Carta escrita pelo ex-secretário Roger W. Olson ao presidente Gordon Henderson, presidente da Associação da Pensilvânia, respondendo à questão sobre “Ellen White e ostras

 

Pastor Gordon Henderson, Presidente
Associação da Pensilvânia
720 Museum Road
Reading, PA 19611

Caro Gordon:

Há alguns dias, recebi uma chamada telefônica de Hedy Jemison, da Univerdade Andrews. Ela disse a mim que muitos dos nossos obreiros na Associação da Pensilvânia estão perturbados com o que eles têm ouvido sobre Ellen White e ostras. Eu entendo que o rumor que está ao redor da Associação da Pensilvânia é de que Ellen White comeu ostras até o dia de sua morte. Hedy sugeriu que eu escrevesse a você e lhe desse a informação que temos para que você possa saber qual era a situação.

Primeiro, deixa-me afirmar categoricamente que Ellen White não comeu ostras até o dia da morte dela. Na verdade, nós não temos nenhum registro de que ela sempre comeu ostras, embora tenha experimentado uma vez um peito de ostra.

Eu creio ser um rumor provavelmente derivado da carta no qual Ellen White escreveu em 1882 à nora dela, Mary Kelsey White. Ellen White estava em Healdsburg e sua nora estava em Oakland, Califórnia. A irmã White escreveu uma carta pessoal a Mary, perguntando se ela compraria uns poucos artigos e levasse a eles a Healdsburg na próxima vez que ela viesse. Entre as coisas que Ellen pediu estavam algumas latas de ostras. Nós nunca publicamos o fato da Sra. White ter sequer falado de ostras, porque sentimos que não era necessário.

Uma vez que nossos obreiros estão a falar do assunto, eu creio ser essencial para eles entenderem os fatos. A questão é: por que a Sra. White teria pedido por algumas latas de ostras? Poder-se-ia deduzir que ela os comeu, mas isso não sabemos com certeza. No entanto, é muito importante para nós colocar-nos na situação de nosso povo a 100 anos atrás. Nós entendemos muito mais claramente hoje a diferença entre carnes puras e impuras do que eles entendiam. Nós não deveríamos assumir que Deus deu a Ellen White informação completa sobre todos os assuntos nos primeiros anos de seu ministério. Ela entendia as coisas como lhe eram reveladas pelo Senhor e como os irmãos estudavam esses assuntos na Bíblia.

Na Review and Herald de 1883, nós encontramos uma coluna de perguntas e respostas elaborada pelo pastor W. H. Littlejohn, no qual torna muito aparente que nosso povo naquele tempo não conhecia que ostras de água doce eram puras ou impuras. Eu estou enviando a você uma cópia da declaração de W. H. Littejohn. Está na Review and Herald de 14 de agosto de 1883. Nesse mesmo ano, Urias Smith publicou um editorial na Review sobre o tema “Meats, Clean and Unclean” [Carnes, puras e impuras]. Ao ler este editorial, pode-se ver que o nosso povo, nessa altura, considerava geralmente que a lei cerimonial tinha sido abolida e que isso eliminava os requisitos relativos às carnes puras e impuras. Eles pensavam que a distinção entre pura e impura era toda parte da lei cerimonial. Urias Smith em seu editorial declarou que nós deveríamos não usar porco etc., mas ele baseou seu argumento inteiro nos princípios fisiológicos. Ele não se baseou nas leis de saúde da Bíblia, porque ele pensou que era parte do sistema cerimonial, e, portanto, considerou que já não se aplicava.

Logo, pode-se notar que a luz não só sobre a reforma de saúde em geral, mas sobre a distinção entre carnes puras e impuras não vieram ao nosso povo em um dia, mas esta informação veio gradualmente como resultado de muito estudo, e finalmente nós temos encontrado as conclusões que usualmente aceitamos hoje, que todas as carnes impuras são proibidas. Afirmamos categoricamente que isto não tem nada a ver com a lei cerimonial. A distinção foi dada na Bíblia porque as carnes impuras têm sempre sido impuras. Nosso povo 100 anos atrás não entendia isso.

É bem possível que Ellen White comeu algumas das ostras contidas nessas latas. Isso eu não sei. No entanto, uma coisa eu sei, isso é, depois de 1894, ela não comeu mais nenhum tipo de carne. Ela deu a sua palavra de que era esse o caso e Willie White também nos disse que a sua mãe não comeu qualquer tipo de alimentos à base de carne depois dessa altura.

Lamento que alguns dos nossos trabalhadores tenham sido perturbados por esta questão, e achei que era importante que tivessem toda a informação disponível sobre a questão de Ellen White e as ostras. Por favor, transmita esta informação a todos os que possam estar preocupados. Se tiver alguma pergunta, ou se pudermos ser úteis de alguma forma, por favor não hesite em escrever-nos.

Com os mais cordiais cumprimentos cristãos,

Vosso irmão,

Robert W. Olson, Secretário


Carta escrita pelo assistente de segurança do Patrimônio Literário de Ellen G. White, Arthur L. White, respondendo à questão sobre “Ellen White e o consumo de carne e ostras

 

9 de dezembro de 1935
114 Franklin Court Glendale, Califórnia.

