Vanderlei Dorneles, Ms. Teologia e Com. Social
Professor no Unasp, Campus Engenheiro Coelho, e diretor da Unaspress

ResumoEste artigo analisa a contribuição do pontificado de Karol Wojtyla para a restauração do poder papal, poder este perdido desde o final do século 18. Através de sumários, o autor toma em consideração o extraordinário impacto das mais importantes ações e documentos articulados por João Paulo II, com a intenção de reaproximar a Igreja Católica dos seus inimigos históricos, bem como do poder político mundial. Dorneles conclui sua análise sinalizando que as feridas históricas restauradas pelo papa João Paulo II convergem para a restauração da ferida maior, profetizada no Apocalipse.

AbstractThis article comprises an analysis of the contribution made by the pontificate of Karol Wojtyla to restore the papal power, that historically had been lost since the end of the 18th century. By way of summaries, the author takes into consideration the massive impact of the main actions and documents articulated by John Paul II, intended to get the Catholic oser to its historical enemies as well as to the world political powers. Dorneles concludes indicating that the historical wounds restored by pope John Paul II, converge with the restoration of the major wound, predicted in the book of Revelation.

Introdução

A imagem do último dia do velório de João Paulo II correu o mundo através de milhares de canais televisivos, impressos e eletrônicos.1 O longo e emocionante funeral do pontífice popular que fez o terceiro maior pontificado da história católica foi acompanhado por mais de 1 milhão de fiéis, na Praça de São Pedro.2

Nesta praça, fotógrafos registraram a cena histórica: o caixão do papa cercado por um cinturão de cardeais de vestes vermelhas e brancas; no altar à direita, o então decano do colégio de cardeais Joseph Ratzinger que oficiava a cerimônia, no outro extremo, líderes de diversas religiões que também prestavam suas homenagens; à direita de Ratzinger, grande número de políticos e estadistas, de ternos escuros, que ali compareceram para honrar Karol Wojtyla, o papa que encantou o planeta. A cerimônia se desenrolou “diante dos mais importantes líderes políticos e religiosos de todo o mundo”.3 Foi literalmente, “o dia um que o mundo parou pelo papa”, segundo manchete do jornal O Estado de S. Paulo.4 A cena foi impressiva. “Em reconhecimento à santidade de João Paulo II, chefes de Estado, tão acostumados à frieza dos funerais, emocionaram-se e alguns chegaram a comungar”.5

O prestígio do papa pôde ser avaliado pelo espaço que sua morte e sua sucessão ocuparam nos meios de comunicação ao redor do mundo. Foi o acontecimento de maior repercussão na mídia de todos os tempos. Além disso, Wojtyla conseguiu alterar o padrão geral das coberturas midiáticas dos fatos católicos, em geral, muito críticas. A cobertura foi marcada pelo “emocionalismo” e “ausência de uma interpretação crítica” dos fatos, o que caracterizou um “retorno à Idade Média”, na maneira de o mundo relacionar-se com a Igreja Católica.6 Diversificada por sua natureza, a imprensa, desta vez, “mostrou-se unânime no tom solene e grave de uma cobertura que transformou a praça São Pedro no centro do planeta”.7

Tanto em vida quanto na morte, o polonês Karol Wojtyla exerceu forte influência no sentido de restaurar a admiração e o respeito mundial pela Igreja de Roma. Na semana do velório, o presidente americano George W. Bush, seu pai George Bush, o ex-presidente Bill Clinton e a secretária de Estado Condoleezza Rice ajoelharam-se diante do esquife em veneração e reconhecimento da importância do primaz de Roma.8 Uma comitiva ecumênica brasileira liderada pelo presidente Lula também homenageou o papa e seu pontificado de 26 anos.

As imagens do sofrimento do pontífice circularam pelo mundo todo e despertaram compaixão e simpatia pelo esforço e sacrifício mostrados ao longo de sua vida e mais acentuadamente nos últimos dias. O impacto dessas imagens e seu poder de arregimentar simpatias e de despertar apoio em prol das causas religiosas de Roma certamente ainda serão sentidos.

Para Alberto Dines, diretor do “Observatório da Imprensa”, Karol Wojtyla vai entrar para a história “pelo carisma, pela fé que transmitiu, pelas férreas convicções, pela disposição física, pela coragem de enfrentar desafios que poucos pontífices enfrentaram e, sobretudo, pelo uso que soube fazer dos meios de comunicação”.9

O pontificado de Wojtyla destacou-se por seu efeito pacificador e reconciliador. Ele foi um restaurador de feridas. Visitou mais de 100 países, viajou mais de 1 milhão de quilômetros. Conseguiu aproximar da Igreja muitos de seus inimigos históricos. Por meio de documentos assinados por seu punho, encíclicas e missas especiais, tratou feridas milenares e rompeu barreiras que separavam os católicos dos protestantes, judeus, islâmicos, ortodoxos, anglicanos e mesmo da Ciência.

A maior ferida para a qual o pontificado de João Paulo II iniciou um processo de restauração, porém, está para além das questões históricas citadas. A restauração dessa chaga poderá implicar um definitivo reposicionamento da Igreja no centro do mundo político e religioso, o que vai lhe outorgar o poder de moldar costumes, ditar leis universais, impor crenças e ritos, determinar quem deve viver e quem deve morrer. Esta ferida histórica, imposta ao papado pela Revolução Francesa e prevista há dois mil anos no Apocalipse, arrebatou os poderes terrenos das mãos do papado e da Igreja. Mas as imagens de estadistas de todo o mundo ao redor do papa morto, anunciaram silenciosamente que a retomada desse poder é iminente.

