da inspiração. Ellen White usa duas analogias interessantes para ilustrar o propósito da inspiração. Primeiro ela compara a inspiração a um mapa – um guia ou manual para a família humana. O propósito deste mapa é mostrar aos seres humanos fracos, errantes e mortais o caminho para o céu, para que eles nunca precisem perder seu caminho. 73 Ela também compara a inspiração a um “tesouro escondido” – ou joias preciosas que podem ser descobertas através de árdua escavação. 74 E então, resumindo tudo, a Sra. White diz que ninguém precisa estar perdido por falta destas informações cruciais, a menos que seja voluntariamente cego. 2. O elemento humano. A seguir, a Sra. White reconheceu a existência do elemento humano. Deus confiou a preparação de Sua Palavra a homens finitos, 76 criando assim, de certa forma, problemas para Si mesmo. Por quê? Porque “tudo quanto é humano é imperfeito”. 77

Falando para os obreiros adventistas em Battle Creek, Michigan, num contexto diferente, a Sra. White ampliou este pensamento: “Ninguém possui tanta capacidade ou habilidade que seja capaz de evitar que sua obra seja imperfeita, mesmo após ter feito seu melhor”.78

Já que os escritores da Bíblia tinham que expressar suas ideias em idiomas humanos, os conceitos não poderiam ser dados numa linguagem sobre-humana. 79 Ideias infinitas nunca podem ser perfeitamente expressas em veículos finitos de pensamento. 80 O Senhor tem de falar aos seres humanos em linguagem imperfeita, a fim de que nossa vagarosa percepção terrena possa compreender Suas palavras. 81 Numa perspicaz analogia, João Calvino certa vez sugeriu que Deus, através dos profetas, conversou em “linguagem de bebê” conosco humanos, assim como uma mãe carinhosa conversa com seu filhinho na linguagem universal do amor. 3. A existência de discrepâncias. Ellen White abordou a questão de discrepâncias, enganos, ou erros de maneira franca. Ela não somente sugere que estes são possíveis; ela também diz que eles são “prováveis”. 82 Mas o mais importante é que ela prossegue, salientando que todos destes erros não irão mudar uma única doutrina, nem fazer que ninguém tropece, a não ser que o indivíduo já esteja inclinado a fazê-lo. Estes indivíduos fabricarão “dificuldades da mais simples verdade revelada”. 83 4. Mistura singular do divino com o humano. Paulo salientou incisivamente que “temos… este tesouro em vasos de barro” (II Coríntios 4:7). Dois elementos são desta forma introduzidos na analogia: o “tesouro” e os “vasos de barro”. A Sra. White desenvolve estes dois elementos, primeiro comentando que, de fato, os Dez Mandamentos são inspirados verbalmente, sendo de “composição divina e não humana”. A serva do Senhor então prossegue, interessantemente: “Mas a Escritura Sagrada, com suas divinas verdades, expressas em linguagem de homens, apresenta uma união do divino com o humano. União semelhante existiu na natureza de Cristo, que era o Filho de Deus e Filho do homem. Assim, é verdade com relação à Escritura, como o foi em relação a Cristo, que ‘o Verbo Se fez carne e habitou entre nós.’” 84 Novamente, comentando que “na obra de Deus para a redenção do homem, a divindade e a humanidade estão combinadas”, a Sra. White diz, na mesma veia: “A união do divino com o humano, manifestada em Cristo, se nos depara também na Bíblia. As verdades nela reveladas são inspiradas por Deus, contudo são expressas por palavras de homens e adaptadas às necessidades humanas.” 85 Assim, as verdades transmitidas por escritores inspirados são todas um tesouro inspirado. Mas o elemento humano – a “linguagem de homens”, é o vaso de barro – isto é, o invólucro.

Um teólogo sugeriu que o aspecto humano dos escritos inspirados, antigos e modernos, é revelado de cinco maneiras:

a. O escritor se expressa em seu próprio estilo. A Bíblia tem muitas diferenças estilísticas importantes em seus vários livros.

