Remanescente

E. G. White Research Center

Cópia do Arquivo

01 de Janeiro de 1978

Mantendo os adventistas informados

Falando a verdade no amor, desejamos informar o eleitorado de ações que estão relacionadas à fé, ordem, liberdade e finanças, por meio de entidades representativas. A menção de um nome nessas colunas, quer favorável ou não, não implica julgamento sobre o caráter pessoal do indivíduo. A não ser que seja expressamente declarado o contrário, a nossa referência é sempre para os titulares de cargo que atuam na sua capacidade oficial.

O “MANUSCRITO DO CAPÍTULO DE JOHN HUSS”: O manuscrito descoberto pelo Dr. D. R. McAdams no cofre onde está a herança literária de Ellen White em Washington D. C. vai abrir questões persistentes sobre o conteúdo e caráter da sua herança para a igreja e para o mundo.

Os críticos do posicionamento da Sra. White na vida adventista frequentemente acusavam certa medida de “gestão” editorial no processo pelo qual as suas palavras se moviam de sua caneta para a imprensa e então para dentro dos lares das pessoas ao redor do mundo. Uma das acusações persistentes foi que a incontestável beleza literária da prosa de Ellen White foi pelo menos em parte, produto das habilidades de seu editor. Marion Davis, quem viajou com a Sra. White, foi particularmente marcado como a pessoa que poderia ter ajudado a Sra. White a ganhar a reputação literária que ela possui.

O QUE UM EDITOR NÃO PODE FAZER: É raro um escritor que não tenha recebido ajuda de um bom editor. Quando a gratidão aos editores é mencionada, os nomes de muitos escritores proeminentes, incluindo vencedores do Prêmio Nobel, vêm à mente. Não pensamos menos desses artistas porque eles receberam ajuda para publicar suas obras. Não importa o quão hábil o editor seja em corrigir, entretanto, é inconcebível que a energia criativa encontrada em um livro poderoso possa vir disso. O máximo que um editor pode fazer é podar o matagal para que a árvore literária possa aparecer da melhor forma, seus frutos prontamente disponíveis. Se os editores pudessem escrever livros poderosos, eles mesmos os escreveriam ao invés de passar suas vidas cuidando de outros livros.

Esse argumento – ao que nos parece – contesta aqueles que atribuiriam o poder da Sra. White como uma poderosa escritora religiosa à Marion Davis ou qualquer outra pessoa.

O QUE O CRITICISMO TEXTUAL PODE FAZER: O criticismo textual não pode nos dizer muito sobre porque se prefere mais um livro a outro. O seu potencial é mais modesto: tente separar as verdadeiras obras de um autor daquelas que fingem ser feitas pelo autor.

ELLEN WHITE NÃO É UMA ESCRITORA ORDINÁRIA: A Igreja Adventista afirma que Ellen White foi inspirada diretamente pelo Espírito Santo para escrever. Menos questões, o que pode ter deixado o brilho de um Milton, de um Chaucer ou até mesmo de um Tyndale imaculado, poderia, potencialmente, abalar a apreciação tradicional por uma escritora tal como ela.

SEUS ESCRITOS TRANSFORMAM VIDAS: Adventistas apostam seu emprego, sua dieta, e todo o seu estilo de vida (e de fato, em tempos de guerra, até mesmo sua própria vida) nas declarações de Ellen White. No início dos meses de inverno, por exemplo, o sol se põe antes do fim do expediente na maior parte das empresas. Para aqueles que aceitam os ditados de Ellen White, isso significa que ou eles devem fazer acordos especiais, ou renunciar o emprego nessas empresas. Essa pode ser uma séria dificuldade econômica. Se os adventistas começavam o sábado às 18hrs de sexta-feira e terminavam às 18hrs de sábado – uma prática que Ellen White desacreditava – a situação de emprego para quem guarda o sábado rigorosamente ficaria mais clara. A solução favorita pelos adventistas era entrar em profissões da área de saúde, na qual os adventistas poderiam exercer suas tarefas essenciais no sábado.