Para se ter uma visão clara da importância do pontificado de Karol Wojtyla e de seu efeito restaurador, é preciso lembrar a geografia do poder no final da década de 1970, quando ele assumiu a liderança do catolicismo, repassar algumas de suas iniciativas, bem como rever documentos de seu pontificado. O objetivo deste artigo é fazer uma menção resumida das principais ações pacificadoras do papa a fim de se alcançar uma visão do conjunto das mesmas e de se vislumbrar seu efeito no sentido de restaurar as relações da Igreja com o mundo moderno.

Poder disperso

Durante a Idade Média, o papado gozava de elevado prestígio. O mundo era um só. O continente europeu era o centro da civilização e a igreja estava no núcleo de todas as decisões envolvendo o poder temporal. No final da década de 1970, porém, o mundo estava dividido em diversas forças, muitas delas hostis à Igreja romana.

Essa geografia do poder pode ser resumida em quatro aspectos principais: 1) O mundo político estava polarizado entre os Estados Unidos e a antiga União Soviética. A Guerra Fria impunha o pesadelo de uma hecatombe nuclear que poderia destruir o mundo.10 A Igreja estava à margem do poder político e sem influência de ambos os lados. 2) No cenário religioso, as divisões históricas do cristianismo dificultavam ao papa qualquer ação ecumênica de vulto, já que protestantes, anglicanos e ortodoxos permaneciam separados da Igreja romana. Além disso, o catolicismo amargava uma inimizade ferrenha do Islã desde as Cruzadas, e dos judeus, desde o Holocausto. O crescimento do pentecostalismo era outro fator que pesava contra o catolicismo, já que a renovação carismática no meio católico veio tardiamente, só década de 1960, ao passo que os evangélicos já experimentavam essa renovação desde o início do século.11 3) No campo da Ciência, a Igreja fora posta à margem da credibilidade desde a controvérsia com Galileu e desde o lançamento da teoria da Evolução. 4) Internamente, a Igreja sofria as consequências de um clero partido entre conservadores e progressistas, estes divididos em dois grupos: europeus e americanos que buscam aberturas para as questões morais e os sul-americanos que defendiam a Teologia da Libertação, desejando empurrar a Igreja para uma revolução social.

Atitudes históricas equivocadas lançaram o catolicismo no vazio de poder, nesse mundo dividido.

Desde o século quarto da era cristã, a Igreja assumiu uma postura intolerante e autoritária em relação a seus oponentes. Essa postura começou a se evidenciar a partir da conversão de Constantino. Sabemos que em 312 d.C., durante uma batalha, o imperador foi surpreendido pela visão de uma cruz no céu. Ele venceu a guerra, atribuiu a vitória ao Deus dos cristãos e tornou-se um deles. No ano seguinte, os cristãos passaram a ter liberdade de culto e, em 321, o domingo virou um dia santo, no qual todos deviam deixar suas atividades e cultuar. Com a morte de Constantino, em 337, seu filho Teodósio ascendeu ao trono e iniciou uma política de perseguições às outras religiões e aos inimigos da Igreja. A religião tinha dado as mãos ao Estado, que a recomendava, protegia e lutava contra seus opositores. A Igreja cristã montou-se sobre uma “besta” (símbolo apocalíptico para poder político), capaz de cumprir seus desígnios e atender a sua vontade.

A queda de Roma, em 476, com a invasão dos bárbaros, possibilitou ao bispo de Roma, já chamado de papa, assumir a posição de comando do mundo, o que ampliou grandemente o poder e a influência do papado. Ele se tornou a única instituição capaz de assegurar ordem num mundo tomado pelos bárbaros, os quais inclusive passaram a reconhecer seu poder. A igreja acumulou o poder civil, tomou as forças militares, e lançou o mundo na Idade Escura.

O papado fez fortunas com as indulgências e a adesão de todos os nobres. Os pecados de Roma, porém, acumulados junto com seu ouro, aos poucos foi minando as bases de seu domínio. Durante séculos o trono da Igreja romana foi ocupado por homens desonestos, aventureiros, depravados, viciados. A instituição que era para ser o retrato de Deus tornou-se o retrato do pecado. Foi esse o caminho que levou a Igreja e o papado ao descrédito e ridículo perante o mundo. No final da Idade Média, iniciava-se uma “ferida de morte” sobre uma das cabeças da besta, que a levaria ao precipício na Revolução Francesa.

O processo de civilização, colocado em curso na Europa no final da Idade Média, possibilitou à população poder ler e pensar. Houve a Renascença, que recolocou o homem no centro da cultura.12 Ocorreu a Reforma, que enfraqueceu a Igreja no norte da Europa, e o Iluminismo, que instituiu o critério da Razão como a norma da vida, liquidando a força da Igreja em todo o continente.13 O povo simples passou a ser instruído a ver seu valor, seus direitos, sua força. A influência exercida pelos pensadores independentes, por meio de seus livros, abriu os olhos da Europa. Esse processo culminou com a Revolução Francesa, cujo espírito se espalhou por toda a Europa.14 O poder da Igreja e de seu líder ruiu. A credibilidade da religião oficial e o respeito pelo clero se substituíram pelo mais acirrado ódio, refletido em teorias científicas que desmontavam as teses da Igreja, correntes humanistas que emanciparam o homem e descartaram Deus da vida.15 Consolidou-se a “ferida de morte” sobre o papado e a Igreja perseguidora, como profetizado no Apocalipse de João.