b. O escritor se expressa em seu próprio nível de habilidade literária. Por exemplo, a estrutura sintática do livro de Apocalipse é imperfeita. João encadeia suas ideias usando a conjunção “e” como uma fileira de vagões num trem de carga. Estilisticamente, este livro é elementar, não elevado. Seu autor era um pescador que fora educado por Jesus durante três anos. João recebeu sua educação na verdade, não em retórica. Em contraste com o livro do Apocalipse, o livro de Hebreus exibe uma forma estilística muitíssimo elevada. De fato, por causa de seu uso de frases e sentenças equilibradas, alguns membros da alta crítica não acreditam que Paulo o tenha escrito. Mas Paulo sem dúvida nenhuma teve o equivalente a um Ph.D. da escola de Gamaliel em Jerusalém, e pode até ter frequentado a universidade em Tarso antes de ir para Jerusalém. c. O escritor revela sua própria personalidade. O Evangelho de João pode ser resumido em uma palavra de quatro letras – amor. Este conceito permeia o Evangelho de João e todas as suas três epístolas. João, mais que qualquer dos outros apóstolos, absorveu este espírito, e entregou-se completamente ao amor transformador de Cristo. 86 E desta forma, suas epístolas, de maneira especial, exalam seu espírito de amor. 87 Seu tema favorito era o infinito amor de Cristo. 88 d. O escritor também usa suas próprias palavras – palavras de sua escolha, e ao fazê-lo, e. O escritor se vale de sua formação e experiência pessoal. Lucas foi chamado o “médico amado”. E de fato, todo um livro foi escrito a respeito da terminologia médica empregada no Evangelho de Lucas. Lucas escreve com a percepção de um cientista. Por exemplo, ele é o único dos escritores dos quatro Evangelhos a mencionar que o suor de Jesus “se tornou como gotas de sangue”. Amós fala a linguagem do vaqueiro, do pastor. E Paulo? Treinado na metodologia e fraseologia da filosofia, Paulo escreveu algumas coisas que para um pescador como Pedro eram “difíceis de entender” (II Pedro 3:16). 89 Então, o aspecto divino, a obra do Espírito Santo, é revelado de quatro maneiras, como sugerido por T. Housel Jemison:

a. Ele ilumina a mente: O escritor é capacitado a compreender a verdade. b. Ele instiga o pensamento: Ou seja, Ele estimula os processos de raciocínio. c. Ele ilumina a memória: O profeta é assim capacitado a lembrar-se de eventos e ideias. d. Ele dirige atenção aos assuntos a serem registrados: Isto diz respeito especificamente à seleção do tópico e do conteúdo. 90 5. Verbal versus Plenária. A Sra. White declara diretamente que não são as palavras das Escrituras que são inspiradas, mas os homens é que o foram – os profetas foram “os instrumentos de Deus, não Sua pena”. 91 O problema semântico aqui é reconhecido – uma dada palavra pode transmitir ideias diferentes para pessoas diferentes. Contudo, se um escritor ou orador é intelectualmente honesto, geralmente consegue transmitir de maneira clara o que quer dizer. 92 A mesma verdade pode ser expressa de diferentes maneiras sem contradição substancial. 93 Basicamente, “a inspiração não atua nas palavras do homem ou em suas expressões, mas no próprio homem que, sob a influência do Espírito Santo, é possuído de pensamentos”. 94 6. O que a Bíblia não é. A Bíblia não representa as palavras, a lógica, ou a retórica de Deus. 95 “Deus, como escritor, não Se acha representado”. 96 De fato, Deus diz que Seus pensamentos não são os nossos pensamentos, nem os Seus caminhos são os nossos caminhos (Isaías 55;8, 9). Mas a Bíblia aponta a Deus como seu “Autor”. 97 Cristo é o “Autor Ele mesmo dessas verdades reveladas”. 98 7. Totalidade. Ellen White aceitou a Bíblia assim como ela era – “Creio nas declarações de uma Bíblia inteira”. 99 E ela persuadiu os seus ouvintes e leitores a apegarem-se “à Bíblia, tal como ela reza”. 100 Explicando com mais pormenores este pensamento em outro lugar, ela continua: “Cada capítulo e cada verso é uma comunicação de Deus ao homem”.101 8. A superintendência de Deus.O Senhor miraculosamente preservou a Bíblia através dos séculos essencialmente em sua forma atual. 102 De fato, a preservação da Bíblia é tanto um milagre quanto sua inspiração. Naturalmente, a Bíblia não foi dada em “uma linha de elocução ininterrupta”. Antes, através de gerações sucessivas, ela foi dada, parte por parte, conforme uma Providência beneficente reconhecia várias necessidades em diferentes lugares. “A Bíblia foi dada para fins práticos”. 103 A contínua mão de Deus é vista na transmissão das mensagens, no registro das mensagens, no ajuntamento dos livros no cânon, e na preservação da Bíblia através de sucessivas eras. 104 9. Unidade. Ellen White traça uma distinção interessante com respeito à unidade: conquanto nem sempre haja unidade “aparente”, há, contudo, uma “unidade espiritual”. E esta unidade ela compara a um grande fio dourado que corre por toda a obra, e que é descoberto pela “alma iluminada”. Contudo, descobrir esta unidade exige que o pesquisador exerça paciência, reflexão e oração. 105

Quando a Bretanha dominava o mar, e as embarcações eram impulsionadas pelo vento ao invés de por vapor ou óleo, todas as embarcações da esquadra real de Sua Majestade traziam uma corda que tinha um fio carmesim entretecido em toda a sua extensão. Este fio servia para dois propósitos: tornava a identificação fácil em casos de suspeita de roubo; e também garantia aos marinheiros (cuja vida frequentemente dependia da qualidade da corda que eles manejavam) que eles tinham o melhor. Aplicando esta analogia à Bíblia, o sangue de Jesus é o fio carmesim que percorre a Escritura inteira. Esta unidade é exibida em pelo menos cinco áreas, de acordo com Jemison:

c. Propósito: a história do plano da salvação.