Estimada irmã,

Sua carta de 24 de novembro foi-me entregue ontem pelo irmão White, com o pedido de que eu lhe enviasse a informação que deseja em relação ao boato persistente de que a irmã White comeu carne e ostras mais ou menos durante os primeiros anos de sua vida. Creio que a declaração mais convincente negando tal boato foi feita pela própria irmã White, antes da Conferência Geral de 1909, quando ela declarou:

“Alguns dizem que não segui os princípios da reforma da saúde tal como os defendi com a minha opinião; mas posso dizer que tenho sido uma fiel reformadora da saúde. Aqueles que foram membros da minha família sabem que isto é verdade.”  9T 159

Há algum tempo, ao responder a uma pergunta semelhante à sua, o irmão W. C. White fez uma declaração relativa aos hábitos pessoais da Sra. White em relação ao uso de carne. Citarei a cópia.

“Acerca do uso de carne pela irmã White, estou muito familiarizado com as suas práticas e ensinamentos. A instrução que lhe foi dada em 1863, apontando as desvantagens e os perigos de uma alimentação à base de carne, foi uma grande surpresa para ela e o seu abandono foi um processo gradual. Ao fim de três ou quatro anos, praticamente não se via carne na sua mesa, mas durante algum tempo era servida uma sopa de carne uma vez por semana. A irmã White e a sua família esforçaram-se a fim de se abster da carne, mas surgiram muitos contratempos.

“A irmã White não era cozinheira, nem especialista em alimentos nas formas técnicas que vinham do estudo e da experimentação. Muitas vezes ela tinha sérias discussões com seu cozinheiro. Ela nem sempre era capaz de manter o cozinheiro que ela havia cuidadosamente doutrinado nas ideias vegetarianas. Aqueles que ela empregava eram sempre jovens inteligentes, e, como eles se casavam e a deixavam, ela foi obrigada a contratar novos cozinheiros sem formação em culinária vegetariana. Naquela época, não tínhamos escolas como temos agora, onde nossas jovens pudessem aprender sobre a culinária vegetariana. Portanto, a mamãe foi obrigada, com todos os seus outros gastos e deveres, a despender um esforço considerável para persuadir os cozinheiros de que eles poderiam viver sem carne, ou refrigerante, e fermento em pó, e outras coisas condenadas em seus testemunhos. Muitas vezes, a nossa mesa apresentava concessões entre o nível que a irmã White pretendia atingir e o conhecimento, dada à experiência e ao nível do novo cozinheiro.

“Éramos vegetarianos há muitos anos antes que se estabelecesse sobre nós a convicção de que deveríamos ser abstêmios. Portanto, de tempos em tempos, em suas viagens de um lugar para outro, nossa cesta de almoço continha um pouco de galinha, ou peru, ou língua enlatada. Nossos cozinheiros bem-educados de hoje dirão que isso é totalmente desnecessário, mas nunca devemos esquecer que só algum tempo depois disto tivemos um grande número de cozinheiros vegetarianos com uma boa formação.

“Foi em 1894 que a irmã White decidiu ser abstêmia e logo depois disso minha esposa e eu decidimos nos juntar a ela nisso. Temos sido muito fiéis às nossas decisões e desfrutamos muito de nossa experiência como abstinentes.

“Nos primórdios da nossa experiência da reforma de saúde, as pessoas insistiam que deveriam ter um pouco de carne, ou a sua saúde ficaria arruinada. Quando citavam a sua experiência ou o conselho do médico, a mamãe dizia que se sentissem que precisavam de um pouco de carne para preservar a saúde, era melhor usá-la do que sentir que estavam arruinando a saúde pela abstinência total.

“Lembro-me perfeitamente que, numa ocasião em que um médico, responsável pelo nosso trabalho num centro importante, insistiu que a sua esposa, que sofria de anemia perniciosa, deveria comer carne para manter as suas forças, a minha mãe afirmou em sua resposta que, em muitos casos em que se insistia que a carne era necessária para combater certas condições desfavoráveis, a verdade era que a carne estava realmente promovendo essas condições desfavoráveis; e foi apenas alguns meses depois dessa declaração que uma de nossas revistas médicas publicou um artigo de uma autoridade muito eminente afirmando que comer carne não era um tratamento para a anemia perniciosa, mas era uma das causas dela.

“A irmã White era firme, mas não fanática. Ela exercia paciência com aqueles que viviam onde uma dieta vegetariana não era possível. Ela sabia que nosso povo que vai para terras estrangeiras tem muitas experiências estranhas. Nos Andes superiores é quase impossível conseguir uma alimentação viável sem peixe e, noutros países, existem circunstâncias particulares que rodeiam os nossos obreiros que os levam a pensar que o risco para a saúde de comer alguma carne que possa conter alguns componentes tóxicos é menor do que o risco para a saúde de ficar sem. Diante disso, ela incentivou nosso povo não julgar as pessoas que trabalham em circunstâncias incomuns.

Esses boatos relacionados ao uso da carne pela irmã White em seus últimos anos têm chegado até nós de tempos em tempos, mas todos os membros de nossa família testemunham que não há fundamento de fato. Nunca conseguimos encontrar ninguém que afirmasse ter conhecimento em primeira mão deste assunto.

É sempre muito intangível e não pode ser localizado ou delimitado.

Confiando que as informações que lhe estamos fornecendo serão úteis,

Atenciosamente, seu irmão,

Arthur L. White, Asst. Seg. Patrimônio de Ellen G. White