A esta lista de pecados da Igreja, acrescenta-se ainda o fato de ela não ter conseguido em tempo entrar no passo da modernidade. No século 18, o papa Pio VI esbravejava contra “a abominável filosofia dos direitos humanos”, defendida pela Revolução Francesa. E não era por menos. A revolução matou padres na guilhotina e confiscou terrenos da Igreja. No século 19, Roma voltou-se contra a industrialização: os papas atacavam as ferrovias, o gás, a iluminação. “A igreja deposta do papel de dona do mundo, virou inimiga declarada da modernidade. E, como a modernidade é uma inimiga poderosa, o papa foi ficando mais e mais irrelevante. A Igreja chegou à metade do século 20 sem poder político”.16

Tratando a ferida

Com o Concílio Vaticano II, em 1966, a Igreja começou a mudar sua estratégia no tratamento com a modernidade. Alterou a liturgia, abriu a guarda para o ecumenismo e a renovação carismática.17 Começou a tomar fôlego. Mas as mudanças que lhe devolveriam a posição de centro no mundo seriam tomadas pelo papa polonês. João Paulo II liderou os quase um bilhão de católicos com decisões e atitudes internas conservadoras na área moral, e iniciativas externas muito modernas na área filosófica, política e científica.

No início de seu pontificado, com a primeira visita à Polônia, em 1979, ele exerceu influência decisiva para desestabilizar os regimes comunistas do Leste Europeu, preparando o terreno para a derrocada destes governos no final da década de 1980, o que lhe possibilitou vantajosa amizade com os Estados Unidos. Segundo Richard Allen, secretário de Segurança Nacional de Ronald Reagan, o papa João Paulo II e Reagan “formaram uma das maiores alianças secretas de todos os tempos”.18

Ainda em 1979, no primeiro ano de seu pontificado, por ocasião da comemoração do 900o aniversário do martírio de São Estanislau, o padroeiro da Polônia, a visita do papa à capital Varsóvia fez estremecer o regime comunista. A cúpula vermelha em Moscou recomendou ao governo polonês que não aceitasse a visita do pontífice. O governo de Varsóvia, no entanto, não podia impedir a entrada de um cidadão polonês em sua própria terra natal, embora ele fosse o papa. João Paulo II seria o primeiro pontífice a entrar num território comunista. Na visita que durou uma semana, as multidões o saudavam com o refrão “Queremos Deus! Queremos Deus!”.19 Em vista da adesão popular a seus discursos, um documento do Conselho para Assuntos Religiosos da União Soviética relatou: “Os camaradas poloneses caracterizaram João Paulo II como mais reacionário em assuntos da igreja e mais perigoso no nível ideológico que seus predecessores. Quando cardeal, distinguiu-se por sua posição anticomunista”.20 O movimento popular em prol do catolicismo e da retomada da religião se fortaleceu após a visita do pontífice. Fortaleceu-se também o sindicato Solidariedade, uma instituição permeada pelos valores católicos e a principal opositora do governo comunista.

Em junho de 1989, na primeira eleição direta após o início do comunismo, a Polônia deu 261 cadeiras, das 262 de seu Senado, ao partido Solidariedade. Esse fato marcou o fim do regime socialista no país, e geraria um efeito dominó sobre todos os demais governos comunistas do Leste Europeu. Em seu livro Sua Santidade, os escritores Marco Politi e Carl Bernstein afirmam que o papa João Paulo II tornou-se, então, o centro em volta do qual a história passou a girar.21 A Igreja voltava ao núcleo do mundo, uma vez que seu chefe foi a peça-chave para o desmonte de uma das piores situações já vividas pelo Ocidente, a Guerra Fria.

O falecido padre jesuíta, assessor pessoal dos papas João XXIII e Paulo VI, Malachi Martin, em seu livro The Keys of this Blood (“As chaves deste sangue”), diz que a eleição do papa João Paulo II foi estrategicamente feita como um projeto católico para o estrangulamento do comunismo, parte de um plano secular da Igreja para assumir o controle de uma Nova Ordem Mundial.22 Como cidadão polonês, o papa poderia entrar na Polônia, por que apesar de ser o chefe católico, ele era um cidadão do país.

Segundo Martin, o programa do pontífice polonês desde o início foi o de trabalhar pela derrocada do Comunismo no Leste Europeu, como uma condição indispensável para que o Vaticano pudesse assumir o controle da Nova Ordem Mundial, possibilitando a Igreja tomar nas mãos outra vez os destinos do mundo. Além do Comunismo, constava dos planos originais do Vaticano que também o poder capitalista ocidental, sediado nos Estados Unidos, fosse cooptado pelo papa. No entanto, a mesma expectativa de controle da nova ordem já era assumida pelo ex-presidente americano George Bush, no início dos anos 1990: “É uma grande idéia: uma nova ordem mundial, onde diversas nações se unem numa causa comum”. E na visão de Bush, “unicamente os Estados Unidos da América do Norte tinham tanto os meios econômicos quanto a posição moral para sustentá-la”.23 De acordo com Martin, o papa João Paulo II, por sua vez, insistia que “os homens não têm nenhuma esperança segura de criar um sistema geopolítico, que possa subsistir, a menos que seja sobre a base do Cristianismo Católico Romano”.24 Na verdade, João Paulo II, como pretendente ao controle da Nova Ordem Mundial, reclamava para o papado “o direito de ser o supremo tribunal de julgamento na sociedade planetária”.25 Na disputa pelo controle desse poder mundial, Martin acertou quanto ao primeiro bloco político a ser desintegrado pelo papa, mas, quanto ao segundo, certamente, em vez de antagonizá-lo, os papas vão continuar buscando aproximação do mesmo como têm feito nas últimas décadas.