d. Tema: Jesus, a cruz, a coroa.

e. Harmonia de ensino: as doutrinas do Velho e do Novo Testamentos são as mesmas.

f. Desenvolvimento: o progresso constante da criação à queda, à redenção e à restauração final.

g. Coordenação das profecias: evidente porque o mesmo Espírito Santo estava em operação! 106

10. Graus de inspiração. Ellen White torna claro que o cristão não deve afirmar que uma parte da Escritura é inspirada e outra não, ou que há graus de inspiração entre os vários livros da Bíblia. Deus não qualificou ou inspirou qualquer homem a fazer este tipo de trabalho. 107

Teoria da inspiração do encontro 108

Um terceiro conceito de inspiração passa por uma variedade de rótulos: “neo-ortodoxia”, “existencialismo” (do tipo religioso), ou “encontro” (com base numa das palavras mais proeminentes dentro seu jargão interno). Este conceito é baseado, pelo menos em parte, no conceito “I-Thou” (Eu-Tu) do Filósofo Martin Buber. Seus três princípios ou postulados básicos serão agora examinados:

Subjetivo ao invés de objetivo

1. A inspiração é, por sua própria natureza, inerentemente subjetiva ao invés de objetiva. Embora os conceitos de inspiração verbal e plenária sejam completamente diferentes e distintos, sendo que o primeiro afirma que a inspiração reside na exata palavra usada, e o segundo crê que, ao contrário, a inspiração reside no pensamento transmitido pelo profeta, ambos são semelhantes em um aspecto: os dois defendem que a inspiração é essencialmente objetiva e, não, subjetiva. Até a virada do século, estas eram as duas posições básicas defendidas pelo mundo cristão. Então veio o filósofo-teólogo Martin Buber, que ajudou a desenvolver uma nova teoria de inspiração. Esta teoria defende, entre outras idéias, que a inspiração é, por sua própria natureza, inerentemente subjetiva e, não, objetiva. O que isto significa em termos práticos? Como a teologia do “encontro” a considera, a revelação (ou inspiração) é uma experiência que ocorre num encontro “Eu-Tu” entre o profeta e Deus. Ela é então, primariamente, uma experiência, sem a ocorrência de troca de informações.

A revelação, para o teólogo do encontro, é “a auto-revelação de Deus ao homem, não a comunicação de verdades sobre Deus, … um encontro ‘Eu-Tu’ com Deus, a plena presença de Deus no consciente do profeta, como o professor de teologia Raoul Dederen o expressou. 109

Não há comunicação de informações na Teologia do Encontro. Deus não profere uma única palavra. Nesta relação singular não é feito qualquer tipo de declaração da verdade. A verdade não é considerada conceitual, num sentido objetivo, mas experimental, num sentido subjetivo. A esta altura o adepto da Teoria da Inspiração do Encontro argumentaria que há um conteúdo. Mas o conteúdo não é a comunicação de algum conceito sobre Deus, mas, sim, a comunicação de Alguém – o próprio Deus, dirigindo-Se à alma individual do cristão e pedindo uma resposta pessoal na transação. Para o adepto da Teoria do Encontro, a revelação, em última análise, é a plena revelação de Deus à percepção plena do profeta. Nesta experiência não há comunicação de ideias, verdades, conceitos ou mensagens. Como notamos antes, os escritores bíblicos comunicam enfaticamente que Deus fala particularmente e singularmente através de homens inspirados. Simplesmente não há como torcer declarações como a que é feita em II Samuel 23:2: “O Espírito do Senhor fala por meu intermédio, e a Sua palavra está na minha língua”! A pergunta do rei Zedequias ao profeta Jeremias é central para um conceito genuinamente bíblico de inspiração: “Há alguma palavra do Senhor?” (Jeremias 37:17). Mas este não é um conceito de inspiração encontrado apenas no Velho Testamento. Em três lugares em Atos, Lucas usa expressões como “O Espírito Santo proferiu anteriormente por boca de Davi” (cap. 1:16), “Deus falou por boca dos Seus santos profetas desde a antiguidade” (cap. 3:21), e “Disseste por intermédio do Espírito Santo, por boca de Davi” (cap. 4:25). O capítulo 4 de I Timóteo inicia com a frase: “Ora, o Espírito afirma expressamente que…”, e as palavras iniciais de Hebreus declaram que, conquanto outrora Deus tenha falado por boca dos santos profetas, em tempos mais recentes Ele falou mais diretamente à humanidade através de Seu Filho.

O adepto da Teoria do Encontro afirma que o profeta como pessoa é inspirado (o que é verdadeiro), mas que os pensamentos e as palavras que o profeta comunica são suas próprias ideias e não as ideias de Deus (o que é falso).

Além disso, ele afirma também que o profeta é o intérprete da auto-revelação de Deus em termos relevantes para seus próprios dias; e que estas ideias podem conter erros. Podem até ser científica ou historicamente incorretas (como, por exemplo, a ideia de Moisés de uma criação literal de sete dias); contudo o profeta, mesmo assim, é considerado inspirado, uma vez que, neste conceito, a inspiração não tem absolutamente nada a ver com ideias!

