Um estudo histórico de Primeiros Escritos

Por Júlia Neuffer
Ex-editora assistente de livros na
Review and Herald

“Vi também que a velha Jerusalém jamais seria reconstruída”, escreveu Ellen G. White em 1851. A que tipo de reconstrução ela se referia? Estava ela enganada? Esta frase aparece em Primeiros Escritos num capítulo (págs. 74 a 76) intitulado “O Tempo do Ajuntamento”, que foi combinado a partir de duas visões e algumas linhas adicionais. Uma visão, de 23 de setembro de 1850, tratava (a) do “tempo do ajuntamento” de “Israel”, (b) das datas do diagrama milerita de 1843, (c) do “contínuo” e da fixação de datas, e (e) do erro de ir à velha Jerusalém. A seção (d), da visão de 21 de junho de 1851, trata da terceira mensagem angélica e da fixação de datas. Isto foi inserido quando a combinação foi publicada pela primeira vez, em Experience and Views (agosto de 1851). Foram acrescentados também: (f) uma referência adicional à ida a Jerusalém, e (g) a declaração sobre a velha Jerusalém não ser reconstruída. Isto tudo foi reimpresso com uma pequena revisão verbal em Primeiros Escritos (1882).

Por que todos estes tópicos que aparentemente não tinham relação nenhuma entre si foram combinados?

Mensagens Relacionadas à Época

A frase final dela fornece uma pista: “Vi também . . . que Satanás estava fazendo o máximo para levar as mentes dos filhos do Senhor para essas coisas agora, no tempo do ajuntamento, impedindo-os de dedicar todo o seu interesse à presente obra do Senhor.”1 O repetido uso que ela faz da palavra agora indica que suas mensagens estavam relacionadas à época em que ela escreveu. Se examinarmos o registro do que estava acontecendo nas fileiras adventistas em 1850 e 1851, e se olharmos para o fundo histórico dos eventos que prepararam o caminho para este período, verificamos que todas estas partes se encaixam no mesmo padrão. Elas tratam de vários erros centralizados principalmente numa interpretação profética conhecida naquela época como a doutrina da “era por vir”.

Em agosto de 1851, mais ou menos na época em que estas mensagens do “tempo do ajuntamento” foram publicadas juntas, Tiago White escreveu um editorial na Review and Herald no qual repetia idéias e até frases destas visões de setembro de 1850 e junho de 1851. Ele falou da unidade que existia antes do desapontamento e dos “conceitos distrativos” que surgiram depois. Ele instou com seus irmãos agora, no “tempo do ajuntamento”, para que evitassem erros que poderiam distrair o interesse de nossa “presente obra” e para que se unissem em ensinar a essência da terceira mensagem angélica, que “não depende do tempo”, mas que é “mais forte do que o tempo”.2 Ele também adverte contra dois pontos que desviam a mente: “A história de ‘Meshullam’ pode agradar os ouvidos, e a ‘era por vir’ pode ocupar e dividir a mente”.

Meshullam será discutido um pouco mais adiante. O que era a “era por vir”? A Srª White deu uma definição, alguns meses mais tarde, numa carta, equiparando-a com o “olhar para a velha Jerusalém”.3 Joseph Marsh, editor do The Advent Harbinger, equiparou a “era por vir” com o milênio. 4 Mas Josué V. Himes, auxiliar de Guilherme Miller e editor do Advent Herald, chamou a doutrina da “era por vir” de Marsh de “judaísmo”, uma defecção incompatível com o “adventismo”. 5

Se combinarmos estas três definições, obtemos: “uma doutrina judaística do milênio que inclui a velha Jerusalém”. E isso, por mais auto-contraditório que possa parecer, é precisamente aquilo a que dizia respeito a controvérsia sobre a “era por vir”. Essa guerra se desenvolveu no Advent Harbinger e no Advent Herald a partir de 1850, e forneceu o contexto das mensagens de Ellen White sobre o “Tempo de Ajuntamento”, como irá demonstrar um estudo da situação histórica. O “judaísmo”, disse Himes, era algo contra o qual “convocamos a igreja toda”, e que “repudiamos desde o princípio”. 6

Precisamos voltar, então, ao princípio do movimento milerita para saber o que eram o “adventismo” e o “judaísmo” e por que eram incompatíveis.

Os Adventistas e o Adventismo

O nome “adventista”, cunhado pelo povo apelidado de “mileritas”, foi aplicado por eles a seu próprio movimento.7 Ele também aparece em livros de referência na frase “corporações adventistas” para designar as denominações (inclusive os adventistas do sétimo dia) derivadas dos adventistas originais, ou mileritas. Hoje em dia usamos frequentemente o termo “adventista” como uma abreviação de “adventista do sétimo dia”. Mas às vezes encontramos este termo, ou a frase “movimento do advento” aplicada de maneira geral a um movimento maior, internacional, que precedeu e incluiu o movimento de Miller – o “Despertamento do Advento” que surgiu no princípio do século dezenove (e teve suas raízes mesmo antes). Ele abrangia muitos indivíduos e alguns grupos em muitos países que esperavam pra breve o Segundo Advento. Devido ao fato de esperarem a vinda de Cristo antes do milênio, sua doutrina é chamada “pré-milenialismo”. O adventismo, propriamente falando, era a doutrina dos adventistas, isto é, o tipo milerita de pré-milenialismo. Os adventistas não estavam sozinhos em ensinar “o breve advento”, ou em marcar datas para as profecias bíblicas de tempo, ou mesmo para o segundo advento. Houve outros pré-milenialistas, especialmente na Grã-Bretanha, que fizeram a mesma coisa. (Estes eram chamados literalistas, por razões que explicaremos mais tarde.)

Mas os adventistas se distinguiam dos outros ao ensinar (1) que o segundo advento – esperado no final dos 2300 dias-anos de Daniel – terminaria este mundo presente e introduziria o reino eterno; (2) que a vinda de Cristo destruiria todos os não-salvos e ressuscitaria e transformaria todos os redimidos, terminando portanto o tempo de graça para toda a humanidade e deixando apenas os santos imortais para viver no reino; e (3) que após o milênio (que eles consideravam como os primeiros mil anos da eternidade na nova Terra), o restante dos mortos (isto é, todos os não-salvos) se levantariam na segunda ressurreição, e então se revoltariam e portanto receberiam sua punição final. 8 (O ramo do Sétimo Dia do adventismo acreditava na mesma coisa, exceto pelo fato de colocar o reino milenial no Céu e a renovação da Terra no final desse período.)

Ambos os tipos de pré-milenialistas (os adventistas e os literalistas) se opunham ao pósmilenialismo, que prevalecia naquele tempo, e que colocava o segundo advento após o milênio. Os pós-milenialistas concebiam o reino milenial como o reino “espiritual” e, não, literal de Cristo – através do triunfo da igreja. Aguardavam a conversão do mundo em geral e o reinado justo dos piedosos, sendo o homem ainda mortal mas estando numa condição grandemente melhorada. Esperavam a volta pessoal de Cristo, se é que ela ocorreria, após os mil anos (ou talvez, segundo o princípio dia-ano, após 360.000 anos), no distante futuro. 9

O Judaísmo

Foi esta doutrina de utopia terrestre do pós-milenialismo que os mileritas a princípio rotularam como “judaizar” e “judaísmo”. Estes termos, usados em sua primeira conferência geral adventista, realizada em Boston em 1840, foram tirados de dois credos protestantes do século dezesseis.10 Só mais tarde é que eles os aplicaram aos pré milenialistas literalistas. Eis a razão pela qual o fizeram: Os literalistas insistiam que as profecias messiânicas do Antigo Testamento deviam se cumprir literalmente em detalhes no reino milenial, especialmente para o Israel e o Judá literais segundo a carne. Segundo este ponto de vista, o reino, embora governado por Cristo e os santos ressuscitados e imortalizados, incluiria judeus mortais na Palestina; sua capital seria a Jerusalém literal, com um templo literal, ao qual viriam os que fossem “deixados das nações”, ainda em carne; e o tempo de oportunidade e a mortalidade continuariam durante o milênio. 11 Contudo os adventistas, por ocasião de sua primeira conferência geral, em 1840, ainda considerava estes companheiros pré-milenialistas (inclusive homens como Wolff, Irving e outros) como irmãos na proclamação da “proximidade do advento”. 12 Eles recomendavam os escritos literalistas contra o pós-milenialismo, sabendo embora que estes misturavam certos erros com a verdade central do Segundo Advento. Da mesma forma, hoje consideramos os mileritas como nossos precursores embora eles, ao corrigirem alguns dos erros dos literalistas, tivessem conservado outros de sua própria autoria. Também reconhecemos os pré-milenialistas britânicos e europeus como parte do “grande despertamento religioso … predito na profecia da primeira mensagem angélica de Apocalipse 14”, no sentido de que, a partir do “estudo das Escrituras”, eles viram e proclamaram “que o advento do Salvador estava próximo” (O Grande Conflito, págs. 355 e 357) e não no distante futuro pós-milenial. Consideramos que eles foram usados por Deus para despertar multidões para a verdade central do Segundo Advento quando se cumpriu o tempo da primeira mensagem angélica, embora não possuíssem as verdades mais avançadas que foram desenvolvidas pelos mileritas e, depois, pelos adventistas do sétimo dia.