A obstinação com que João Paulo II perseguiu sua meta de restaurar o poder temporal da Igreja e sua influência sobre os destinos do mundo tinha um fundo espiritual. Segundo Martin, enquanto recuperava-se do atentado sofrido em 1981, o papa teria recebido um visita espiritual da Virgem Maria que lhe prometeu fazê-lo herdeiro e controlador da Nova Ordem Mundial, a ser estabelecida sob sua influência direta.26

No campo religioso, consciente da necessidade de ter apoio global, João Paulo II procurou reparar as brechas que mantinham afastadas as três religiões monoteístas. Ele foi o primeiro pontífice a entrar numa sinagoga, em 1986, em Roma.27

Um ato importante na reconciliação com inimigos históricos foi o documento da Santa Sé sobre a Shoáh “Nós nos lembramos”, divulgado em 1998, em que a Igreja liderada por Karol Wojtyla reconhecia os preconceitos que levaram os cristãos a falharem no resistir ao mal contra os judeus. O papa pedia perdão pelos erros da igreja no Holocausto.28

No ano seguinte, o papa pediria perdão por erros ainda mais antigos e muito danosos, por meio do documento chamado “Memória e Reconciliação: a Igreja e as Culpas do Passado”, preparado pela Comissão Teológica Internacional, sob a presidência do então cardeal Joseph Ratzinger e publicado como “um ato de arrependimento”. Nesse contexto, em sua exortação à Igreja, o papa João Paulo II declarou que “é preciso dar reconhecimento a qualquer parte que a Igreja teve no crescimento e divulgação do anti-semitismo na história. É preciso pedir perdão por isso a Deus e todo esforço deve ser feito para favorecer encontros de reconciliação e de amizade com as crianças de Israel”.29

O texto sobre erros do passado fez também alusão à tortura e à queima de hereges nas fogueiras da Inquisição. Nesse mesmo documento, a Igreja pediu perdão pelas Cruzadas, contra os muçulmanos. Aliadas a este pedido, as visitas do papa aos países islâmicos ajudaram a reforçar a aproximação com o Islã. João Paulo II também foi o primeiro papa a entrar numa mesquita, em maio de 2001, ocasião em que ele incentivou cristãos e muçulmanos a pedir perdão pelos erros do passado.

Em visita a Jerusalém, durante o jubileu do ano 2000, o papa em oração junto ao Muro das Lamentações, deixou ali um bilhete a Deus: “Peço perdão, em nome de todos os católicos, por todas as injustiças contra os não-católicos no decorrer da história”, confessando o anti-semitismo dos cristãos.30

Em março de 2000, na basílica de São Pedro, ele realizou a missa do “Dia do Perdão”. Propôs um exame de consciência para a igreja no início do novo milênio. Dizia: “Pai, nos pediste para amar os inimigos, fazer bem aos que nos odeiam e orar pelos que nos perseguem. Muitas vezes, porém, os cristãos contrariaram o evangelho, agindo pela lógica da força, violaram os direitos de etnias e povos, prejudicando suas culturas e costumes religiosos”.31

Os muçulmanos também foram impressionados pelo papa, na época de sua visita ao terrorista que tentou matá-lo, em 1981, Mehmet Ali Agca. “Eu falei com ele como se fala a um irmão, ao qual já perdoei e que goza da minha inteira confiança”, disse o papa.

A separação de meio século entre cristãos católicos e protestantes, motivos de inúmeras guerras em partes da Europa, também recebeu atenção especial do pontificado de Karol Woityla. Em diversas ocasiões, o papa se dirigiu aos protestantes como “nossos irmãos”.

As iniciativas do pontífice e da Cúria Romana culminaram num fato histórico, em 1999, a assinatura da “Declaração Conjunta sobre Justificação”, que, em tese, pôs fim a uma história de controvérsias doutrinárias. Católicos e luteranos assinaram o documento, em que concordaram nos seguintes pontos: 1) A salvação resulta da graça de Deus e não das boas obras como mantinham os católicos. 2) Só se chega à salvação pela fé, como ensinou Lutero. 3) Embora não levem à salvação, as boas obras são consequência natural da fé.32 O texto ainda diz: “Nosso consenso em verdades básicas da doutrina da justificação precisa surtir efeitos e comprovar-se na vida e na doutrina das igrejas… Damos graças ao Senhor por este passo decisivo rumo à superação da divisão da igreja. Rogamos ao Espírito Santo que nos conduza adiante para aquela unidade visível que é a vontade de Cristo”.33

O papa se referiu à assinatura da declaração como “a superação de pontos de doutrinas incompatíveis há 500 anos”, “um marco no complexo caminho para reconstruir a plena unidade entre os cristãos”.34

O pontificado de João Paulo II fez uma verdadeira revisão na história do catolicismo. O papa adotou uma política de arrependimento e confissão que serviu para curar feridas históricas. Em decorrência desta política pacificadora, ele conseguiu reunir, em 2002, na Itália, cerca de 150 líderes cristãos (católicos, protestantes, ortodoxos), muçulmanos, judeus, budistas, hindus, sikhs, jainistas, xintoístas, zoroastristas, confucionistas e animistas para uma missão ecumênica.