O adepto da Teoria do Encontro coloca grande ênfase no contexto. Seu propósito é demonstrar o “condicionamento histórico” – a ideia de que o profeta é vítima (bem como o produto) de seu meio, de sua formação, educação e clima de pensamento. Embora o adepto desta teoria também esteja interessado no contexto, ele o usa para descobrir, pelo exame das circunstâncias histórias que cercam a transmissão de uma determinada mensagem, se as palavras do profeta constituem um princípio (uma regra do comportamento humano imutável e inerrante) ou uma política (a aplicação de um princípio a uma determinada situação, caso em que a aplicação pode mudar à medida que a situação muda).

2. Conter a palavra versus ser a palavra. O adepto da Teoria do Encontro diz que a Bíblia contém a palavra de Deus, mas não é, em si, a palavra de Deus. Neste conceito, a Bíblia já não é a revelação, no sentido que a palavra tinha anteriormente ao século vinte. Ela já não é a palavra revelada de Deus, mas um testemunho da experiência da revelação. Quanto ao conteúdo, este ponto de vista considera a Bíblia como sendo simplesmente o resultado da reflexão racional do escritor sobre a auto-manifestação individual e pessoal de Deus a ele. Em outras palavras, Moisés não recebeu os dez mandamentos diretamente de Deus, nem obteve instruções específicas sobre o tabernáculo terrestre, sua mobília ou suas cerimônias.

Assim, o adepto da Teoria do Encontro não crê que os conceitos transmitidos na Bíblia sejam a palavra de Deus, como o defensor da Inspiração Plenária acredita. O defensor da Inspiração Plenária afirma que a inspiração é objetiva – isto é, algo à parte do indivíduo, pelo qual ele é diariamente julgado. O defensor da Teoria do Encontro vê a palavra de Deus como uma experiência pessoa, subjetiva – uma experiência interior que é notavelmente poderosa e impulsionadora. O que constitui a palavra de Deus, na opinião do defensor desta teoria, é a experiência – não ideias, pensamentos, concepções, ou a verdade proposicional. Quando o profeta tenta expressar suas próprias ideias ou pensamentos ao descrever este “encontro divino-humano”, tenta assim transmitir a palavra de Deus como ele a percebe interiormente. Esta tentativa poderia ser comparada ao testemunho que uma pessoa dá numa reunião de oração sobre o que Deus fez por ela naquela semana. Para o adepto da Teoria do Encontro, o profeta é inspirado no coração, e não na mente. Assim, a pessoa que ouve e lê as palavras do profeta também tem uma experiência subjetiva. A verdade, portanto, é definida como sendo experimental. A experiência se torna a palavra de Deus para o estudante, em vez de a palavra de Deus ser definida como sendo as palavras, os conceitos e as proposições expressas pelo profeta. O adepto da Inspiração Plenária não deprecia o lugar da experiência na vida do cristão; na verdade, em pelo menos 13 lugares Ellen White usa a expressão religião experimental. Mas a experiência humana nunca suplanta a palavra de Deus, que é objetiva e que deve determinar a validade de toda experiência. 110 3. Quantitativa, não qualitativa. Finalmente, para o adepto da Teoria do Encontro, todo mundo é inspirado. O profeta simplesmente tem um grau de inspiração maior do que a pessoa comum.

A questão neste ponto é uma diferença de grau versus uma diferença de tipo. Afirma-se que o profeta tem um grau mais intenso de inspiração que a pessoa comum. A eloquência de um profeta, de um ministro ou de um político pode levar pessoas a fazer coisas que de outra forma não fariam. Pelo fato de este indivíduo estimular os outros, ele é assim considerado “inspirado”.

Certamente pode haver algum tipo de inspiração secular, não-profética. Às vezes pensamos num artista, num escultor, num compositor musical ou concertista como sendo “inspirado”. Mas esta inspiração secular, comum, não tem nada a ver com o tipo de inspiração profética mencionada na Bíblia.

Na inspiração bíblia, o profeta é tomado em visão. Ele ou ela pode perder a força natural para receber capacitação sobrenatural. Para o profeta, Deus sopra – literalmente; pois em estado de visão o profeta não respira. E enquanto está neste estado, o profeta recebe mensagens infalíveis do Senhor.

Pessoas comuns podem ser comovidas pelas palavras inspiradas do profeta; sua vida pode ser fundamentalmente alterada para melhor. Mas essa experiência não é a “inspiração” que os escritores bíblicos e Ellen White possuíram. Quando pessoas comuns são “inspiradas”, esse é um outro tipo de inspiração, diferente da inspiração bíblica. É uma diferença de tipo, não de grau. Esta ideia de graus de inspiração que é tão prevalecente na Teologia do Encontro tem, historicamente, um certo apelo dentro do adventismo. A série de dez artigos do então presidente da Associação Geral, George I. Butler, na Review and Herald em 1884, assumiu esta ideia de graus de inspiração. Ellen White escreveu a ele uma carta de repreensão 111, na qual ela salientou que Deus não havia inspirado esta série sobre inspiração, nem havia aprovado o ensino destes conceitos no sanatório, no colégio ou na casa publicadora de Battle Creek!