Os mileritas enfatizavam o que tinham em comum com os literalistas – a presença e reinado pessoais de Cristo durante o milênio – e minimizavam o “literalismo” destes últimos como sendo uma aberração curável. 13 Como disse mais tarde Litch: “Em 1840 foi feita uma tentativa de abrir um intercâmbio entre os literalistas da Inglaterra e os adventistas dos Estados Unidos. Mas logo se descobriu que eles tinham tão pouca afinidade por nossas noções anti-judaicas quanto nós tínhamos pelo judaísmo deles; e o intercâmbio foi rompido.” 14 O que os mileritas repudiavam como “judaísmo” não tinha nada a ver nem com os ensinos religiosos dos judeus nem com o sábado. Era uma doutrina específica sobre o milênio, a saber, o ensino de que as profecias do Velho Testamento sobre a restauração de Israel e sua liderança mundial deviam se cumprir através de um ajuntamento futuro de judeus literais no reino milenial de Cristo – um reino nesta Terra que teria como capital a Jerusalém literal, à qual as nações subiriam para participar do templo e seus serviços, os quais seriam restaurados.

Os mileritas, ao contrário, viam no ajuntamento de Israel o ajuntamento dos santos imortais para encontrar a Cristo nos ares. Todos os verdadeiros filhos de Abraão pela fé – judeus e gentios – seriam arrebatados ao soar da trombeta, e então retornariam com Cristo para possuir a Terra renovada.15

Todas as tentativas de conquistar os literalistas para este ponto de vista falharam. A princípio havia alguns literalista entre os mileritas, mas em 1842 os mais preeminentes já haviam saído e fundado seu próprio periódico. Nessa época já havia ficado claro para os adventistas que o “judaísmo” tinha mais a ver com os pré-milenialistas literalistas do que com os pós-milenialistas; que era de fato um ponto básico para o sistema de crença deles (como ainda é hoje para os literalistas modernos, os pré-milenialistas futuristas dispensacionalistas).16

A Política Externa Literalista

Os literalistas britânicos – fortes entre os evangélicos anglicanos e em várias igrejas não conformistas – não estavam dispostos a abandonar suas esperanças de converterem judeus e enviá-los à Palestina para encontrar seu Messias, especialmente em torno de 1840, quando a política britânica de oferecer proteção aos judeus que moravam na Palestina despertou grandes expectativas entre os pré-milenialistas. Na verdade, a influência literalista estava ajudando, extra-oficialmente, a moldar essa política. Um ardente literalista, Lord Ashley (mais tarde o Conde de Shaftesbury), era confidente de Lord Palmerston, o secretário britânico de política externa, e era casado com sua enteada. Ashely tinha esperanças particulares de realizar, através da ação britânica, a restauração de Israel à Palestina como preparo para o Segundo Advento. Em 1840 ele estimulou Palmerston, apresentando razões políticas, a buscar apoio internacional para a migração de judeus para a Palestina, enquanto confidenciava em seu diário os verdadeiros motivos, que eram muito diferentes e distintamente religiosos: “Jantei com Palmerston. Depois do jantar fiquei sozinho com ele. Propus meu esquema, que pareceu estimular sua fantasia. … Palmerston já foi escolhido por Deus para ser um instrumento do bem para Seu antigo povo; para homenagear, por assim dizer, a herança deles, e para lhes reconhecer os direitos mesmo sem crer no destino deles. … Sou forçado a argumentar politicamente, financeiramente, comercialmente; estas considerações ele compreende; ele não chora como seu Mestre sobre Jerusalém, nem ora para que agora, finalmente, ela possa colocar suas belas vestes.” 17 A influência de Ashley estava, semelhantemente, por trás do estabelecimento de um consulado em Jerusalém em 1838, e também da criação de uma diocese anglicana ali em 1841 e da nomeação de um bispo judeu-cristão para chefiá-la. Em 16 de outubro de 1841, ele escreveu em seu diário: “Onde teríamos conseguido a permissão do Sultão [para construir a igreja do bispo] sem a intervenção de Palmerston em conseqüência de minhas repetidas e fervorosas apresentações dos fatos?” 18 Mas o sonho de Ashley de uma migração dos judeus para a Palestina patrocinada pelos britânicos e protegida por um tratado não se concretizou. O tratado das quatro potências, de 1840, ignorou o assunto. Até os próprios judeus mostraram pouco interesse; passou-se mais de um século até que surgisse o Sionismo. Contudo, a política britânica no século vinte em relação ao Oriente Médio deveu algo à interpretação profética dos literalistas da década de 1830 e 1840. Como disse um escritor recente: “A aventura do Lorde Shaftesbury marca o ponto em que os eventos começaram a levar logicamente ao Mandato [da Palestina].” … “[A política em relação ao Oriente Médio de] Palmerston marca o início da intervenção britânica oficial em favor da “nação judaica” e de seu restabelecimento na Palestina.” .. “Ashley não havia labutado em vão. … Todos estes eventos centralizados na Terra Santa [inclusive ‘as perspectivas visionárias suscitadas pela onda que surgiu entre os evangélicos em prol da conversão dos judeus e da diocese de Jerusalém’] se combinaram para criar quase um sentimento de propriedade em relação à Palestina. A idéia de um anexo britânico ali através de uma restauração de Israel promovida pela Grã-Bretanha começou a atrair outras mentes além da de Ashley. 19

Diferenças Entre os Adventistas

Ao passo que o movimento milerita, que estava em desenvolvimento, divergia nitidamente dos literalistas, havia quase completo acordo entre os adventistas de que o fim do mundo e o início da eternidade ocorreriam no Segundo Advento, sendo que apenas os santos imortais sobreviveriam durante o reino milenial. Contudo, alguns mileritas viam uma dificuldade: De que forma poderia a Terra ser purificada pelo fogo no Segundo Advento e os corpos dos ímpios serem ressuscitados na Terra renovada mil anos mais tarde? Em abril de 1843 George Storrs (o milerita mais ativo em ensinar a imortalidade condicional) concluíra que a destruição do Segundo Advento não seria completa. Ele afirmava que haveria alguns “deixados das nações”, em carne, que ainda teriam oportunidade de salvação e que seriam súditos do reino milenial de Cristo e dos santos, e que os fogos que destruiriam e renovariam a Terra viriam no final desse período.20 Em outubro de 1844, segundo escreveu L. C. Gunn da Filadélfia, alguns numa congregação lá haviam adotado um ponto de vista semelhante, e Charles Fitch estava, na mesma época (não muito antes de sua morte) ensinando oportunidade de salvação para os pagãos após o Advento. Outros, acrescentou Gunn, como era seu caso, criam que por ocasião do Advento ou pouco antes dele “muitos dos judeus se converterão miraculosamente, e saudarão Sua vinda com a exclamação: ‘Bendito o que vem em nome do Senhor.’” Todos estes, disse ele, “haviam mudado sua crença anterior, discordando inteiramente do Sr. Miller, e do grande corpo dos crentes no advento neste país – mas concordando com os literalistas.” 21 Em 1845 Storrs foi ainda além. Desiludido com o desapontamento milerita, ele adotou inteiramente a doutrina literalista. “Ele acabou indo para o judaísmo,” reclamou Enoch Jacobs, editor do The Day Star (Cincinatti).22 Assim, considerou-se que Storrs haviam tomado uma posição fora das fileiras dos adventistas. Outros adventistas, contudo, como E. R. Pinney (1844) e Tiago White (1845) criam também que o reino só seria estabelecido na Terra após o milênio,23 mas não adotaram qualquer parte do literalismo. Antes do desapontamento estas variações individuais, como as diferenças sobre a imortalidade inata ou condicional, não causaram dissensão no movimento milerita.

Três Divisões Após 1844

Foi uma história diferente, porém, após outubro de 1844. Os adventistas que não saíram do movimento logo se dividiram na procura pela causa de seu desapontamento. Será que eles haviam se enganado em seu cálculo dos 2300 anos e em soar o “clamor da meianoite” (“Aí vem o noivo”) da parábola profética das dez virgens? Ou em considerar o Segundo Advento como cumprimento disto? Ou tinham estado enganados quanto à natureza do Advento?

Durante os primeiros meses a impressão geral era de que eles estavam apenas num breve “tempo de tardança” e que Cristo viria dentro de algumas semanas ou meses no máximo. Mas na ocasião em que o “ano judaico de 1844” se esgotou na primavera de 1845, emergiram três grupos principais. Nenhum destes três grupos adotaram os conceitos literalistas (isto só se tornou um ponto de debate em 1850); contudo pode ser bom fazermos uma pausa aqui para traçar a origem destas três divisões, uma vez que elas ajudam a explicar a referência da Srª White ao “tempo de ajuntamento”.