O QUE O NOVO MANUSCRITO DESCOBERTO VAI REVELAR?: A revelação do “Manuscrito de McAdams” tende a tornar os adventistas céticos em relação à objetividade do canal entre o Espírito Santo e as páginas dos trabalhos tão frequentemente (e estentóreo) citados como a última palavra em tantas controvérsias da IASD?

A maioria dos adventistas provavelmente concordaria que tanto a Bíblia quanto os escritos de Ellen White são autoridades primariamente no campo da religião, isto é, ao moldar nossas ideias sobre Deus e Seu caráter e Seus relacionamentos com o homem e o mundo, mas a maioria dos adventistas as considera autoridades, pelo menos até certo ponto, além da religião, como podemos ver, por exemplo, na insistência de administradores tais como Willis J. Hackett, Vice-presidente da Conferência Geral, de que professores de seminários adventistas devem consentir com a noção de que Paulo escreveu a Epístola dos Hebreus. Autoria é uma questão de ciência, não de religião. Hackett recentemente admitiu em público que ele ajudou no compromisso de James Cox, quem tem o PHD em Novo Testamento da Harvard, sobre precisamente esse assunto. A autoridade citada nesses casos é sempre alguma declaração de Ellen White.

Informativo sobre a leal oposição

EXISTEM FATOS REVELADOS? A minoria dos adventistas, embora aceitem a autoridade de Ellen White na religião, tem dúvidas sobre os apelos aos seus escritos para o estabelecimento de questões tão fatuais quanto à autoria de Hebreus e a idade da Terra. Eles argumentam Ellen White provavelmente tomou os assuntos como garantidos, e eles não foram enfatizados conscientemente, porque as crenças dela sobre esses assuntos estavam em harmonia com quase todos os cristãos evangélicos naquela época.

A NOSSA VISÃO SOBRE A INSPIRAÇÃO DEVERIA SER UMA PRIORIDADE OU NÃO? Como a maioria das questões, a questão do que Deus poderia ou não inspirar pode ser discutida com maior proveito quando temos alguma evidência. O manuscrito o qual o Dr. McAdams trouxe a luz é precisamente o tipo de evidência que uma visão sensata da inspiração pode se basear. Ao invés de tomar um ponto de vista da poltrona, que Deus poderia fazer isso, mas não poderia fazer aquilo, vamos nos levantar das nossas poltronas e deixar nossa visão de inspiração ser moldada pelos produtos da inspiração que caem em nossas mãos.

O QUE O MANUSCRITO REVELA: De acordo com aqueles que o viram, o recém-descoberto manuscrito contém mais do que a média de erros técnicos: erros de ortografia, erros de gramática, e frases incompletas. Se o Espírito Santo inspirou esse incontestável manuscrito, então, já que o manuscrito contém uma infinidade de erros insignificantes, podemos ter certeza de que o Espírito Santo inspirou certa quantidade de literaturas que contém erros técnicos e, por paridade de raciocínio, podemos propriamente suspeitar que Ele possa ter feito assim em casos triviais similares de declarações sobre a autoria de Hebreus e em observações improvisadas sobre a idade da Terra.

EXISTE MAIS: Mas, dizem aqueles que examinaram os manuscritos, as surpresas não ficaram apenas nas questões de ortografia, estilo, pontuação, sintaxe e clareza. O Dr. McAdams mostrou conclusivamente que grandes partes do capítulo são uma paráfrase da narrativa de Wylie sobre o mesmo assunto. Isso não foi um choque para os leitores da Spectrum (uma publicação escolar da associação semi-independente do Fórum Adventista) ou para os adventistas do sétimo dia da época, já que o livro de Wylie foi dado como prêmio por instituições adventistas publicadoras. Os artigos de William Petersen sobre (na Spectrum, no início dos anos 70) a dependência literária de Ellen White abriu a questão há poucos anos, mas a evidência da dependência direta e quase total nunca foi ordenada para a publicação tão categoricamente antes.

A EXPLICAÇÃO: A declaração inserida na edição atual do Great Controversy pelos editores do White Estate, isto é, que a Sra. White emprestou apenas uma porção de Wylie, D’Aubigne, a qual ela havia visto antes “em visões”, não pode mais ser sustentada. Ela deve ser rejeitada por ser um instrumento desajeitado para salvar faces que não precisam ser salvas.