João Paulo II também tentou, com relativo êxito, superar a barreira secular que separava Ciência e Religião. Desde a controvérsia com Galileu Galilei, no século 17, em função da posição e do movimento da Terra em relação ao Sol, e do lançamento da teoria evolucionista de Charles Darwin, no século 19, a igreja ficou à margem da ciência, como uma instituição destituída do critério da Razão.

Em outubro de 1992, João Paulo II reabilitou Galileu, favorecendo sua visão heliocêntrica como justa e correta e afirmando tratar-se de um bom cristão. Por ordem papal, pesquisadores de diversas universidades católicas, entre elas, a Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano, buscaram um ponto de aproximação entre a visão bíblica da Criação e a teoria darwinista. O resultado foi o que o papa declarou em 1996: “a teoria da evolução é mais do que uma hipótese”.35 Sobre a declaração papal, o padre Paul Schweizer, da PUC do Rio de Janeiro, afirmou que “o Gênesis foi escrito como um mito da criação baseado na ideia que o povo daquela época fazia de Deus”.36

Para João Paulo II, as duas instituições falharam não em suas respostas, mas na maneira como procuraram se entender no passado. No dia 15 de outubro de 1998, ele lançou a encíclica “Fides et Ratio”, defendendo o uso da razão humana na busca pela verdade, na qual deu eco ao pensamento de Thomas de Aquino.37 O caminho estava aberto para que a igreja assumisse sua posição como uma instituição que valoriza a investigação científica.

Dentro da Igreja, o papa enfrentou desafios fortíssimos. Ele, no entanto, declarou cedo que a Cúria Romana dizia a seu antecessor o que fazer e quando fazer. “Eles não vão me dizer o que fazer. Eu decidirei. Eles não vão me matar.”38  Na Europa, ele enfrentou os liberais preocupados com a posição rigorosa da Igreja na área moral. Os padres e bispos que defendem o fim do celibato, o relaxamento no uso de anticoncepcionais por parte dos fiéis e mesmo a tolerância do homossexualismo tiveram que ficar em silêncio e amargaram a publicação de importantes encíclicas e do novo catecismo, nos quais uma linha moral rígida foi mantida e prescrita para as próximas décadas. Na América Latina, clérigos de orientação socialista e defensores de uma Revolução apoiada pela Igreja foram desligados de suas funções, como Leonardo Boff.

João Paulo II criou um clero mais coeso, embora essa coesão tenha sido resultado da ação de mão-de-ferro.

Consideradas as iniciativas do papa no sentido de empurrar o comunismo para o precipício, de retomar relações com inimigos históricos e de atualizar a Igreja em relação à Ciência, por ocasião de sua morte seu legado para a Igreja foi o de um mundo mais simpático e aberto para os interesses do Vaticano. “A maior marca do pontificado do polonês Wojtyla será, no entanto, o prestígio de que dotou o papado dentro e fora da Igreja. Ninguém imaginaria um início de século 21 tendo como uma de suas grandes figuras o papa, um dos mais arcaicos cargos do mundo. Num mundo em que as religiões tradicionais perdem espaço, João Paulo II conseguiu impressionar com sua fidelidade aos princípios”.39

Dines analisa que antes de João Paulo II, “os papas eram os pastores de um enorme rebanho”. Com ele e após ele, porém, “os papas passarão a ser pastores-mediadores, guias e arautos do rebanho planetário. Karol Wojtyla ajudou a mudar o mundo, mudou a forma de relacionamento da religião com o mundo e do mundo com a religião”.40

O efeito

Uma evidência de que a Igreja passa a ocupar de novo o centro do mundo, em resultado das ações reconciliadoras de João Paulo II, foi dada por ocasião de seu velório, transmitido para o mundo todo como o de uma celebridade. Importantes veículos impressos nacionais e internacionais dedicaram cadernos especiais para a cobertura e interpretação do evento. Noticiários televisivos deram metade ou quase toda a edição de uma semana à cobertura do adeus ao papa. Uma multidão recorde visitou Roma naquela semana.

A essa espécie de “veneração”, somam-se depoimentos de políticos, estadistas e religiosos que destacaram as qualidades do pontífice como um homem impar, que lutou pelas causas mais solidárias, ele mesmo sendo “sem pecados”, como alguns o consideraram.

Dalai Lama, líder espiritual budista do Tibete, disse que “o papa, assim como eu, sentia que os seres humanos não precisam apenas de desenvolvimento material, mas também de espiritualidade”.41

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, acrescentou que “a Igreja Católica perdeu seu pastor. O mundo perdeu um campeão da liberdade humana e um bom e fiel servo de Deus foi chamado para casa”. Tony Blair, primeiro-ministro britânico, disse: “era uma inspiração, um homem de extraordinária fé, dignidade e coragem. Ao longo de sua vida dura e muitas vezes árdua, defendeu a justiça social e os oprimidos”.

O chanceler alemão Gerhard Schroeder reconheceu a influência do papa na formação da União Européia. “Ele influenciou a integração pacífica da Europa durante seu pontificado de muitas maneiras. Repetidas vezes ele agiu com sabedoria e respeito pelas culturas e pelas tradições das pessoas para desenvolver soluções para os problemas da humanidade”. O primeiro-ministro do Japão Junichiro Koizumi avaliou que “a morte do papa foi uma grande perda. Ele sempre se esforçou pelo diálogo inter-religioso”.