1. A maioria. Na primavera de 1845 a maioria dos adventistas já havia abandonado a crença de que 1844 havia marcado algum cumprimento de profecia – quer a dos 2300 dias de Daniel, quer a do “clamor da meia-noite” da parábola. Eles concluíram que o cumprimento destas profecias, bem como o das três mensagens de Apocalipse 14, pertenciam a um ponto indeterminado do futuro. (Portanto, permaneceram abertos a outras marcações de data.) Esta maioria continuou negando o ponto de vista literalista do milênio “judaico”, durante o qual haveria oportunidade de salvação. 24

Em abril, os principais líderes mileritas, inclusive Miller e Himes, realizaram uma conferência em Albany, New York. Ali adotaram uma declaração de princípios e formaram uma organização indefinida de congregações adventistas das quais, mais tarde vieram duas denominações – os adventistas evangélicos (que já não existe mais) e os adventistas cristãos. Houve outros que não aprovaram nem a declaração de fé adotada pela conferência de Albany nem a organização, embora ela fosse rudimentar; mas estes também formavam parte da maioria que considerava o movimento de 1844 um erro.

2. As duas minorias. Um número menor, por outro lado, afirmava que o movimento de 1844 havia de fato marcado um cumprimento de profecia. Eles consideravam que o grupo da maioria havia negado a direção de Deus nesse movimento, e portanto haviam abandonado a mensagem adventista. Chamavam a maioria de “adventistas nominais” ou “professos adventistas”. Esta minoria, que se apegou a “sua experiência passada” em 1844, dizia que os 2300 dias havia terminado e que a parábola do Noivo havia se cumprido; e portanto que “fechou-se a porta” após o Noivo ter vindo para as bodas. (Assim, a “porta fechada” tornou-se mais ou menos equivalente à crença na validade do movimento de 1844.) Mas esta minoria era composta de dois grupos incompatíveis, divididos por duas interpretações mutuamente exclusivas da vinda do Noivo para as bodas. Cristo obviamente não havia vindo; se, portanto, Seu Segundo Advento havia ocorrido, não fora uma vinda visível, pessoal; ou então, se o Segundo Advento deve ser visível, pessoal e glorioso, então esse evento ainda não havia acontecido.

O Grupo Minoritário A afirmava que eles haviam estado corretos tanto no tempo quanto no evento esperado. Insistiam em que o Segundo Advento não era um retorno literal, pessoal, mas uma vinda invisível e espiritual, “nos Seus santos”. Portanto, foram apelidados de “espiritualizadores” ou “espiritualistas”. 25 Estes, afirmando que Cristo havia de fato voltado e eles já estavam no reino milenial, caíram no fanatismo de não trabalhar, e em outros. Muitos deles se uniram ao “reino” dos Shakers em 1846, enquanto outros logo se fragmentaram ou voltaram para os outros adventistas. 26 O Grupo Minoritário B afirmava que o tempo estava correto, mas que seu erro havia sido no evento esperado; que o cumprimento não era de maneira alguma o Segundo Advento; e que ainda devia ser esperada uma vinda visível e pessoal. Mas recusavam-se a negar a validade de seu movimento de outubro de 1844 como sendo o cumprimento dos 2300 dias e do “clamor da meia-noite” da parábola. Diziam que o Noivo havia de fato vindo para as bodas e fechado a porta (daí o serem conhecidos como o povo da “porta fechada”), mas, como explicavam alguns, o Segundo Advento seria o Noivo voltando das bodas.27 Este foi o grupo do meio entre os três, que evitou por um lado a insistência dos espiritualizadores na posição de que tanto o tempo quanto o evento tinham estado corretos, e que evitou por outro lado a posição do grupo da maioria, que defendia o abandono tanto do tempo quanto do evento.28 À medida que o tempo foi passando, muitos desta classe se uniram ao grupo da maioria.

Os Adventistas do Sétimo Dia na Posição do Meio

Os fundadores adventistas do sétimo dia – um mero punhadinho a princípio (os White, Bates e outros) – vieram deste grupo do meio. Adotaram a nova explicação do santuário celestial à qual Hiram Edson chegara no dia posterior ao desapontamento; 29 proclamaram a doutrina do sábado como a terceira dentre as três mensagens angélicas, e vieram por fim a formar a igreja adventista do sétimo dia.

Desde o princípio os fundadores adventistas do sétimo dia se opuseram aos espiritualizadores e enfatizaram a futura vinda pessoal de Cristo. Na verdade, verificaram que as fileiras de ex-espiritualizadores eram uma fonte muito pobre de conversos. Estes conversos, observou Tiago White, estavam tão cheios de noções de sua própria superioridade espiritual que não se encaixavam entre seus irmãos; demonstravam-se membros instáveis, propensos a apostatar novamente.30

Assim, parece que os primeiros adventistas do sétimo dia saíram principalmente do grupo do meio, já que não obtinham a atenção do grupo da maioria. Estes últimos os confundiam com os espiritualizadores porque tanto os adventistas do sétimo dia quanto os espiritualizadores defendiam a validade do movimento de 1844. 31

Não é de admirar, portanto, que durante estes primeiros anos de divisão – o tempo da dispersão, como a Srª White disse em setembro de 1850 – “os esforços feitos para propagar a verdade tiveram pouco efeito, e realizaram pouco ou nada”. Agora, em 1850, ela estava insistindo na unidade e na ação neste “tempo de ajuntamento”, quando “os esforços para propagar a verdade terão o efeito planejado.” 32 Mas nesta mesma ocasião, disse ela, Satanás estava tentando desviá-los da verdade presente e da tarefa presente através de outras distrações ainda, principalmente a fixação de datas e a doutrina da era por vir. Uma vez que os adventistas do sétimo dia defendiam a data de 1844 para o final dos 2300 dias, não estavam procurando uma data substituta. Isto lhe deu uma certa imunidade às febres de fixação de datas promovidas por vários indivíduos entre os outros adventistas. (Houve umas poucas exceções, por volta de 1850.) Quanto ao conceito da era futura, os adventistas do sétimo dia haviam conservado a crença milerita original de que a volta de Cristo encerraria o tempo de graça e também iniciaria o reino dos santos imortais, tanto judeus quanto gentios. Em 1850, também, já haviam desenvolvido uma nova doutrina do milênio – que não era defendida, tanto quanto eu saiba, por mais ninguém – um ponto de vista que colocava o reino milenial no Céu, sendo que a Terra, durante este período, seria deixada sem um único ser humano vivo. Este ponto de vista constituía uma vacina eficaz contra o milenialismo literalista, que estava sendo ensinado de maneira nova sob o nome de “a era por vir”. 33 O partido da era por vir, que poderia ser chamado de outro grupo minoritário, emergiu mais tarde do grupo original da maioria. Já que ele pertence à década de 1850, será tratado mais adiante, após um exame do período de 1848 a 1850 e suas marcações de data.

Os Levantes de 1848

Em 1848, enquanto uma onda de revoluções irrompia na Europa, levantes populares derrubavam tronos e perturbavam a estrutura do poder em muitos países, levando até mesmo o papa a fugir e tornando Roma uma república. Em 1849 havia o temor de uma invasão da Rússia pelo norte.

Alguns adventistas viram estes eventos como o “abalo das potestades do céu”. 34 Para muitos a revolução das “potências gentias” da Europa pressagiava o fim dos “tempos dos gentios” e a restauração de Israel, especialmente já que em alguns países as revoluções trouxeram nova liberdade aos judeus. Geralmente se supunha que os “tempos dos gentios” se estendia até o segundo advento. 35

Em meados de 1848 Josias Litch, um dos principais autores mileritas, foi instigado pelas revoluções que estava ocorrendo. Devido ao fato de que em alguns países elas trouxeram nova liberdade aos judeus, ele esperava, no final dos 2300 anos, uma emancipação iminente dos judeus e da Terra Santa, que vinham sendo pisados pela dominação gentia. Ele concluiu (embora tenha duvidado disto mais tarde) 36 que “estamos próximos, se não bem no meio, dos eventos ligados à purificação do santuário”. Em sua obra A Restituição ele disse que “todo o Israel” – os salvos dentre os judeus de todas as épocas – seriam reunidos para herdar o reino na Nova Terra para sempre na primeira ressurreição, embora tenha acrescentados que os santos gentios o partilhariam junto com eles; e rejeitou algum tempo de oportunidade após o Advento. 37 Em novembro de 1848, Mordecai M. Noah, um jornaleiro judeu da cidade de Nova Iorque, deu uma palestra – amplamente divulgada na imprensa – sobre a chegada de um “mensageiro” de Jerusalém solicitando caridade para os judeus de lá. Sua oratória carregada de palavras emotivas transformou um apelo por fundos (para construir uma sinagoga em Jerusalém) num sonido de trombeta anunciando a emancipação dos judeus e prenunciando sua restauração.