MAIS SURPRESAS: Outras surpresas no manuscrito incluía a declaração de que houve “2500” anos entre a morte de Abel e a morte de Jesus Cristo. Em termos adventistas, isso diminuiria a idade da Terra em mais ou menos 4500 anos! O que isso nos diz sobre o nível de precisão que ela usava os números?

O PROCESSO DE EDIÇÃO: Talvez o aspecto mais enigmático desse caso seja que o material original dos manuscritos, representando as próprias palavras da Sra. White (principalmente falada e não factual) nunca foi publicado, nem na Great Controversy ou em qualquer outro lugar.

De acordo com a nossa fonte, McAdams acha isso peculiar porque, apesar dos erros de ortografia, gramática ruim etc., o material contém passagens de considerável poder.

Nossa fonte nos diz que é fácil de ver como a leitura de Ellen para a Great Controversy poderia, juntamente com as persuasões de Waggoner e Jones, ter fortemente influenciado Ellen White: longe do legalismo adventista tradicional e voltada para o posicionamento da Reforma sobre a justiça pela fé, pela qual ela arriscou a sua posição no mundo adventista para adotar.

GRANDE ERRO: Ao se focar em muitos pequenos detalhes numéricos e factuais como critério de inspiração, aqueles que negam que Deus poderia fazer com que um escritor escreva uma frase imperfeita que ignore a questão mais importante do assunto, o poder e a paixão moral e intelectual, de uma parte do escrito.

Os erros estão lá, em abundancia, nesse recém-descoberto manuscrito, mas o maior erro de todos seria regatear os detalhes factuais e falhar em responder uma mulher para que ela supere com paixão por Deus, justiça e liberdade.

A QUESTÃO DO PLÁGIO: O que se iniciou com uma paráfrase próxima de Wylie, intercalado com os comentários de Ellen White sobre o significado espiritual dos eventos narrados, de alguma forma foi editado e publicado como uma paráfrase próxima de Wylie e quase mais nada. A mão de um editor – muito possivelmente a de Marion Davis – estar trabalhando, tanto em publicar a língua do rascunho quanto em rejeitar tanto do material original, parece ser a explicação mais provável, mas é possível que a própria Ellen White tenha escolhido apagar os trechos de sua própria composição. O manuscrito não indica isso. Também é possível que esse rascunho tenha se perdido e, já que Ellen teve que refazer tudo, ela escolheu deixar de lado a tocante comparação entre o martírio de Huss e o martírio de Jesus, o que faz muito do novo material que surgiu. Todas essas possibilidades sobre as quais as emergentes críticas textuais da denominação vão, sem duvidas, lutar nos anos por vir.

UM ERRO QUE DÓI: Enquanto interessar a Marion Davis e a outros editores, a maioria dos estudiosos diria que as exclusões desse manuscrito são drásticas demais: A impressão de que esse capítulo é somente uma paráfrase de Wylie (o que Ellen White não tinha o direito de chamar de sua composição) é em grande parte resultado dessas exclusões. Ela foi acusada injustamente.

ISSO É TÍPICO? A evidência do manuscrito recém-descoberto vai para apenas um capítulo de um dos muitos livros de Ellen White, mas na falta de evidência de que esse capítulo é único, é justo concluir que o exemplar que nós temos é típico do livro como por inteiro e, até certo ponto, de outros livros também. O chamado que envolve os adventistas tem sido feito por décadas, para uma minuciosa reforma do modo de como os arquivos de E. G. White são manuseados, com referência especial à disponibilidade total dos seus escritos aos estudiosos e ao público leigo em geral, tem chances de ganhar força e, esperamos sinceramente, um resultado favorável. O Sr. e a Sra. Adventista Mediano continuam desconvencidos pelo argumento estabelecido para manter em segredo essa informação, que é tão relevante para as suas vidas, em um órgão social onde as decisões são frequentemente tomadas em nome daquelas informações.

De nosso conhecimento, não há nenhum bom motivo para que alguém no mundo, se assim desejasse, fosse prevenido de receber, por uma quantia adequada, alguma ou toda a herança literária da Sra. White, quer impressa ou xerografada.