Uma diferença significativa

A esta altura, o leitor, talvez entediado, diga: “Que diferença prática faz a posição que eu tomo?” Faz uma grande diferença. Vamos notar algumas das implicações significativas que resultam de aceitar a Teoria do Encontro: 1. A Bíblia já não é a portadora de verdades eternas; já não é um livro de doutrina. Ela se degenera em simplesmente um testemunho do “encontro divino-humano” entre Deus e um profeta. Ela já não é uma declaração de verdades de Deus ou sobre Deus. É simplesmente o conceito pessoal do profeta dando sua reação subjetiva a uma experiência altamente subjetiva.

2. O leitor das palavras do profeta, então, se torna a autoridade, o árbitro que decide o que (para ele) é inspirado e o que não é. Ele lê a Bíblia de maneira crítica; mas não é obrigado a crer no que ela diz em princípio, conceitualmente, mas sim no que ele interpreta que ela significa para ele. Ele decide se determinada declaração deve ou não ser aceita sem questionamento, se é que deve ser aceita.

A experiência subjetiva do leitor se torna normativa – ela é o padrão que decide o que ele vai aceitar ou rejeitar como tendo autoridade sobre sua vida e experiência.

Contudo, se não há revelação objetiva como critério, então não há maneira em que um indivíduo pode validar sua experiência, não há forma de ele determinar se esta experiência é do Espírito Santo ou de um espírito profano. Simplesmente não é suficiente você dizer que a veracidade de sua experiência é comprovada por você mesmo. Como dizia o ex-professor de teologia Robertson, “ela também pode estar enganando você mesmo”.

3. O ponto de vista subjetivo é uma distorção. Ele distorce o lugar legítimo do contexto. Também distorce o lugar legítimo da experiência, tornando-a um critério de autenticidade. O ponto de vista subjetivo enfatiza “a autonomia do condicionamento histórico”, e torna a demitologização do profeta uma necessidade para a compreensão contemporânea. Além disso, ela distorce a genuína inspiração profética, impondo a ela a idéia de graus de inspiração como uma categoria central.

4. A Teoria do Encontro resulta na adoção das seguintes posições teológicas: a. A Criação, ensinada em Gênesis, não é nem literal nem científica. Ao contrário, a teoria favorecida é a evolução, e Gênesis é visto meramente como um registro das ideias singulares que existiam no tempo de Moisés. b. Com respeito à encarnação de Cristo, Jesus não era realmente um ser divino-humano. Ele era só um homem. A Teoria do Encontro rejeita eventos sobrenaturais como o nascimento virginal e os milagres, da maneira como os definimos comumente. 5. Na questão de demonologia, a Bíblia, diz o defensor da Teoria do Encontro, simplesmente relata as idéias comuns de uma época quando popularmente mas incorretamente se cria que demônios possuíam o corpo físico de certas vítimas humanas infelizes. Hoje em dia, diz o defensor desta teoria, sabemos que toda doença mental e insanidade é causada por condições externas, como desequilíbrios químicos e ambiente desfavorável – mas não por espíritos.

Os adeptos da Inspiração Plenária certamente podem concordar que algumas doenças mentais, talvez a maioria delas, tenham causas externas, não-sobrenaturais; mas não podem aceitar um conceito que declare que toda doença mental tem estas causas. Este autor viu coisas demais em seus 12 anos de serviço como missionário para crer de outra forma!

Na análise final, portanto, o conceito de inspiração do Encontro, que é subjetivo, constitui uma negação da “fé que uma vez por todas foi entregue aos santos”. É uma substituição inteligente da revelação infalível da verdade, dada por Deus através de profetas divinamente (e objetivamente) inspirados, por “fábulas engenhosamente inventadas”. E aqueles que aceitam esta teoria se arriscam a perder a vida eterna.

O Propósito da Inspiração/Revelação

Leslie Hardinge, um veterano professor de Bíblia de colégios e seminários adventistas, certa vez fez uma profunda declaração: “Sem analogia, não há verdadeiro ensino”. Os ensinos mais eficazes, na Bíblia ou em qualquer outra parte, são feitos através de metáforas e símiles. Notemos, então, duas metáforas que os escritores bíblicos empregam no Novo Testamento para ampliar nossa compreensão do propósito da inspiração/revelação.

Duas metáforas bíblicas

1. O apóstolo Paulo repetidamente fala de inspiração profética como dom do Espírito Santo – um dos chamados “dons espirituais” (Efésios 4; I Coríntios 12).