Os trovões começam a ribombar por toda a Europa; … o Sol da Liberdade começa a nascer; as cadeias dos judeus são rompidas, e eles são elevados à categoria de homens. … O Sultão da Turquia, seguindo a marcha das nações civilizadas, diz para os judeus que estão dentro de seus domínios – “Vocês estão livres; vocês têm minha permissão para erigir uma sinagoga em Jerusalém[”]; e mensageiros são enviados, como o foram nos dias de Salomão, para pedir a ajuda de seus irmãos no mundo todo. … Quando a trombeta soa no Monte Sião, todo ouvido se abre, todo coração dispara. Sei muito bem que há muitos judeus ao redor do mundo que olham apara a restauração de seus irmãos na Terra Santa como um evento possível nas grandes mudanças que podem ocorrer daqui por diante. …

Esta permissão para lançar uma pedra angular uma vez mais em Jerusalém, para erigir um magnificente templo… é … um prenúncio das grande promessas do futuro. 38

Copiado de um jornal para outro, a verbosidade de Noah se reduzia a uma notícia: “Reconstrução do Templo Judaico”. 39 Havia outras interpretações proféticas jornalísticas em circulação. Uma história de jornal anunciava que ricos financistas judeus da família Rothschild estavam negociando a compra da terra de Canaã para os judeus. 40 À medida que se aproximava o ano de 1850, a imprensa citava vários prognósticos de eventos momentosos – sendo um deles uma “profecia” do século dezessete de que haveria levantes das nações no meio do século dezenove, que um “príncipe do norte” devastaria a Europa, e que “um novo pastor, o último” viria e traria paz. 41 Estas histórias de jornais eram coletadas por alguns escritores adventistas – por alguns, para serem refutadas; por outros, para serem apresentadas como sinais dos tempos. 42 Tornaram-se mais numerosos que nunca os indivíduos que marcavam datas para 1850. Provavelmente uma das razões para isto, além dos eventos mundiais, era o fato de que 1850 era a data mais distante para a qual se podia estender os 2300 dias pela mudança das 70 semanas, sem divorciar as últimas da data da crucifixão (embora, de qualquer forma, quando 1850 passou alguns conseguiram estender os 2300 dias para 1851). 43

Os Adventistas do Sétimo dia e a Fixação de Datas

Enquanto Tiago e Ellen White estavam morando em Oswego, estado de Nova Iorque, em 1849 e 1850, viram-se tendo de contender com dois pregadores adeptos da fixação de datas que imprimiam ali um jornal, The Watchman, para proclamar o Advento em 1850. 44 Os adventistas do sétimo dia eram doutrinariamente imunes a qualquer mudança dos 2300 dias ou 70 semanas, contudo estavam expostos a todas estas noções que eram apresentadas ou refutadas nos outros periódicos adventistas. Embora Tiago White conservasse a fixação de datas fora de seus próprios periódicos (a Present Truth, a Advent Review, e a Review and Herald), dois de seus irmãos publicaram sua própria fixação de datas: Hiram Edson para 1850 e José Bates para 1851. O livreto de Edson publicado em 1849 predizia com grande certeza o encerramento da graça naquele ano e o Segundo Advento em 1850; o panfleto de Bates publicado em 1850 não apresentava uma predição positiva, mas apresentava em sua conclusão, de maneira suficientemente clara, o ponto de de que o ministério de Cristo no Santo dos Santos duraria sete anos (a partir de 1844). 45 Ambos datavam “a plenitude dos gentios” e o fim dos “tempos dos gentios” em 1844, e ambos acreditavam que isto traria uma mudança a um “remanescente” de Israel, 46 contudo nenhum dos dois adotou o ponto de vista literalista. Vemos aqui a influência da obra de Litch publicada em 1848 e já mencionada?

Embora Bates se referisse só ligeiramente à “misericórdia sendo estendida a um remanescente do Israel literal”, Edson escreveu todo um panfleto sobre “o retorno final dos judeus em 1850”. 47 Ele citou relatos de jornais dos levantes europeus, e o floreado discurso de Noah. Concluiu que em 1844 havia terminado o pisar o santuário, e que1850 veria 144.000 judeus reunidos em Jerusalém e selados. Uma vez que seu termo “judeus” incluía também os gentios enxertados que recebem o selo (o sábado), sua linguagem quase parece convidar o leitor a ir à “velha Jerusalém”, embora ele na verdade não diga isso. 48 E ele definitivamente não era um literalista.

Nenhuma dessas duas publicações particulares parece ter tido vasta influência sobre os adventistas do sétimo dia, e ambos os homens abandonaram seus conceitos atípicos quase antes da tinta secar.

Em 1850 David Arnold, escrevendo na Present Truth, citou semelhantemente o discurso de Noah como evidência de que os judeus já não estavam pisados desde o final dos tempos dos gentios, em 1844. 49 Provavelmente Tiago White permitiu esse artigo em suas colunas porque se opunha à fixação de datas em 1850, e não ensinava na verdade o literalismo. Estas produções mostram a necessidade das mensagens da Srª White em 1850 e 1851 para guardar seus irmãos contra alguns dos ventos de doutrina da época.

A Controvérsia da Era Por Vir

Na verdade, os ventos de doutrina ganharam força de um furacão em 1850 entre os adventistas – especialmente entre o grupo da maioria – com respeito à “era por vir”. Este era um novo nome para o velho literalismo que os mileritas haviam denunciado como “judaísmo”. O resultado foi o surgimento de um partido da era por vir, não-organizado mas distinto, abrangendo aqueles que adotaram o conceito literalista do milênio.50 Os principais expoentes o descreviam de forma ligeiramente variada, mas todos eles o viam como um período de continuação da graça, com judeus mortais na Jerusalém literal. Alguns adeptos do ensino da era por vir acabaram por fim se organizando em denominações que traziam o nome de Igreja de Deus: uma (que observava o domingo) foi a Igreja de Deus da Fé Abraâmica (Oregon, Illinois), e o outro grupo (sabatista) – através de duas ramificações saídas dos adventistas do sétimo dia – se tornou a Igreja de Deus (Denver, Colorado) e outras corporações relacionadas a ela, inclusive a que mais tarde se tornou conhecida como Igreja de Deus Mundial. 51 De onde veio a doutrina da era por vir que esteve em voga na década de 1850? Possivelmente tenha se originado principalmente das publicações literalistas britânicas que haviam circulado entre os mileritas. Contudo, o nome parece ter vindo do título dos editoriais de 1850, e do livro de 1851, ambos da autoria de Joseph Marsh. Certamente seu periódico, The Advent Harbinger (Rochester, New York), se tornou o ponto de anúncio da doutrina, embora outros a tenham ensinado antes dele.

A frase “era por vir”, e o que foi possivelmente um ligeiro prenúncio do esquema milenial de Marsh, já podia ser encontrado em 1846 numa obscura porção do artigo de O. R. L. Crosier sobre o santuário num Day-Star Extra. Contudo, não fica evidente nenhuma influência dele sobre Marsh; Crosier, embora fizesse parte da equipe editorial do Advent Harbinger desde 1847, só escreveu alguma coisa ali sobre a era por vir em 1850, depois de Marsh ter escrito sobre isto.

O artigo de Crosier no Day-Star continha a declaração original por inteiro da doutrina do santuário, baseada na explição de Hiram Edson em 23 de outubro sobre o desapontamento milerita. Ele foi reimpresso em parte por Tiago White em setembro de 1850, 52 mas a seção que tem o título “A Era por Vir” é pouco conhecida porque foi omitida na reimpressão. (A omissão era lógica, não só porque era irrelevante para o tema principal, mas também porque nessa ocasião “era por vir” tinha se tornado o título do milênio “judaico”. Nesta seção Crosier descreve o milênio como um tempo de restituição, uma transição gradual que precede a Nova Terra. Ele a chama de “uma era de reparos, nos quais os santos imortais se empenharão”, uma era em que “os cativos de Sião” (que ele não define quem são) serão purificados do pecado e possuirão “sua ‘própria terra’, e as ruínas serão edificadas”. Então Satanás reunirá “os pagãos” contra a cidade querida.53 As palavras usadas são demasiado indefinidas para indicar sua fonte ou seu possível efeito sobre o desenrolar posterior dos fatos.

Outras possíveis fontes de influência sobre a doutrina da era por vir de Marsh, surgida em 1850, poderiam ser dois outros que apresentaram conceitos literalistas em 1846 e 1848: J. B. Cook, da Nova Inglaterra (que, como Crosier, guardou o sábado por um pouco de tempo, escreveu em favor dele, e depois o abandonou), e Henry Grew, da Filadélfia (que escreveu um tratado o qual levou Storrs ao conhecimento da doutrina da imortalidade condicional). 54

Ainda em novembro de 1849, Marsh reafirmou mais uma vez, em essência, a posição padrão do milênio defendida pelos mileritas, exceto pela omissão da renovação da Terra no Advento. Contudo ele declarou que nunca havia tomado uma posição definitiva sobre a natureza do milênio. Em dezembro, ao apresentar trechos de um autor literalista, ainda professava estar em desacordo com ele sobre o retorno literal dos judeus à Palestina e sobre a oportunidade de salvação após o Segundo Advento. 55 Então vieram, a partir de janeiro de 1850, seus editoriais sobre a “Era por Vir”, que introduziram um conceito literalista após o outro. Ou seu “desacordo” se limitava a pequenos detalhes, ou ele estava mudando de posição. A partir do início de 1850 começaram a aparecer no Harbinger artigos de Grew, Cook, e outros que haviam defendido conceitos literalistas antes de Marsh. O Advent Herald se levantou em defesa da “fé original adventista”. Na conferência realizada em Nova Iorque em maio, Himes falou com ênfase: Falamos da apostasia de conceitos adventistas. Sim, há apostasias – e sérias. O judaísmo está sendo ensinado. Se os irmãos não pretendem ensiná-lo, que eles nos digam isso, e não que ensinem isto sob o disfarce de Adventismo. Judaísmo e Adventismo são duas coisas diferentes. Temos estado batalhando contra o primeiro desde o princípio; e quando quer que nossos irmãos o tenham adotado, eles os enfeitiçou completamente. 56