PERGUNTAS NO FORMULÁRIO DE PUBLICAÇÃO: O formulário no qual os escritos da Sra. White foram impressos e publicados para venda parece não ter sido ditado pelo seu propósito manifesto. Esse propósito, é bom nos lembrarmos, é para ajudar as pessoas a saberem a realidade e bondade de Deus. As considerações quanto à quantidade total de vendas parecem ter levado mais peso do que deveriam. Dezenas de volumes, com margens brancas generosas cercando o texto impresso, podem ajudar a construir casas publicadoras denominacionais e auxiliar no orçamento do Estate, mas elas não ajudam a colocar o material nas mãos de leitores exigentes.

REPETIÇÃO: Outro defeito no processo é que existe uma quantidade cansativa de repetições. O Index mostra três ou quatro citações para a mesma declaração.

CONTEXTO PERDIDO: Um defeito muito mais sério do que os anteriores é que as notas explicativas e críticas ocorrem somente em passagens controversas, onde os pontos de vista da denominação e/ ou do White Estate são afirmados. (Por exemplo, quando uma passagem parece apoiar o uso de carne de porco. Uma nota de rodapé explica que mais tarde Ellen White mudou sua visão).

MINORIA FANÁTICA: Essas notas estão perfeitamente em ordem, mas um trabalho de suporte muito mais abrangente que tem informações contextuais faltando está atrasado. A sua ausência significa que a bomba-relógio está correndo na nossa vida corporativa, pronta para explodir quando algum membro da minoria fanática corrigir uma passagem ambígua e instar seus seguidores a marchar.

POSSÍVEIS LOUCURAS: Não existe motivo para uma revolta não começar por um devoto e rígido observador das proibições contra o queijo, seguro de vida, bicicletas, fotografias, tênis ou ópera, da mesma forma como eles já têm feito até certo ponto sobre a questão de enviar os filhos para a escola antes de terem 8 anos, usar vestidos mais curtos do que 22 cm de distância do chão, e usar antibióticos. Absolutamente nada, é claro, vai fazer a minoria fanática parar de fazer mau uso de qualquer tipo de escritura, mas uma denominação responsável não deveria deixar materiais físseis por aí.

UMA CONFUSÃO RECENTE? A nota de rodapé adequada, por exemplo, provavelmente poderia ter evitado a má conduta de milhares de jovens, que foram colocados fora de “sincronia” com seus colegas de grupo por causa de uma proibição imaginária contra enviar crianças de 6 anos de idade para a escola. (Ellen White sugeriu que as crianças esperassem alguns anos para que assim mais dinheiro fosse liberado para a construção de instalações médicas).

ESSA SITUAÇÃO PERIGOSA VAI CONTINUAR? Será que nossos filhos e netos vão continuar em perigo com essas armadilhas montadas para eles – sem os materiais que providenciamos – por Pied Pipers com uma coleção mimeografada de “declarações” em baixo do braço? Apenas como exemplo, será que dezenas de jovens adventistas vão continuar a se sentirem cada vez mais culpados e por fim largarem a escola, procurar algum esquema pronto de trabalho instantâneo, só porque permitimos capítulos tais como, por exemplo, “Rápido preparo para a obra” em Fundamentos da Educação Cristã, permanecerem como se fossem a resposta abrangente para a questão do preparo para uma carreira de trabalho?

JOVENS VIDAS MAL DIRECIONADAS: O REMANESCENTE poderia nomear pelo menos uma dezena de pessoas entre as idades de quinze e trinta anos cujas vidas foram mal direcionadas, pelo menos em parte, pelas passagens. O mínimo que podemos fazer é anexar comentários que coloquem a passagem em perspectiva. Se os jovens ainda quiserem largar os cursos que eles precisam para se tornarem médicos, dentistas, professores, ministros, advogados ou enfermeiros, ou o que for; se eles ainda quiserem partir para o mato com a ilusão de que a combinação de sertão com alfarroba, disciplina monástica e pobreza vão resolver os seus problemas, então esse será o seu privilégio, mas eles não serão mais justificados aos praguejar contra nós porque os privamos de informações que poderiam tê-los ajudado a atravessar as águas da vida em um lugar mais sensato.