Uma pessoa pode receber muitos tipos de presentes. Alguns presentes são inúteis ou mesmo embaraçosos. Contudo, os presentes mais valiosos que já recebi, ou eram utilitários que preenchiam uma determinada necessidade do meu dia-a-dia (como uma caneta, uma pasta de executivos ou uma máquina de escrever) ou eram presentes de amor nos quais o sentimento que motivou o presente transcendia em muito o valor do presente. Este sentimento conferia ao presente um valor que de outra forma ele não possuiria.

O dom de profecia pode ser descrito nos mesmos termos. Para alguns ele é inútil. Para outros é um contínuo embaraço ou incômodo, pois repetidamente atrapalha seu estilo de vida, já que ele lida com pontos particulares da existência diária. A escolha da metáfora dom (presente) é apropriada na questão de inspiração/revelação. O propósito deste dom é promover a obra do ministério do corpo (igreja) de Deus – fortalecer e guiar a igreja (Efésios 4:12-15). Note em particular seus quatro propósitos em relação a isto:

a. O aperfeiçoamento dos santos (para que eles possam crescer em Cristo).

b. A unidade dos santos (para que não haja divisão no corpo de Cristo. Ver I Coríntios 12:25).

c. A edificação dos santos (os escritos inspirados provêm doutrina, reprovação, correção e instrução na justiça. Ver II Timóteo 3:16).

d. A estabilização dos santos (para que eles possam ter uma âncora que os guarde de serem levados por qualquer onda de doutrina).

2. O apóstolo Pedro acrescenta uma segunda metáfora, na verdade emprestada dos salmos de Davi. Ele vê a inspiração profética para sendo semelhante a uma luz que brilha em lugar escuro para um propósito prático e necessário – guardar-nos de tropeçar e cair (II Pedro 1:19). Um milênio antes Davi havia comparado a palavra de Deus a uma “lâmpada” para os pés e uma “luz” para o caminho (Sal. 119:105). Como uma “luz”, a inspiração profética tem duas funções valiosas:

a. Um dos principais propósitos dos escritos proféticos (embora certamente não seja sua única função) é revelar eventos futuros. A revelação, assim, nos ajuda a fazer um preparo adequado para os eventos futuros e nos capacita a nos relacionar positivamente com estes eventos quando eles ocorrerem. 112 Contudo, uma razão menos óbvia para incluir o elemento profético na Bíblia é validar a origem divina da Bíblia – mostrar que Deus é seu Autor. Os mortais não podem predizer o que vai acontecer nem dentro de poucos momentos; mas Deus pode dizer o que vai acontecer com séculos de antecedência. Esta função da inspiração foi a responsabilidade particular de Isaías. 113 b. Igualmente importante é a função da revelação como luz para proteger o crente. Os escritos inspirados provêem uma luz que expões os objetivos de Satanás e sua metodologia para alcançar estes objetivos. Verdadeiramente, “não havendo profecia, o povo se corrompe” (Provérbios 29:18).

Conclusão

“De tudo o que se tem ouvido, a suma é” – isto é não apenas um conselho pedagógico saudável, mas também um imperativo espiritual. A inspiração tem sido um processo no qual Deus singularmente comunica verdades eternamente importantes através de “Seus servos, os profetas”, os quais “outrora, … muitas vezes e de muitas maneiras” falaram a seus contemporâneos e àqueles que viriam mais tarde, a fim de capacitá-los a entender a mente divina e a vontade de Deus para sua vida. Especialmente nestes momentos finais da História da Terra, há uma necessidade imperiosa de compreendermos como este fenômeno opera, a fim de que não só possamos ter uma compreensão inteligente do que Deus está tentando dizer, mas também evitemos os perigos e armadilhas decorrentes da adoção de falsos conceitos. A admoestação de Paulo aos santos do Novo Testamento – “Não apagueis o Espírito. [Não deixe a vela se apagar!] Não desprezeis as profecias; julgai todas as coisas, retende o que é bom” (I Tessalonicenses 5:19-21) – é apenas o eco do conselho de Josafá no Antigo Testamento: “Crede no Senhor, vosso Deus, e estareis seguros; crede nos seus profetas e prosperareis” (II Crônicas 20:20). Na segunda apresentação desta série consideraremos a questão da inerrância e infalibilidade – O profeta verdadeiro erra? A experiência de Ellen White será examinada à luz da evidência dos profetas bíblicos.


 

Referências:

1 Mateus 13:57. Para um exame útil e relevante deste fenômeno de rejeição, no contexto da atual controvérsia sobre o papel e função de Ellen G. White, veja o editorial de J. R. Spangler, “Persecuting the Prophets,” na revista Ministry (Fevereiro 1981), pp. 21, 25.

2 Joel 2:28-32; Apocalipse 10; 12:17; 10:10; Efésios 4:11-15; 1 Coríntios 12:12, 28. Ver também “Prophecy After New Testament Times,” capítulo 8 do livro A Prophet Among You, de T. Housel Jemison (Mountain View, Calif.: Pacific Press Pub. Assn., 1955), pp. 135-147.