Marsh respondeu, objetando que seus artigos tinham sido mal compreendidos, mas a conferência nomeou uma comissão para escrever um “discurso” tratando das atuais “apostasias”. Este discurso, reafirmando a declaração de 1845 de Albany e atacando a doutrina da era por vir, foi apresentado a uma segunda conferência, realizada em Boston no final de maio, e por ela adotado. 57

Marsh retorquiu editorialmente que sua doutrina tinha “sido rotulada pelo Herald e pela Conferência de Boston com o odioso epíteto ‘Judaísmo’”, embora o Herald tivesse publicado os escritos dos literalistas britânicos, que “defendem um retorno literal dos judeus à Palestina e a oportunidade de salvação após o advento”. 58 Sua tentativa de dizer que não defendia estes dois pontos se baseava numa diferença da espessura de um fio de cabelo no significado de algumas palavras. 59 Provavelmente a contínua oposição o levou a tomar uma posição mais firme em seu livro de 1851, A Era por Vir, o qual declarava seus conceitos literalistas mais amplamente. 60 Marsh ensinava as principais doutrinas literalistas do milênio: continuação da oportunidade de salvação para os mortais deixados na Terra; os descendentes crentes de Israel numa posição especial no reino davídico; o templo de Ezequiel e os sacrifícios comemorativos; a “velha Jerusalém” reconstruída, purificada e glorificada como a capital do império milenial (não a Nova Jerusalém e a Nova Terra). 61 Contudo, nem ele nem seu associado Crozier (como o nome estava sendo escrito nessa época) defendia um retorno literal dos judeus para a Palestina antes do Advento, como Grew e Cook defendiam. 62 Marsh reimprimiu no Advent Harbinger seleções de obras literalistas. Ele abriu suas colunas para Storrs, que ali promoveu um livro sobre o Israelismo Britânico, ensinando a herança da Palestina pelos supostos descendentes britânicos das dez tribos, juntamente com um Judá judaico. 63 Mas essa doutrina não parece ter sido uma questão importante na controvérsia da era por vir. As principais citações mencionadas como erros no “discurso” da Conferência de 1850 de Boston, foram as seguintes, extraídas dos editoriais de Marsh sobre a era por vir, e que na maior parte tratam da Jerusalém restaurada e do perdão após o Advento: “Jerusalém será recuperada das mãos dos gentios e adaptada para ser o local do trono de Sua glória.” 64

“Numerosas profecias predizem de maneira tão clara e positiva a reconstrução de Jerusalém novamente como predizem sua queda. E como eles reconstruirão Jerusalém como a gloriosa cidade do Senhor durante Seu reino milenial, é evidente que a nova Jerusalém, que não deve ser reconstruída, não pode ser essa cidade.” … “Ela [a passagem de Isaías 54] não fala da nova Jerusalém que deverá estar localizada na Nova Terra, mas da Jerusalém literal em seu estado redimido, purificado, embelezado e glorificado, na Era por vir, sob o reino milenial de Cristo.“ … “Após o encerramento desta era do evangelho, Cristo iria ‘voltar’ e reconstruir novamente o tabernáculo de Davi, que foi derrubado. … Isto não pode ser a Nova Jerusalém ou o ‘tabernáculo de Deus’ (Apoc. 21:3), pois ele nunca foi derrubado.” … Somos forçados a concluir que há três Jerusaléns mencionadas na Bíblia: 1. Jerusalém, que está pisada, e agora em escravidão. 2. Jerusalém, redimida, reconstruída,… a cidade querida durante Seu reino milenial sobre a Terra; e 3. A nova Jerusalém que descerá do Céu da parte de Deus após o término dos mil anos do reinado de Cristo. 65 “Esta profecia [Isa. 66:15-24] primeiro prediz claramente a vinda do Senhor; depois nos informa que ‘serão muitos os mortos da parte do Senhor’ naquele dia, mas nos dá a entender que ‘alguns [serão] salvos’ desta destruição, os quais, cremos, não serão então transformados para a imortalidade, mas serão enviados para declarar a fama e glória do Senhor aos gentios, e às ilhas que não ouviram Sua fama nem viram Sua glória.”…

“Os restantes das nações, que escaparem da grande destruição na vinda de Cristo ou próximo a ela, serão favorecidos com o gracioso privilégio de se submeterem a Sua lei universal; mas no caso de não-aceitação de Sua oferta de misericórdia, em vez de repreensões e súplicas, como nesta era de graça, os ofensores receberão a rápida execução de juízos.” 66 Em vários editoriais e artigos no Harbinger em 1850 e 1851, as frases “Jerusalém reconstruída” ou “reedificada” e “reedificar o tabernáculo de Davi” ocorrem repetidamente em conexão com o reino milenial. 67

A Resposta Adventista

Como Himes e o grupo da maioria reagiram à doutrina da era por vir? Sustentaram que não havia profecia que ainda precisasse ser cumprida numa era futura antes do final do tempo de graça, e que as promessas feitas a Israel estavam sendo mal interpretadas. Contra o novo “judaísmo”, os escritores do Advent Herald repetiram os mesmos argumentos escriturísticos que haviam sido empregados no período de Miller, e os mesmos que foram usados mais tarde pelos pioneiros adventistas do sétimo dia. Alguns destes, quando usados hoje, são considerados novos por aqueles que não conhecem o que os antigos adventistas – e adventistas do sétimo dia – diziam sobre este assunto. Os principais pontos apresentados pelos vários escritores podem ser assim relacionados: 68 1. As promessas do Reino para o antigo Israel eram condicionais. “Muitas delas foram feitas a eles [os judeus] condicionalmente, e como não houve cumprimento das condições, as promessas agora não são agora válidas para eles.” . “Aqui [em Jer. 18:7-10] temos as invariáveis condições sob as quais são dadas todas as promessas nacionais.” 69 2. Estas promessas foram perdidas pelo não-cumprimento das condições. “Quando Ele [Cristo] veio, … e Sua nação O rejeitou, o tempo de oportunidade para eles terminou. … O tempo de oportunidade nacional para receberem a herança e o reino [de Deus] estava no fim.” 70 [citado Mateus 21:43.] 3. Estas profecias retratam o que poderia ter sido se as condições tivessem sido cumpridas. “Se eles [os judeus como nação] tivessem sido fiéis a suas obrigações de aliança, quer parecer que teriam sido finalmente abençoados de maneira semelhante às bênçãos prometidas na Nova Terra.” … “[Após o cativeiro babilônico] o completo arrependimento e a continuidade da obediência lhes teriam novamente assegurado a promessa … das condições ideais de vida prometidas a seus pais, e por eles perdidas.” 71 “Se a nação houvesse … aceitado a Cristo, não teria caído, mas teria, como nação, tido as vantagens sobre todas as outras nações. … Se com a queda deles e a diminuição do seu número, os gentios foram enriquecidos, quanto mais teriam eles sido enriquecidos se o pleno número (a plenitude…) dos judeus tivesse crido.” 72 4. Algumas destas profecias foram cumpridas para os judeus no passado. “As profecias que se destinam a apresentar aos judeus e a Jerusalém uma esperança futura [incluem] as profecias que se referiam à restauração dos judeus do cativeiro em Babilônia.” 73 5. Algumas seerão cumpridas para o “verdadeiro Israel” na recompensa final dos salvos. “Então [na ressurreição dos justos] será verificada a antiga promessa: ‘Eis que abrirei as vossas sepulturas, … ó povo Meu, e vos trarei à terra de Israel’. Os patriarcas e sua verdadeira descendência herdarão o território prometido quando viverem no estado ressuscitado.” 74 6. As profecias do Velho Testamento devem ser compreendidas em harmonia com a interpretação inspirada do Novo Testamento “[Algumas promessas] são explicadas pelos comentaristas inspirados do Novo Testamento, a fim de serem válidas para todos os que são da fé de nosso pai Abraão, para todos os que são enxertados na boa oliveira.” 75 “Se não tivéssemos nenhuma exposição inspirada [do Novo Testamento] sobre as promessas relacionadas à herança de ‘Abraão e a sua posteridade’, haveria alguma desculpa para se aplicar as promessas a Abraão e sua posteridade segundo a carne. … Mas precisaríamos de uma nova revelação antes de ousarmos aplicar essas promessas aos judeus como tais, … pois Paulo as aplicou de outra forma.” 76 Para todos estes argumentos contra a interpretação “judaizante” os escritores citavam vários textos bíblicos. É verdade que nem todos eles ficaram dentros dos limites adequados da evidência bíblica. Alguns deles – da mesma forma que, infelizmente, certos sucessores adventistas do sétimo dia em anos posteriores – se meteram em apuros e disseram que, uma vez que as profecias não prometiam aos judeus literais uma restauração futura como teocracia, nunca haveria, de forma alguma, uma nação judaica na Palestina. Mas alguns deles, mais de um século atrás, salientaram a distinção válida entre um retorno como uma entidade política, nacional, e um retorno como a teocracia predita nas profecias divinas.