CONSIDERAÇÃO ADICIONAL: A persistente suspeita de que o manuseio dos manuscritos – tanto o autógrafo quanto o datilografado – obscureceu o papel desempenhado por W. C. White e outros ao determinar o que alcançava a imprensa, sem dúvidas, vai crescer novamente com a publicação da monografia de McAdams. A suspeita não é uma demonstração, é claro, mas então também não é uma demonstração para simplesmente classificá-la como sem fundamentos. Se o White Estate deseja provar que essas suspeitas são falsas, ele conseguiria facilmente o fazer. Ele poderia publicar um inventário das posses do White Estate digamos que, tão completo quanto o que os escavadores de Heshbon publicaram as suas descobertas bem menos importantes. O fato de que o White Estate não cataloga seus tesouros para que o inquiridor estudioso possa, por exemplo, ter muita certeza de que Ellen White escreveu sobre “alfa da apostasia” por iniciativa própria em 1905 – 1907, e que isso não foi algo que Daniells e W.C. a persuadiram a fazer, é uma das evidências de que o adventista que segue o conselho de Ellen White para “deixar o poder real de a razão suportar a oscilação na vida” deve levar em consideração.

CONTEXTO IMPORTANTE: Depois de 1885, provavelmente por causa de sua adoção cada vez mais fervorosa da doutrina da Reforma da Justificação e Santificação (o termo adventista é: “justificação pela fé”), que foi vista pelos adventistas poderes que eram como uma negação da antiga ênfase adventista, Ellen White se tornou cada vez mais uma persona non grata em certos círculos na igreja americana. Essas antigas ênfases adventistas tediam (a) ao legalismo e (b) à visão de que o movimento do advento era único, ou talvez um movimento “restaurado” que deveria chegar a uma reivindicação final, através de autodisciplina, do requerimento de Deus que os homens obedeçam às leis bíblicas perfeitamente enquanto estiverem na terra.

A nova ênfase, caracterizada pela pregação de Waggoner e Jones, e dado o contexto histórico da Grande Controvérsia (que contradizia a noção de “restauração” ao traçar continuidade do movimento apostólico ao movimento do advento e permanecer em homens tais como Huss, Wycliffe, Luther, e Wesley durante o caminho) denunciaram o legalismo como uma perversão do evangelho e classificou o movimento do advento com fieis crentes evangélicos desde o tempo de Cristo.

HOSTILIDADE: Essa atitude de reprovação para com a Sra. White pelos antigos associados de seu marido (talvez influenciados pelo sexismo machista até certo ponto) foi provavelmente um dos fatores mais importantes na decisão do Comitê da C. G. para “convidar” a Sra. White para morar na Europa, e então na Austrália, e assim como a sua decisão de aceitar o “convite”. (Esse também foi o contexto para a decisão de Ellen de publicar Caminho a Cristo com Fleming H. Reveil ao invés da Review ou da Pacific Press).

DESCOBERTAS AUSTRALIANAS: Foi enquanto ela estava na Austrália que o triunvirato de W. C. White, A. G. Daniells e Ellen White foi formado. A associação desenvolveu uma plataforma – a reforma da política da denominação – e montaram o escritório sobre ela na seção da Conferência Geral de 1901. Daniells ficou no poder por 21 anos. Depois de montar o escritório ele consertou com a constituição de 1901 a fim de produzir uma política executiva forte e centralizada pela qual a denominação opera com tanto sucesso hoje.

ONDE NÃO HÁ VISÃO: Ellen White já não recebia mais visões em público naquela época. Ela tinha 74 anos em 1901. Ela foi para a semi-aposentadoria em Elmshaven, Napa Country, Califórnia. Por vezes ela e seu assistente, W. C., recebiam pedidos de orientação para tais questões denominacionais como a finalização da escola de medicina em Michigan, a retomada da mesma instituição em Loma Linda, Califórnia, e como as nuvens começavam a escurecer na Europa e no Oriente Médio, sobre as questões relacionadas a guerra.