Também Kofi Annan, secretário-geral da ONU, reconheceu o papel do papa nas questões globais. “Sempre me impressionou seu compromisso para que as Nações Unidas se transformassem em uma força moral na qual todas as nações do mundo se sentissem em casa e desenvolvessem uma consciência comum da existência, ou seja, uma família de nações”. O ex-presidente polonês Lech Walesa, amigo de João Paulo II, considerou que “o final do comunismo já se vislumbrava no horizonte e apenas a hora de sua queda continuava sendo uma incógnita, mas sem o papa, o comunismo teria chegado a derramar sangue”. E Mikhail Gorbachev, o último presidente da União Soviética, lembrou: “Para mim, João Paulo II desempenhou um enorme papel para o fim da Guerra Fria. Nenhum conflito escapava à sua atenção.”

Do lado judaico, Ariel Sharon, primeiro-ministro israelense, assegurou que o papa “era um homem da paz, um amigo do povo judeu, que reconhecia sua singularidade e que trabalhou pela reconciliação dos povos”. Do islâmico, Mahmoud Abbas, presidente da Palestina, destacou que o papa foi “uma figura religiosa, que devotou sua vida à defesa dos valores da paz, liberdade, justiça e igualdade para todas as raças e religiões, assim como o direito de nosso povo à independência”.

O cantor Bono Vox, vocalista da banda U2, considerou o papa “um grande showman, um grande comunicador de ideias mesmo se você não concordasse com todas elas. Um grande amigo do mundo pobre”.

O escritor místico Paulo Coelho, numa espécie de oração, agradeceu: “Obrigado por ter nos lembrado toda a perseverança. Obrigado por ter nos aberto os olhos para o dom da fé. Obrigado por ter tocado nosso coração com o dom da vontade. Obrigado porque, em um momento em que todos se sentiam fracos, o seu exemplo nos devolveu a força.”

Para Henry Sobel, presidente do Rabinato da Congregação Israelita Paulista,

ele (papa) viajou o mundo inteiro promovendo não só o catolicismo, mas a paz mundial. E, em quase todos os lugares que visitou, fez questão de encontrar líderes de outras religiões. Ele tinha um coração enorme e naquele coração cabiam todos os filhos de Deus: judeus, católicos, muçulmanos, todos. Só podemos esperar que seu sucessor ouça e siga seus sábios conselhos.

O reconhecimento e a veneração de tantos estadistas (mais de cem no velório) e de religiosos de diversas confissões sinaliza uma outorga de poder moral à igreja e seu líder. Quais as implicações desse gesto? Como o próximo papa vai usar essa força moral legada por Karol Wojtyla? E mais: o que pode mudar no mundo face esse novo status assumido pela Igreja e pelo papa?

Conclusão – ferida curada?

A perda de poder político sofrida pelo Vaticano desde a Revolução Francesa foi uma evidência de que a humanidade, incluindo cientistas, pensadores, líderes políticos e o povo comum, suspeitou de que naquele momento (século 18) a Igreja não era digna de exercer tal autoridade. Ao longo da Idade Média, ela fora inconsequente no uso do poder. Significou também que a Igreja perdera o passo da modernidade. O mundo estava à frente dela e não poderia mais prestar-lhe obediência. Havia outras instituições a quem a humanidade podia confiar seu destino, suas esperanças, suas vidas. A ciência, a razão, a técnica se tornaram mais promissoras em assegurar liberdade e felicidade para a humanidade. Estas, portanto, suplantaram a Igreja na confiança e na crença das pessoas.

A modernidade experimentou os resultados dessa mudança de “guarda”. A ciência e a razão, porém, também não se revelaram inteiramente confiáveis para as expectativas humanas. Guerras, revoluções, crise ambiental vieram na esteira de seu domínio. No chegada do século 21, a humanidade parecia encaminhar-se de volta para as instituições espirituais, em busca de segurança e proteção, num mundo outra vez em desordem, como no tempo que sucedeu a queda do Império Romano. A insegurança, a crise ambiental, a corrupção na política e nos negócios, o crescimento do tráfico e dos vícios têm gerado uma situação de caos. Na crise, a humanidade costuma buscar apoio e segurança espiritual. O papa João Paulo II despontou no final do século 20 como um referencial de segurança. Como chefe da Igreja romana, ele tornou-se uma evidência de que a Igreja mudou.

A perda de poder político e de prestígio por parte do papado, por ocasião da Revolução Francesa, não foi um acaso da história. Foi profetizada no Apocalipse de João. O profeta vira uma “besta” que emergiria do “mar” (Ap 13:1), portanto, do Velho Mundo, a Europa, e que se tornaria extremamente poderosa. Seu poder seria tal que tomaria o destino dos homens em suas mãos. Teria autoridade sobre a vida e a morte das pessoas. Mas ele também vira que ela seria ferida de morte e essa ferida interromperia seu poder.

Os primeiros protestantes identificaram a “besta” do Apocalipse com o papado. Mais recentemente os adventistas do sétimo dia estão entre os que mantêm essa interpretação. O texto apocalíptico afirma: “vi uma de suas cabeças como ferida de morte” (Ap 13:3). Segundo Ellen G. White, “a aplicação da chaga mortal indica a queda do papado em 1798”, com a Revolução Francesa.42 Contudo, falando da atuação do anticristo, aquele que pretende exercer funções exclusivas de Cristo, como perdoar pecados, o apóstolo Paulo declara que tal personagem permanecerá até ao segundo advento de Cristo (2Ts 2:8), o que indica que a ferida de morte não desfaria o poder dessa instituição. Ela apenas o deixaria inerte por um tempo.