3 Mensagens Escolhidas, livro 1, p. 48.

4 Ibid.

5 Testemunhos para a Igreja, vol. 5, p. 667.

6 Mensagens Escolhidas, livro 1, p. 48.

7 Ellen G. White, Sons and Daughters of God (Washington, D.C.: Review and Herald Pub. Assn., 1955), p. 276.

8 O crédito por estas definições funcionais pertence ao Dr. Raoul Dederen em sua obra “Toward a Seventh-day Adventist Theology of Revelation-Inspiration,” North American Division Bible Conference Notebook, 1974, pp. 1-20.

9 II Timóteo 3:16.

10 Ver Daniel 10:17, e também a discussão que apresentamos, mais adiante, sobre os fenômenos físicos.

11 Atos 27:17, 27.

12 International Standard Bible Encyclopedia (Chicago, IL: The Howard)

13 Dederen, op. cit.

14 Ibid.

15 Efésios 3:3-5.

16 I Coríntios 2:6-14.

17 I Coríntios 12:29.

18 João 14:26.

19 Ibid.

20 João 16:13.

22 Testemunhos para a Igreja, vol. 5, p. 512.

22 Apocalipse 1:11; 21:6; 22:13.

23 I Coríntios 12:7.

24 I Coríntios 12:11, 18; ver também João 15:16.

25 Efésios 4:11.

26 I Coríntios 12:29, 30.

27 I Coríntios 1:5-7; 12:28; 14:1.

28 I Coríntios 12:31.

29 Gênesis 1:2, 26. O “Elohim” do verso 26 é um substantivo plural.

30 Revelation 1:1; John 8:28; 5:19, 30.

31 John 16:7, 13, 14.

32 2 Peter 1:21.

33 Apocalipse 1:1; 22:6. Cf. Daniel 8:16; 9:21; Lucas 1:19, 26.

34 Por exemplo, I Reis 22:19. Esta expressão exata aparece 36 vezes só no Velho Testamento; variações aparecem até com mais frequência ao longo de toda a Bíblia.

35 Apocalipse 5:11.

36 João 13:16; 15:20.

37 Êxodo 20; cf. Evangelismo, p. 616; e The Seventh-day Adventist Bible Commentary (Washington, D.C.: Review and Herald Pub. Assn., 1953), vol. 1, pp. 1103, 1104.

38 Ellen G.White, The Spirit of Prophecy, vol. 1, p. 399; Primeiros Escritos, p. 32.

39 Mateus 3:17; 17:5; João 12:28.

40 Números 27:21; I Samuel 28:6; The Spirit of Prophecy, vol. 1, pp. 398, 399; Patriarcas e Profetas, p. 351.

41 The Spirit of Prophecy, vol. 1, p. 399; Patriarcas e Profetas, p. 349.

42 Levítico 16:8; Josué 7.

43 Atos 1:26.

44 Carta 37, 4 de março de 1900; citada em Mensagens Escolhidas, livro 2, p. 328.

45 I Samuel 3:1; Números 12:6; Joel 2:28-32; Atos 16:9.

46 Mencionado por Arthur L. White ao citar seu pai, William C. White, no livro Ellen G. White: Mensageira da Igreja Remanescente (Tatuí, S.P.: Casa Publicadora Brasileira, 1993), pp. 16, 17.47. Ver Atos 2.48. Da transcrição estenográfica da palestra de Walter Rea, “White Lies” (“Mentiras White” ou“Mentiras Brancas”), no Fórum Adventista, San Diego, Califórnia, 14 de fevereiro de 1981, p. 10. Numa carta datada de 17 de julho de 1981, solicitei por escrito que Walter Rea me concedesse permissão para citá-lo diretamente a partir da transcrição da palestra. Em sua resposta, datada de 21 de julho, Rea na verdade recusou o pedido, admitindo tacitamente que poderia ter cometido alguns pequenos erros em sua apresentação no Fórum. Em vez disso, apelou para que eu não ficasse me apegando a detalhezinhos, mas que me concentrasse nas grandes questões. Os fenômenos físicos são uma destas grandes questões, e Walter Rea a havia enfatizado alegando que os relatos publicados do fato de Ellen White segurar uma grande Bíblia em visão são lendários e sem fundamento.

49 Publicado na revista Spectrum 10:1 (Maio de 1979), pp. 23-57.

50 Ibid., p. 28.

51 Veja, por exemplo, “The Witness of the ‘Big Bible'” (“O Testemunho da ‘Grande Bíblia’”), de Arthur L. White, 13 de setembro de 1979; e “Ellen G. White and the Big Bible” (“Ellen G. White e a Grande Bíblia”), de Ron Graybill, 1981; ambos, manuscritos não publicados, circulados como documentos de trabalho entre a equipe do Patrimônio de Ellen G. White.

52 Ver General Conference Bulletin, 29 de janeiro de 1893, pp. 19, 20; Seventh-day Adventist Encyclopedia (Washington, D.C.: Review and Herald Pub. Assn., 1976), p. 374; e a monografia de Paul Gordon, “Revelation-Inspiration: Ellen G. White’s Witness and Experience” (“Revelação-Inspiração: o Testemunho e Experiência de Ellen G.White”), julho de 1978, p. 1.