Não um Cumprimento de Profecia

Tome Himes, por exemplo. O que ele teria dito se pudesse ter olhado numa bola de cristal e visto o estabelecimento do estado de Israel no século vinte? Teria decidido que os conceitos proféticos dos adeptos da era por vir afinal de contas estavam certos? Dificilmente – não mais do que teria adotado a doutrina do Israel Britânico se tivesse visto Allenby entrando em Jerusalém e a Liga das Nações estabelecendo o Mandato Britânico na Palestina.

Ele teria dito, presumivelmente, exatamente o que já dizia em 1849, ao discutir as grandes expectativas de M. M. Noah: que mesmo que os judeus pudessem ser restaurados nacionalmente na Palestina sob condições de teste, sua ocupação da terra não constituiria um cumprimento das profecias. A promessa, diz Himes, era da “terra … em possessão perpétua.” … Uma simples peregrinação na terra da promessa não poderia ser um cumprimento dela. … Assim como uma mera residência naquela terra, quer como nação ou como indivíduos, não era a possessão prometida, assim a continuação mais longa dos judeus, ou outra restauração deles ali, sob as mesmas condições de teste, não seria ou não poderia ser um cumprimento da promessa.” 77 Curiosamente, Crozier, no campo da era por vir, disse quase a mesma coisa mais tarde. Uma vez que ele ensinava a restauração literal de Israel durante o milênio, contendia com aqueles que esperavam que ela começasse antes do Segundo Advento. Mesmo que Rothschild comprasse a Palestina, reunisse os judeus e reconstruísse o templo, declarou ele, isso não seria um cumprimento da profecia. 78 E isso não era novo. Já em 1842 Henry Dana Ward havia escrito: “Se eles fossem restaurados à Palestina hoje, não poderiam tê-la mais do que Jeftá [sic], Samuel e Davi a tiveram; mas como a posse deles não foi a posse prometida [pois todos estes ‘não obtiveram … a concretização da promessa’ (Heb. 11:39 e 40 citados)], a posse por judeus modernos também não seria a posse prometida. … Aqueles que a herdarem com [Abraão e Cristo] não a esperarão nesta vida mortal, mas na ressurreição e na vida eterna.” 79 Os adventistas do sétimo dia, ainda um pequeno grupo minoritário, permaneceu fora da controvérsia de 1850; na verdade, dificilmente teriam sido aceitos como aliados por qualquer dos dois lados. O partido do Advent Herald de Himes e os adeptos da era por vir de Marsh reconheciam-se mutuamente como irmãos em erro, mas consideravam os adventistas do sétimo dia como totalmente fora de seu âmbito. Estes últimos, por sua vez, consideravam os outros dois como tendo se afastado da mensagem adventista original e rejeitado a nova luz sobre o sábado. 80 Mas a doutrina adventista do sétimo dia sobre o milênio impedia a aceitação dos conceitos da era por vir: com todos os redimidos no Céu e nenhum ser humano deixado vivo na Terra, simplesmente não há espaço quer para uma oportunidade de salvação após o Segundo Advento ou para um reino milenial “judaizante” na Terra. Da mesma forma que o ponto de vista “anti-judaizante” dos mileritas, a crença adventista do sétimo dia não tinha nada a ver com os judeus ou com sua religião ou status nacional. Ela se opunha a uma específica interpretação profética cristã, a saber: a aplicação de certas profecias a um esperado ajuntamento e conversão dos judeus, e ao lugar deles num reino “davídico” sobre a Terra durante o milênio. (Uma opinião a favor da interpretação literalista “judaizante” das profecias, ou contra ela, não torna alguém pró israelita ou anti-israelita, da mesma forma que a aceitação ou rejeição da alegação do Israel Britânico não torna alguém pró ou anti-Britânico.) 81

Meshullam e a Velha Jerusalém

Se em 1850 e 1851 os adventistas do sétimo dia defendiam doutrinas incompatíveis com os vários ensinos contemporâenos sobre “o tempo”, a “era por vir” e os judeus, por que então eles precisavam dos conselhos da Srª White sobre o “Tempo do Ajuntamento”? Porque eles não estavam isolados da guerra de idéias que ocorria nos vários periódicos adventistas. Alguns, como Edson, tinham obviamente sido afetados pelas interpretações proféticas populares na época e pelas notícias contemporâneas. Embora não pareça haver nenhum indicativo de que as insinuações de Edson sobre um “selamento” em 1850 em Jerusalém tenha suscitado qualquer interesse de se ir para lá, contudo de outras regiões, nessa mesma época, vieram estímulos à ação em conexão com “a história de Meshulam”. Em junho de 1850, a Srª Clorinda Minor da Filadélfia, após ter retornado de uma visita à Palestina, publicou um breve esboço biográfico de John Meshullam – um judeu cristão nascido na Inglaterra que tinha uma fazenda perto de Belém e fazia o que podia para ajudar os judeus indigentes de Jerusalém, dando-lhes produtos da colheita ou emprego. No princípio de 1851 ela ampliou sua narrativa, incluindo um relato de suas viagens tirado de seu diário. Neste livro, intitulado Meshullam! Or, Tidings From Jerusalem (Meshullam! ou: Boas Novas de Jerusalém), ela solicitava fundos e pessoas para auxiliarem o projeto de Meshullam, 82 que ela investiu de significação profética. Seu entusiasmo missionário via nas florescentes colheitas dele um sinal de que o favor de Deus estava voltando à “terra”. Sua imaginação transformou o punhado de lavradores judeus que ele empregava na vanguarda do retorno de Israel a sua terra, e a fantasia dela os viu como conversos em perspectiva que constituiriam o “remanescente” reunido para dar as boas-vindas ao Messias que voltava a Sua capital, em preparo para a completa restauração após o Segundo Advento. 83 O plano dela não era só coletar dinheiro e suprimentos, mas também levar para lá um grupo de colonizadores. Eles deveriam lavrar o solo e trabalhar pela reabilitação dos judeus indigentes de Jerusalém, a fim de libertá-los da dependência de seus rabis e do favor financeiro da comunidade judaica internacional, e também para convertê-los. Numerosos artigos apareceram em 1851 no Advent Harbinger, com J. B. Cook dando entusiástico apoio à Srª Minor, mas Marsh pedindo cautela e Crozier por fim desacreditando-a.84 Tanto Marsh quanto Crozier consideravam o projeto dela visionário, de sucesso duvidoso e também sem base bíblica, porque eles não esperavam nenhum retorno dos judeus antes do Advento.

No outono seguinte a Srª Minor de fato partiu para lá de navio com um grupo de sete pessoas. Logo, contudo, vieram problemas, más notícias, e a separação de Meshullam, que disse não ter nada a ver com sua suposta ajudadora.85 A Srª Minor, que observava o sábado embora não fosse adventista do sétimo dia, parece ter tentado sem sucesso induzir os batistas do sétimo dia a continuarem o projeto dela.86 Uma vez que ela era bem conhecida de alguns dos primeiros adventistas do sétimo dia,87 é bem possível que alguns deles tivesse sido atraído por essa ideia de “ir à velha Jerusalém” se não tivessem sido os conselhos da Srª.White sobre o “Tempo de Ajuntamento”.

Análise das Mensagens

Estas mensagens, que forneceram orientação numa época de confusão e controvérsia,88 revelam unidade e significado em vista de seu contexto. Um estudo deste conselho mostrará que cada seção era relevante para algum erro ligado direta ou indiretamente com a controvérsia da era por vir que estava ocorrendo naquela época:

O Tempo do Ajuntamento

[a] “No dia 23 de setembro [de 1850], O Senhor mostrou-me que Ele havia estendido a Sua mão pela segunda vez para reaver o remanescente de Seu povo, e que se deviam fazer esforços redobrados neste tempo do ajuntamento. Na dispersão, Israel fora castigado e maltratado, mas agora no tempo do ajuntamento, Deus sarará o Seu povo e o unirá. Na dispersão fizeram-se esforços para espalhar a verdade com pouco êxito, pouco ou nada tendo sido conseguido; mas no ajuntamento, quando Deus coloca a Sua mão para readquirir o Seu povo, esforços para disseminar a verdade terão o seu esperado efeito. Todos devem estar unidos e cheios de zelo na obra. Vi que era errado se referirem alguns à dispersão, daí tirando exemplos para nos governar no ajuntamento; pois se Deus não fizesse mais por nós agora do que fez então, Israel jamais seria ajuntado.”89 Esta seção introdutória mostra claramente que ela aplicou o ajuntamento de Israel a “nós”. Mais tarde ela aproveitou a oportunidade para inserir uma nota explicativa aplicando-o definidamente ao povo do movimento do Advento.90 [b] “Tenho visto que o diagrama de 1843 foi dirigido pela mão do Senhor, e que ele não deve ser alterado; que as figurações eram o que Ele desejava que fossem, e que Sua mão estava presente e ocultou um engano em alguma figuração, de maneira que ninguém pudesse vê-lo, até que Sua mão fosse removida.”