RELATÓRIO SUÍÇO: Enquanto ela estava na Suíça, Ellen White escreveu sobre os jovens adventistas que tinham, fieis às exigências da Suíça, feito o seu “serviço de soldado” em serviço ativo por um tempo. Eles ganharam medalhas como bons atirados e Ellen não parecia reprovar a prática.

W. C. E ELLEN: UMA JUNÇÃO? Antes da guerra de 1914, a posição dos adventistas em relação ao combate mudou de uma aprovação relutante de porte de armas para uma forma de pacifismo qualificado, no qual os jovens eram instados a aceitar a proposta, mas pedir pelo status de não combatentes – o que os permitiria trabalhar em condições de batalha aos sábado, como parte do corpo médico e semelhantes.

O governo dos Estados Unidos sob a administração de Abraham Lincoln era um alvo impressionável para os esforços adventistas conseguirem um tratamento favorável para a sua juventude. Entretanto, antes de começar o próximo destacamento de soldados, uma carta pronta para adaptar as compunções contra matar e a observância de um dia sagrado foi recebida em Elmshaven de um país onde o serviço militar, quando existia, era raro. Sinceramente esperamos que ninguém pense que estamos sugerindo no que segue nenhuma impropriedade na resposta de W. C. White a essa crise. Em nossa opinião, a denominação possui uma grande dívida de gratidão à W. C. White e seu filho, Arthur, pelo seu uso de poder altruísta que sua posição de filho e neto da Sra. White lhes concedeu. Ambos colocaram os interesses da causa, ao os verem, acima de seus próprios interesses. Eles nunca alegaram serem infalíveis.

A DÚVIDA PERSISTE: Entretanto, nós que estamos vivendo nos anos 70 e esperando uma quantidade de tempo indeterminada nesse planeta imprevisível, não ousamos permitir gratidão e delicadeza para nos impedir de examinar essa questão vital: as opiniões de W. C. White ganharam certas vezes aceitação assim como o conselho inspirado de Ellen White? Se sim, a culpa não é necessariamente de W. C., mas não importa de quem é a culpa, não é o ponto importante. A questão importante para aqueles que creditam as declarações da Sra. White com autoridade divina é: quais são as declarações dela e quais não são?

O RESULTADO DA CONFUSÃO PODE SER TRÁGICO: Em junho de 1915, o pastor Guy Dail, secretário da Divisão Europeia da IASD pediu pela opinião de Ellen White em Elmshaven sobre a questão de se os jovens alemães da IASD deveriam exercer seus deveres militares mesmo aos sábados, assim como uma carta de L. R. Conradi, presidente da Divisão, os havia concedido o poder de escolher.

Era o último mês de vida da Sra. White.

W. C. respondeu em nome de sua mãe. Ele disse que havia recentemente apontado para ela que alguns membros da fé, tanto na América quanto na Europa, acreditavam ser melhor para os jovens adventistas recusar portar armas, mesmo quando eles sabiam que, como resultado de sua ação, eles seriam fuzilados. A Sra. White respondeu ao seu filho: “Eu não acho que eles devam fazer isso. Eles devem exercer os seus deveres enquanto o tempo durar”.

AMBIGUIDADE: Mas qual era o dever deles? Foi exatamente para essa pergunta que o pastor Dail e seus jovens irmãos adventistas queriam uma resposta, mas a enferma profetiza, embora não quisesse vê-los serem fuzilados, aparentemente deixou a questão dos seus deveres para a consciência individual deles, da mesma forma que Conradi havia feito.

De acordo com Jacob Patt, o significado da declaração que W. C. havia citado não era “totalmente clara para os oficiais da denominação, e causava certa confusão”.

Posfácio: Depois que a carta foi enviada de St. Helena, a Sra. White, apesar da sua enfermidade, enviou uma carta para a Divisão Europeia na qual ela encorajava todos os homens convocados a exercer o serviço militar a permaneceram enquanto fosse necessário.

Se o Senhor abriu suficientemente o futuro para que ela pudesse ver que os adventistas alemães nas trincheiras matariam e seriam mortos por ingleses, franceses e adventistas alemães nas trincheiras opostas não é totalmente claro, mas que sejamos perdoados por suspeitar que isso não aconteceu, e se tivesse acontecido, ela poderia ter sido menos enérgica na sugestão de os alemães exercerem seus deveres.