53 Relatório de oito páginas de Otis Nichols (s.d.), p. 7. Pelas evidências internas é aparente que Nichols, como testemunha ocular, não poderia ter escrito este relato em primeira pessoa antes de 1847; e é óbvio que ele não poderia ter sido escrito após 1860, pois Ellen White cita três parágrafos dele em Spiritual Gifts (Battle Creek, Mich.: James White, 1860), vol. 2, pp. 77-79.

54 Ibid.

55 Veja “Como Foram Dadas as Visões,” no livro Ellen G. White: Mensageira da Igreja Remanescente, pp. 8-19.

56 Veja “O Alfa e o Ômega” e “Os Alicerces de Nossa Fé” em Mensagens Escolhidas, livro 1, pp. 193-208.

57 Review and Herald, 8 de outubro de 1867, citada no livro Ellen G. White: Mensageira da Igreja Remanescente, p. 36.

58 Ibid.

59 “A False Prophetess?” Newsweek (January 19, 1981), p. 72.

60 Robert W. Olson, 101 Respostas a Perguntas do Dr. Ford (São Paulo, SP: C.P.E.G.W., s.d.),

pp. 144, 145.

61 Veja The Seventh-day Adventist Bible Commentary, vol. 6, p. 345.

62 Veja ibid., vol. 5, pp. 346, 356.

63 101 Respostas a Perguntas do Dr. Ford, p. 145.

64 Da Versão João Ferreira de Almeida Revista e Atualizada no Brasil.

65 101 Respostas a Perguntas do Dr. Ford, p. 146.

66 See ibid., pp. 84-117; 144-147.

67 Testemunhos para a Igreja, vol. 1, pp. 600-604.

68 Virgil Robinson, Reach Out (Washington, D.C.: Review and Herald Pub. Assn., 1970), p. 300.

69 A. W. Spalding, Pioneer Stories (Nashville, TN: Southern Pub. Assn., 1942), pp. 206, 207, citado em The Spirit of Prophecy Treasure Chest (Los Angeles, Calif.: Voice of Prophecy, 1960), pp. 28, 29.

70 J. N. Loughborough, Rise and Progress of Seventh-day Adventists (Battle Creek, Mich.: General Conference Association of Seventh-day Adventists, 1892), pp. 231-233.

71 O autor reconhece sua dívida para com o Dr. Earle Hilgert, que deu um curso de “Introdução ao Novo Testamento” no Seminário Teológico Adventista dos Estados Unidos, em janeiro de1959, no qual foi apresentada grande parte do material desta seção do artigo.

72 Mensagens Escolhidas, livro 1, pp. 15-23.

73 Ibid., pp. 15, 16.

74 Ibid., p. 16.

75 Ibid., p. 18.

76 Ibid., p. 16.

77 Ibid., p. 20.

78 Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 562.

79 Mensagens Escolhidas, livro 1, pp. 19, 20.

80 Ibid., p. 22.

81 Ibid.

82 Ibid., p. 16.

83 Ibid.

84 O Grande Conflito, p. 7; Caminho a Cristo, p. 73.

85 Testemunhos para a Igreja, vol. 5, p. 747.

86 O Desejado de Todas as Nações, p. 250.

87 Santificação, pp. 68, 81.

88 Ibid., p. 62.

89 Earle Hilgert, op. cit.

90 A Prophet Among You.

91 Mensagens Escolhidas, livro 1, p. 21.

92 Ibid., p. 19.

93 Ibid., p. 22.

94 Ibid., p. 21.

95 Ibid.

96 Ibid.

97 O Grande Conflito, p. 7 (grifos acrescentados).

98 Testemunhos para a Igreja, vol. 5, p. 710.

99 Mensagens Escolhidas, livro 1, p. 17.

100 Ibid., p. 18.

101 Testemunhos para a Igreja, vol. 4, p. 449.

102 Mensagens Escolhidas, livro 1, p. 15.

103 Ibid., p. 20.

104 T. Housel Jemison, Christian Beliefs (Mountain View, Calif.: Pacific Press Pub. Assn., 1959), p. 22.

105 Mensagens Escolhidas, livro 1, p. 20.

106 Christian Beliefs, p. 17.

107 Mensagens Escolhidas, livro 1, p. 23.

108 Reconheço meu débito quanto a muitas das idéias desta seção para com o Dr. John L. Robertson, “The Challenge to God’s Word,” e para com o Dr. Raoul Dederen. Infelizmente, não é possível identificar as contribuições individuais a partir das notas existentes.

109 Dederen.

110 Testemunhos para a Igreja, vol. 5, p. 512.

111 Carta 12, 1889, publicada em Mensagens Escolhidas, livro 1, p. 23.

112 Ver Apocalipse 1:1, 2; 22:6; João 16:13; 13:19; 14:29; Daniel 2:28; e Amós 3:7.

113 Isaías 41:21-23; 42:9; 43:9; 44:7, 8; 45:3, 21, 22; 46:9, 10.