Na sequência das visões apocalípticas, João afirma que “a sua chaga mortal foi curada; e toda a Terra se maravilhou após a besta” (Ap 13:3). Isso indica que, quando a “besta” conseguir o apoio dos poderes constituídos e voltar a ser seguida e adorada em toda a Terra, sua ferida estará restaurada. E nessa nova atuação ela durará até que venha o reino de Deus, com a segunda vinda de Cristo. O profeta reitera: “adoraram-na todos os que habitam sobre a Terra, aqueles cujos nomes não estão escritos no livro da vida” (Ap 13:8, 17:8). Nisso, ele está falando de um grupo de pessoas que preferem seguir os ensinos da “besta” a seguir as orientações da Palavra de Deus. A cura da ferida, portanto, é um fato previsto para os últimos dias. Essa cura significa a retomada de seu culto, a restauração de seu prestígio e autoridade sobre as nações.

Para teólogo adventista Alberto R. Timm, “a maior contribuição de João Paulo II foi o diálogo inter-religioso com líderes não-cristãos, o que ajudou significativamente para a construção de uma nova hegemonia católica no mundo. Ele acrescenta que João Paulo II “com certeza conseguiu restaurar em parte a ferida de morte” da “besta”, profetizada no Apocalipse.43

Amin A. Rodor, diretor do seminário teológico Adventista do Sétimo Dia, em São Paulo, considera que o pontificado de Karol Wojtyla, embora ambíguo em vários aspectos, teve uma agenda efetiva, em que conseguiu reunir grupos tradicionalmente separados. Para ele, a teologia católica não mudou. Mudou a maneira de tratar as diferenças. “O papa tornou a igreja católica, se não aceita, vista com bons olhos. Ele levou a igreja para os debates tradicionais sobre aborto, direitos humanos e ciência.”44  Essa é centralidade da Igreja que faltava para a restauração de seu papel hegemônico no mundo.

A Igreja sozinha, contudo, a despeito da popularidade que Wojtyla despertou para com o papado, não poderá assumir qualquer controle político no mundo. Sua autoridade limita-se ao campo ideológico e simbólico. No entanto, o Apocalipse também já previu que nos últimos tempos, uma nova força, uma outra “besta” emergirá e cujo poder, de natureza política, será empregado em favor dos propósitos da primeira “besta”, de forma que a restauração final de sua chaga será feita a partir de uma aliança entre ambas. O segundo poder descrito no Apocalipse (ver 13:11-18) aponta para os Estados Unidos. Há mais de cem anos, Ellen White declarou que “pela mais elevada autoridade terrestre” será feito decreto para que, “sob pena de perseguição e morte”, os habitantes da Terra adorem e sigam os caminhos indicados pela besta, cuja ferida mortal, então, estará plenamente curada.45 É por isso que o gesto de um presidente protestante dos Estados Unidos ajoelhar-se perante o papa tem um significado relevante.

No capítulo 17 do Apocalipse há uma descrição ainda mais detalhada sobre a “besta” que emergiu do mar, historicamente identificada com o papado. Nas revelações recebidas, o vidente percebeu que a “besta estava assentada sobre muitas águas”. Na verdade essa figura ilustra a origem e a natureza de seu poder. A besta não tem poder próprio, só aquele que é outorgado a ela pelas nações da Terra que lhe reconhecem a autoridade espiritual. Explicou um anjo ao vidente: “As águas em que está assentada a besta e a mulher são povos, multidões, nações e línguas” (Ap 17:15). Mais à frente o texto informa que o poder descrito na visão é o de uma cidade que “reina sobre os reis da Terra” (17:18).

A atuação da besta é dividida em três fases diferentes nessa visão. É dito que “a besta era e já não é, mas está para subir do abismo” (17:8). Uma corrente de interpretação entende que o dito se refere a atuação do papado até a Revolução Francesa com a expressão “era”. A fase em que ela “não é” refere-se ao período subsequente, quando a “besta” perdeu seus poderes políticos. E, quando fala de seu ressurgimento, o Apocalipse está prevendo uma nova idade escura, em que este poder assumirá novamente o controle dos destinos do mundo, havendo a partir daí nova política de intolerância e perseguições a dissidentes.46 Isso torna a iniciativa de aproximação dos dissidentes feita pelo último pontífice apenas uma estratégia no jogo do poder.

Se a retirada do apoio, do culto e da veneração por parte das nações em relação ao papado foi a incidência da ferida de morte sobre a cabeça da besta descrita no Apocalipse 13, a retomada dessas atitudes de forma preliminar no velório de João Paulo II significa que a ferida está em processo de cicatrização.

Com seu exuberante pontificado, João Paulo II conseguiu projetar a Igreja como uma instituição capaz de orientar a humanidade insegura daqui para frente. Como a Igreja usará esse saldo de poder e de prestígio ainda é uma incógnita. Mas só para aqueles que ainda não conhecem o Apocalipse.

 


Referências

 

1 Uma primeira versão, mais popular, deste artigo foi publicada pela edição de maio de 2005 da Revista Adventista, com o título “João Paulo II, o restaurador de feridas”, bem como em alguns sites da Internet, entre eles, o www.advir.com.br. 

2 Ver Caderno Especial dos jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo, do dia 9 de abril de 2005. 

3 O Estado de S. Paulo, Caderno Especial, 9 de abril de 2005, p. H1. 

4 Ibid, p. H4. 

5 Ibid, p. H1. 

6 Cf. Ulisses Capozzoli, “Religião e ciência à moda da mída”,  05/04/2005,  no  Observatório  da  Imprensa on line, em http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=323PAP005. 