Nessa segunda carta, Ellen lembra que quando Cristo esteve diante de Pôncio Pilatos, o governador romano da Judeia, Ele “reconheceu que as guerras não eram sempre injustas ou erradas.” Essa é uma aparente referência a João 18:36, onde Jesus diz a Pilatos:

“O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui… Nenhuma autoridade teria sobre mim, se de cima não te fosse dada; por isso, quem me entregou a ti maior pecado tem. João 18:36 e 19:11. RA

COMO A DECLARAÇÃO FOI INTERPRETADA: A declaração da Sra. White era geralmente interpretada por adventistas alemães como os homens adventistas devendo exercer fielmente seus deveres militares, se necessário, portando armas e servindo nos sábados. Líderes adventistas sentiram que os jovens adventistas que tentavam ser liberados do serviço militar estavam tentando escapar de um dever necessário. Conradi aconselhou os membros da igreja a orarem pela vitória das forças alemãs. A versão oficial é que ele fez isso sem a sanção de outros níveis da organização Adventista.

PRIORIDADE DO SÁBADO: De acordo com Patt, “Os membros do Comitê Executivo da Divisão Europeia esperavam que se os adventistas do sétimo dia exercessem seus deveres para com o governo, o desejo da denominação de respeitar a questão do sábado receberia uma atenção mais favorável”. O pacifismo não parecia ser um ponto importante.

Alguns adventistas se recusaram a seguir Conradi e a liderança. Eles se opuseram aos objetivos de guerra de Kaiser e se recusaram a serem recrutados. Eles se tornaram, por aproximadamente, três ou quatro anos, criminosos perseguidos. A maioria seguiu o conselho dos líderes alemães da IASD e os seus jovens entraram no serviço e administravam seus escrúpulos da forma que lhes fosse pertinente.

NOSSA ÚNICA CISMA ATÉ AGORA: A. G. Daniells estava presente na reunião pós-guerra para resolver a disputa entre “colaboradores” e “resistentes”. Ele persuadiu os incumbentes oficiais da IASD a reconhecerem seus “erros” ao apoiar os objetivos de guerra de Kaiser e também a expressar seu arrependimento pelo resultado de seus “erros”.

Isso não satisfez os alemães da IASD cujos filhos passaram os três ou quatro anos anteriores se escondendo pelo bem da consciência. Resultou uma cisma, que continuava até o dia de hoje. O movimento da Reforma da IASD, que está prestes a construir um edifício significativo para a igreja na Carolina do Sul, foi o resultado. Ele atraiu principalmente pessoas de origem europeia que preferiam a interpretação literalista da Bíblia e dos escritos de Ellen White. (alguns deles, por exemplo, não vão aceitar nenhum tipo de tratamento com drogas de tipo algum, incluindo antibióticos etc.)

A PERGUNTA: A lealdade de A. G. Daniells para com W. C. White tinham alguma coisa a ver com a sua inclinação para o lado dos colaboradores ao invés dos resistentes? Talvez nunca vamos saber. O que sabemos é que o papel de Ellen e W. C. na confusa situação que resultou na cisma alemã recebeu pouca ou nenhuma exposição além das prateleiras de bibliotecas de pesquisa.

Adventistas que gastaram milhões de dólares com os livros dela, e que moldaram suas vidas, algumas vezes com certo sacrifício, de acordo com aquilo que eles tomaram como conselhos dela, merecem ricamente saber exatamente o que Ellen White escreveu e disse, e quais mudanças, se tiver alguma, acorreram no processo de transmissão. Eles merecem saber o contexto de seus escritos, e eles merecem poderem consultar seus escritos de uma forma barata, com edições compactas, sem duplicações ou páginas em branco sobrando. Quer liberal ou conservadores, todos os adventistas podem se unir nisso e o Ellen White Estate deve ser parabenizado por ter cooperado com McAdams por ter ressaltado a questão.

O LORENZO VALLA DO ADVENTISMO: O representante que revelou o segredo dificilmente poderia estar preparado de forma mais eficiente para essa tarefa essencial.