A cronologia milerita, nos principais pontos, devia ser conservada. As fixações de data que ocorreram em 1850 e 1851 fora do grupo adventista do sétimo dia, estavam quase todas baseadas em mudanças na datação dos 2300 anos. 91 [c] “Vi então em relação ao ‘contínuo’ (Dan. 8:12), que a palavra ‘sacrifício’ foi suprida pela sabedoria humana, e não pertence ao texto, e que o Senhor deu a visão correta [disto] àqueles a quem deu o clamor da hora do juízo. Quando houve união, antes de 1844, quase todos eram unânimes quanto à maneira correta de entender o ‘contínuo’; mas na confusão desde 1844, outras opiniões têm sido abrigadas, seguindo-se trevas e confusão. O tempo não tem sido um teste desde 1844, e nunca mais o será.” A referência dela ao “contínuo” e ao “sacrifício” não deixava de estar relacionada a um erro concernente ao “ajuntamento de Israel”. O que ela viu, em relação ao contínuo, foi que “a palavra ‘sacrifício’ foi suprida”, e que os mileritas tinham “a visão correta” disto e que estavam unidos quanto a isto até que outras opiniões surgiram após 1844. O “isto” sobre o qual eles unidamente tinham a visão correta poderia gramaticalmente se referir ou (1) ao “contínuo” em si, ou (2) ao fato de “que a palavra ‘sacrifício’ foi suprida… e não pertence ao texto”. Contra a posição (1) está o fato de que ela mais tarde escreveu que não tivera “nenhuma instrução a respeito do ponto em discussão”, sendo que o ponto, mencionado cinco linhas acima (1 ME 164), era “o verdadeiro sentido de ‘o contínuo’”. E em favor do ponto (2) está o fato de que os mileritas haviam unida e repetidamente insistido que a palavra “sacrifício” não estava no texto. Eles usaram este argumento para refutar muitos de seus oponentes que defendiam que a remoção do “contínuo” era a remoção dos sacrifícios judaicos por Antíoco durante um período de 2300 (ou 1150) dias literais. 92 Eles insistiam que o período era de 2300 anos, não dias, e que a purificação no final desse tempo não tinha nada a ver com os sacrifícios judaicos. Ademais, é interessante notar que, entre as “outras opiniões” abrigadas “na confusão desde 1844” estava pelo menos a exposição de um literalista, a qual interpretava o “contínuo” como sendo “os sacrifícios judaicos contínuos que ainda devem ser restaurados” num futuro templo, e que computava os 2300 como sendo dias literais.93 Assim, pode ser visto neste parágrafo que o “contínuo”, os supostos sacrifícios, e “o tempo” têm, afinal de contas, uma ligação lógica.

[d] “O Senhor me tem mostrado que a mensagem do terceiro anjo deve ir, e ser proclamada aos dispersos filhos do Senhor, mas não deve estar na dependência do tempo. Vi que alguns estavam conseguindo um falso excitamento, despertado por pregarem tempo; mas a mensagem do terceiro anjo é mais forte do que o tempo possa ser. Vi que esta mensagem pode sustentar o seu próprio fundamento e não necessita de tempo para fortalecê-la; e que ela irá em grande poder e fará a sua obra, e será abreviada em justiça.” Esta advertência contra a ligação da terceira mensagem angélica com a fixação de datas foi dada numa visão em 21 de junho de 1851. É uma referência direta à expectativa de Bates a respeito de 1851.94

[e] “Foram-me indicados então alguns que estão em grande erro de crer que é seu dever ir à antiga Jerusalém, entendendo que têm uma obra a fazer ali antes que o Senhor venha. Tal opinião é de molde a afastar a mente e o interesse da presente obra do Senhor, sob a mensagem do terceiro anjo, pois os que pensam que devem não obstante ir à velha Jerusalém terão sua mente posta ali, e os seus recursos serão tirados da causa da verdade presente para permitir a eles e outros estar ali.”

A primeira referência ao suposto dever de ir à “antiga Jerusalém” (parte da visão de setembro de 1850) 95 rotula isto como um erro presente. [f] “Vi que tal missão não realizaria nenhum bem real, que levaria um bom espaço de tempo para levar alguns judeus a se tornarem crentes mesmo na primeira vinda de Cristo, quanto mais no Seu segundo advento. Vi que Satanás havia enganado sobremodo alguns neste ponto e que almas a todo o redor deles, neste país, poderiam ser ajudadas por eles e levadas a guardar os mandamentos de Deus, mas eles as estavam deixando perecer.” A segunda referência a ir a Jerusalém, e a futilidade disto, foi acrescentada em agosto de 1851, na ocasião em que ela estava reunindo estas mensagens para publicação no Experience and Views. Isto foi pouco antes do grupo da Srª Minor embarcar, e na própria ocasião em que estavam sendo feitos apelos em favor de “alguns fiéis colaboradores”, para se conseguir mil dólares a fim de enviá-los a Belém para ajudar Meshullam. 96

[g] “Vi também que a velha Jerusalém jamais seria reconstruída, e que Satanás estava fazendo o máximo para levar a mente dos filhos do Senhor para essas coisas agora, no tempo do ajuntamento, impedindo-os de dedicar todo o seu interesse à presente obra do Senhor, levando-os assim a negligenciarem a necessária preparação para o dia do Senhor.” A declaração de que a velha Jerusalém nunca seria reconstruída (também acrescentada em agosto de 1851) indica claramente que alguns estavam esperando que ela fosse reconstruída no futuro. Obviamente esta expectativa de uma futura reconstrução, e não a imediata ida lá, era o olhar “para a velha Jerusalém” que ela identificou com a “era por vir” do milênio (por definição, uma era futura).97 Na verdade os escritores da era por vir enfatizavam repetidamente a futura reconstrução de Jerusalém como a gloriosa capital durante o milênio.

O conceito que a era por vir tinha disto fica claro pelo que Marsh escreveu no Advent Harbinger: “Numerosas profecias predizem de maneira tão clara e positiva a reconstrução de Jerusalém novamente como predizem sua queda. E como eles reconstruirão Jerusalém como a gloriosa cidade do Senhor durante Seu reino milenial, é evidente que a nova Jerusalém, que não deve ser reconstruída, não pode ser essa cidade. … Não fala da nova Jerusalém que deverá estar localizada na Nova Terra, mas da Jerusalém literal em seu estado redimido, purificado, embelezado e glorificado, na Era por vir, sob o reino milenial de Cristo.” 98 Portanto é óbvio que a negação, por parte da Srª White, de que a velha Jerusalém seria “reconstruída”, refere-se ao tempo do milênio, e não a alguma reconstrução na era presente.

Notas:

1 Early Writings, págs. 75-76 (itálicos acrescentados). Para as datas das duas visões, ver Present Truth, 1:86, Novembro de 1850, e Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 188.Para os acréscimos, ver A Sketch of the Christian Experience and Views of Ellen G. White (geralmente mencionado como Experience and Views), págs. 48 e 62.

2 Tiago White, Editorial, “Our Present Work” (Nossa Presente Obra), Review and Herald, 2:12 e 13, 19 de agosto de 1851.

3 Ellen G.White, carta 8, 1851, escrita em 12 de novembro para o “irmão e a irmã Howland”. Referindo-se a alguns que haviam ficado desapontados ao esperar o segundo advento em 1851, ela menciona que lhe havia sido mostrado que alguns, “tentando conseguir um substituto após a passagem do tempo . . . estariam olhando para a velha Jerusalém, ou, como a denominavam, a era por vir”.

4 Joseph Marsh, “A Era Por Vir,” parte 1, Advent Harbinger, n.s. 1:228, 5 de janeiro de 1851.

5 Josué V. Himes, falando numa conferência em Nova Iorque, Advent Herald n.s. 5:125, 18 de maio de 1850 (ver também Isaac C. Wellcome, History of the Second Advent Message, pág. 592). Que “Judaísmo” significava a doutrina da “era por vir” fica claro pelo “discurso” adotado logo após uma conferência em Boston, que faz citações da série de Marsh que tem esse título; veja os relatos na Advent Herald de 1o e 8 de junho de 1850.

6 Advent Herald, n.s. 5:124, 125, May 18, 1850.

7 Ibid., pág. 124; ver a declaração de Miller, ibid., 9:130, 4 de junho de 1845 (também reimpresso no Seventh-day Adventist Bible Students’ Source Book, ed. de 1962, no. 7). Ver também o item “Adventist,” na Seventh-day Adventist Encyclopedia, pág. 11

8 “Declaration of Principles,” Signs of the Times, 5:107, 108, 7 de junho de 1843; também reimpresso no Source Book (1962), no. 1084. Ver também o item “Millerite Movement,” na Seventh-day Adventist Encyclopedia, págs. 895, 896; e Source Book, no. 7, nota.