7 Alberto Dines, “Karol Wojtyla”, em http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/5bloco/index.asp?edi=321 

8 Cf. AFP, “Presidente George W. Bush reza pelo papa na Basílica de São Pedro”, 06/04/2005, em http://ultimosegundo.ig.com.br/materias/mundo/1931001-1931500/1931444/1931444_1.xml. 

9 Alberto Dines, “Karol Wojtyla”. 

10 Marcelo Musa Cavallari, “O pastor inesperado: papa polonês marcou século”. Época, 4 de abril de 2005, Caderno Especial, 3. 

11 Cf. Vanderlei Dorneles, Cristãos em Busca do Êxtase, 2ª ed. (Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2003),74-81. 

12 Stanley Grenz, Pós-Modernismo (São Paulo: Vida Nova, 1997), 17. 

13 Sérgio Paulo Rouanet, “A deusa da razão”, em A Crise da Razão, Org. Adauto Novaes (São Paulo: Companhia das Letras, 1996), 289. 

14 Ver a obra de Aléxis de Tocqueville, O Antigo Regime e a Revolução (Brasília, DF: Universidade de Brasília, 1979). 

15 Para um estudo mais amplo sobre o assunto, ver as teses secularizadoras que mais se opuseram à Igreja e aos conceitos religiosos cristãos: Friedrich Nietzsche, Genealogia da Moral: uma polêmica (São Paulo: Companhia das Letras, 1998); Karl Marx, Para a Crítica da Economia Política e Do Capital (São Paulo: Nova Cultural, 1999); e Sigmund Freud, O Mal Estar na Civilização (Rio de Janeiro: Imago, 1974), e Totem e Tabu (Rio de Janeiro: Imago, 1974). 

16 Denis Russo, “O papa e a História”, SuperInteressante, março de 2005, 40. 

17 Sullivan considera que o concílio Vaticano II marcou o reconhecimento católico de que os dons carismáticos são importantes para a Igreja e isso abriu o caminho para a renovação (F. A. Sillvan, “Catholic Charismatic Renewal”, em Dictionary of Pentecostalism and Charismatic Movements, eds. Stanley M. Burges e Gary B. McGee (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1988), 112. 

18 Russo, “O papa e a História”, 42. 

19 Ibid. 

20 Ibid. 

21 Marco Politi e Carl Bernstein, Sua Santidade: João Paulo II e a história oculta do nosso tempo, (Rio de Janeiro: editora Objetiva, 1996). 

22 Malachi Martin, The Keys of the Blood (Nova York: Touchstone, 1990). 

23 George Bush, “State of The Union Address”, Los Angeles Times, 18 de fevereiro de 1991. 

24 Martin, The Keys of the Blood, p. 492. 

25 Ibid, p. 374-375. 

26 Ibid, p. 46-48. 

27 “João Paulo II foi o primeiro papa a entrar em uma sinagoga e em uma mesquita”. Ver http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2005/papa/0049.shtml. 

28 David Rosen, “Relações Cristãs-Judaicas – O Legado do Papa João Paulo II”, em http://www.jcrelations.net/pt/?id=2290. 

29 Para ver a íntegra do documento acessar http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/cti_document/  rc_con_cfaith_doc_20000307_memory-reconc-itc_po.html. 

30 Ver www2.correioweb.com.br/cw/EDICAO_20020424/pri_tem_240402_206.htm. 

31 Ver “O tempo de João Paulo II”, em http://www.auxiliadora.org.br/papa/tempo.htm. 

32 Declaração Conjunta Católica Romana – Evangélica Luterana. Doutrina da Justificação por Graça e Fé (Porto Alegre: Edipucrus, 1998). 

33 Cf. Agnus Dei, “Declaração Conjunta Católico-Luterana sobre a Doutrina da Justificação”, disponível em www.veritas.com.br/agnus dei. 

34 Ibid. 

35 Norton Godoy, “O papa da ciência”, Veja, 1º/10/1997, p. 31. Afirma o texto: “Sem alarde, João Paulo II revê 400 anos de preconceitos da Igreja e reconcilia a religião com o mundo da razão”. 

36 Ibid. 

37 Para ver a íntegra do documento acessar: http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/encyclicals/documents/hf_jp-ii_enc_15101998_fides-et-ratio_en.html. 

38 Cavallari, “O pastor inesperado”, 4. 

39 Marcelo Musa Cavallari, “Wojtyla fortaleceu o papado”, Época, 4 de abril de 2005, Caderno Especial, 16. 

40 Dines, “Karol Wojtyla”. 

41 Para ver este e os seguintes depoimentos de líderes políticos e religiosos sobre o papa João Paulo II, acesse o site Terra: http://noticias.terra.com.br/mundo/mortedopapa/interna/0,,OI504431-EI4692,00.html. 

42 Ellen White, O Grande Conflito, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1988), 579. 

43 Alberto R. Timm, em entrevista concedida ao autor. 

44 Amin A. Rodor, em entrevista ao autor. 

45 Ellen G. White, Testemunhos Seletos, (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1985), 2:67. 

46 Francis Nichol, ed. Seventh-day Adventist Bible Commentary, (Review and Herald: Hagerstown, 1980) 7:853. 


Fonte: Revista Parousia, 1° Semestre de 2005, UNASPRESS