Colportores Adventistas (sejam abençoados) vendem milhões de dólares com a assinatura de livros indo de casa em casa todos os anos, e uma porção considerável do lucro desses livros vai para o Ellen G. White Estate como direitos autorais, do qual Arthur White foi o diretor por mais ou menos 40 anos. O departamento de publicações da Conferência Geral da IASD, em um dos pisos acima do escritório do White Estate, governa e promove a manufatura, a distribuição e a venda desses e de outros livros. Uma figura central (se não dominante) no departamento por muito tempo enquanto Arthur White estava no escritório do White Estate foi D. A. Adams, quem passou sua vida promovendo a literatura adventista com considerável sucesso. Quando ele se aposentou, o Pastor McAdams se tornou o secretário do departamento, e manteve aquele escritório por muitos anos. Era no mínimo um desejo eminente do ponto de vista do Estate que ele e Arthur White formassem um relacionamento de confiança. Era provável que eles não fossem tomar a sua fonte de renda por garantida. D. A. McAdams se aposentou poucos anos mais tarde e se mudou para o Texas. Não muito tempo depois, seu filho, D. R. McAdams (“Don”), o seguiu até aquele estado.

TREINAMENTO PARA A TAREFA: Quando ele alcançou a maturidade, Don seguiu a profissão histórica e fez um doutorado na Universidade Duke, especializando-se em história política inglesa. Ele se tornou, ao longo de sua graduação, um habilidoso juiz de manuscritos e ganhou experiência no agrupamento, colação, comparação e análise de tais documentos. Em outras palavras, assim como Lorenzo Valla, apesar de não ser principalmente um estudioso bíblico, ele era um hábil crítico textual!

A CONEXÃO DE TAKOMA PARK: Arthur White conheceu Don enquanto menino. Quando o sério, zeloso e capaz jovem adventista que ele sempre aceitou como um da “família da Conferência Geral” apareceu no cofre do White Estate, naturalmente lhe foi oferecido todas as cortesias que qualquer outro visitante teria recebido, e (a possibilidade mal pode ser negada) pode ser que tenham lhe mostrado coisas que outros estudiosos não tenham visto.

Se essa hipótese (que não tem a intenção de acusar) é verdadeira ou não, o Dr. Don McAdams, agora presidente do Colégio Adventista do Sudoeste e membro do Comitê Executivo da Conferência Geral, mas depois professor da Universidade Andrews, viu um manuscrito que lhe mostraram, e aconteceu de esse ser o rascunho autografado para um capítulo de um dos livros mais influentes de Ellen White: O Grande Conflito, que foi vendido aos milhares das sacolas dos Colportores do pastor McAdams.

O QUE TUDO ISSO SIGNIFICA: Os manuscritos, supostamente identificados pelo White Estate como vindos diretamente das mãos de Ellen White, vão convencer a todos, até a mente mais completamente congelada, de que o criticismo textual do vasto corpus de palavras da Sra. White não se deve permitir atrasar por muito mais tempo.

NOTAS

  1. É provável que a sua leitura de O Grande Conflito, já que isso a levou a enaltecer heróis tais como Wycliffe, Huss, Luther e Wesley, influenciou a teologia de Ellen White e foi longe ao fazê-la oscilar para favorecer as visões de Waggoner e Jones e opor o legalismo contra esses heróis que tão ardentemente se revoltaram.
  2. Jacob Michael Patt, A História do Movimento do Avento na Alemanha (Dissertação de PHD Universidade de Stanford, 1958). Reproduções xerografadas disponíveis do University Microfilms, Ann Arbor, Michigan, USA em tanto por página.
  3. As Sociedades Bíblicas da Inglaterra e dos Estados Unidos publicavam tradicionalmente os escritos “sem notas ou comentários”, mas a Today’s English Bible, soberba tradução recentemente publicada tem excelentes artigos introdutórios para cada livro e outros auxílios. Um texto fora de contexto facilmente se torna pretexto. Todos os movimentos de heresia surgiram de alguém que tirou o texto do contexto.

 

Ellen G. White Research Center

01 de janeiro de 1978

Tradução: Giovanna Finco