9 Para uma explicação milerita da diferença entre os adventistas, os pós-milenialistas (“milenistas”), e os prémilenialistas literalistas (“milenários”), veja Josiah Litch, “The Rise and Progress of Adventism,” Advent Shield, 1:47, 48, maio de 1844 (também no Source Book, no. 1085). Litch fala do pós-milenialismo como tendo “prevalecido quase universalmente dez anos atrás” (Advent Shield, 1:89); e em 1840 ele ainda estava “plenamente fixado na mentalidade popular” (Henry DanaWard, “History and Doctrine of the Millennium,” pág. 59, no Report of the [First] General Conference of Christians Expecting the Advent). Em 1841 Alexander Campbell o chamou de “a teoria protestante” em seu resumo destes três conceitos mileniais em seu periódico Millennial Harbinger, 5:8, 9, janeiro de 1841 (também no Source Book, no. 1077).

10 Ward, op. cit., págs. 26, 28. Para estas duas exposições de credo, ver, respectivamente, Philip Schaff, Creeds of Christendom, vol. 3, pág. 18, e vol. 1, pág. 615, nota 1.

11 Ver Source Book, nos. 1052, 1073 e nota, 1077 (sobre “Mr. Begg’s theory”).

12 Para um exemplo, Henry Jones, Carta, no Signs of the Times, 1:109, 15 de outubro de 1840 (também no Source Book, no. 894). Para a diferença entre Wolff e os adventistas, ver Advent Herald, n.s. 5:102, 27 de abril de 1850.

13 Ward, op. cit., pág. 32.

14 Litch, em Advent Shield, 1:92, maio de 1844 (e Source Book, no. 896). Para a correspondência, ver Source Book, no. 894.

15 William Miller, Views of the Prophecies, págs. 33-34; Resoluções da “Conferência de Boston sobre o Segundo Advento”, realizada em 1842, Signs of the Times, 3:69, 1o. de junho de 1842; “Declaração de Princípios” formulada na Conferência de Boston de 1843, ibid., 5:107, 7 de junho de 1843 (também no Source Book, nos. 1083, 1084).

16 The American Millenarian, New York. Ver L. E. Froom, Prophetic Faith of Our Fathers, vol. 4, p. 327 e nota. Sobre os dispensacionalistas, ver George E. Ladd, Crucial Questions About the Kingdom of God, págs. 50-52 (e no Source Book, no. 630); também Froom, op. cit., vol. 4, págs. 1220-1227; e Source Book, no. 1073, nota.

17 Anthony Ashley, Conde de Shaftesbury, notas de Diário, citado em Edwin Hodder, The Life and Work of the Seventh Earl of Shaftesbury, vol. 1, págs. 310, 311. Ashley era a pessoa mencionada, mas não citada por nome (no Times de Londres, 17 de agosto de 1840, pág. 3, col. 5), como o promotor da migração dos judeus para a Palestina patrocinada pelo ocidente.

18 Hodder, op. cit., vol. 1, pág. 377 (cf. págs. 370, 374). Ver também Harold Temperley, England and the Near East: The Crimea (1936), pág. 443, nota 275; Barbara W. Tuchman, Bible and Sword (1956, 1968), cap. 10.

19 Tuchman, op. cit. (1968 ed.), págs. xi, 197, 208.

20 George Storrs, Editorial, no Bible Examiner, 5:74, maio de 1850; ver também ibid., no. 17, 16 de agosto de 1844, págs. [1-5].

21 L. C. Gunn, no Midnight Cry, 7:147, 7 de novembro de 1844; sobre Fitch ver também Bible Examiner, no. 17, pág. [5], 16 de agosto de 1844.

22 Day-Star, 7:3, 11 de agosto de 1845. Para a declaração de Storr, ver Bible Examiner, n.s. no. 1, págs. [1-3], 16 de julho de 1845; após isto ele escreveu uma série sobre “Cumprimento Literal da Profecia” nessa edição e em edições subseqüentes.

23 TiagoWhite, na Review and Herald, 7:61, 16 de outubro de 1855.

24 Declarado nos princípios adotados na Conferência de Albany, N.Y., em abril de 1845, e reafirmado em duas conferências em 1850. Ver Advent Herald, n.s. 5:124-125, 141, 18 de maio e 1o de junho de 1850.

25 Ver Enoch Jacobs, Editorial, Day-Star, 6:48, 29 de julho de 1845. Este “espiritualismo” não era o “espiritismo” (comunicação com os espíritos); as batidas das irmãs Fox só surgiram em 1848.

26 Ver Day-Star, 8:24, novembro de 1845; ibid., 10:20, 21, 28, April 4, 11, 1846; Spiritual Gifts; vol. 2 pp. 58, 63, 68-75. Ver também “Spiritualism,” Seventh-day Adventist Encyclopedia, pp. 1415, 1416.

27 Por exemplo, Hiram Edson (ver nota 29); Apollos Hale e Joseph Turner, no Advent Mirror, 1:[1,3], janeiro de 1845; Ellen G.White, “Fim dos 2300 Dias” (visão de fevereiro de 1845), em Primeiros Escritos, pág. 55.

28 Um escritor contemporâneo (C. B. Hotchkiss, Carta, no Day-Star, 9:63, 28 de fevereiro de 1846), ao resumir as diferenças entre as três divisões dos adventistas após 1844 em relação à parábola dos talentos, chama este grupo do meio de a classe dos dois talentos. Ele aplica os cinco talentos a seu próprio grupo, os “espiritualizadores”, e o talento enterrado ao grupo da maioria – a “multidão” que “negou que o movimento do décimo dia constituiu o clamor da meia-noite, e que foi um cumprimento de profecia”.

29 Hiram Edson, manuscrito sobre sua explicação do desapontamento, citado em F. D. Nichol, The Midnight Cry (1944), págs. 457-458.

30 Em Review and Herald, 2:96, 17 de fevereiro de 1852; 3:144, 20 de janeiro de 1853.

31 Ver Present Truth, 1:74, nota 3, maio de 1850.

32 Primeiros Escritos, pág. 74.

33 Ver o artigo “Millennium,” Seventh-day Adventist Encyclopedia, págs. 886-888. Para declarações adventistas do sétimo dia publicadas em 1850, veja Ellen G. White, visão de 26 de janeiro, em Present Truth, 1:72, abril de 1850; Tiago White, “O Dia do Juízo,” Advent Review, 1:49-51, setembro de 1850; [Hiram Edson], “A Era Por Vir,” Advent Review, Extra, [Setembro de 1850], págs. 14, 15; Ellen G. White, em Present Truth, 1:86, novembro de 1850. Esta última foi uma visão recebida em setembro (intitulada “As Últimas Pragas e o Juízo”, em Primeiros Escritos, pág. 52), mais ou menos da mesma época da seção datada de 23 de setembro (na mesma página em Present Truth), que forma a primeira parte das mensagens sobre o “Tempo de Ajuntamento” em Primeiros Escritos, págs. 74-76.

34 Primeiros Escritos, pág. 41.

35 Por exemplo, Guilherme Miller, “Recapitulação de Smith e Campbell”, em sua obra Views, págs. 178, 179; Josias Litch, Prophetic Expositions, vol. 1, pág. 70; Himes, Editorial, Advent Herald, n.s. 5:60, 61, 23 de março de 1850; [Storrs], no Bible Examiner, reimpresso no Advent Harbinger, n.s. 3:77, 23 de agosto de 1851; Marsh, Editorial, Advent Harbinger, n.s. 2:236, 11 de janeiro de 1851.

36 Litch, Conferência 8 sobre Mateus 24, Advent Herald, n.s. 6:381, 28 de dezembro de 1850.

37 Litch, The Restitution (1848), págs. 80-81, 94-112, 176-177.

38 Mordecai M. Noah, Discurso de Ação de Graças, Weekly Tribune (New York), 2 de dezembro de 1848, pág.[3] (esta página é datada de 27 de novembro, provavelmente da edição diária).

39 Advent Harbinger, 18:5, 23 de dezembro de 1848, citando o Religious Telescope; ver também pág. 20, 6 de janeiro de 1849, sobre um item do New York Express.

40 Bible Examiner, 3:58, abril de 1848, citando o Sunday Dispatch.

41 Uma suposta profecia, “De Fluctibus Misticae Navis,” encontrada num convento agostiniano, creditada ao Journal of Commerce (New York), 13 de junho de 1849, por D. T. Taylor no Advent Harbinger, n.s. 1:25 [i.e. 52], 4 de agosto de 1849.

42 Por exemplo, ver os itens mencionados nas notas 38-40.

43 Baseada na terminação da 69a das 70 semanas na cruz, esta datação foi apresentada por numerosos escritores nos periódicos adventistas, embora não tenha sido adotada pelos líderes. Veja, por exemplo, Thomas Smith, no Advent Herald, n.s. 5: 71, 30 de março de 1850 (respondido por Himes); S. Bliss, refutando Stephen Reed, ibid., 6:220, 10 de agosto de 1850; C.Woodward, no Advent Harbinger, n.s. 3:19, 5 de julho de 1851; veja discussões e refutações sobre estas datas na Review and Herald, 1:23, dezembro de 1850; ibid., págs. 49, 52, março de 1851.

44 Foram eles J. C. Bywater e JonasWendall; veja Spiritual Gifts, vol. 2, pág. 122; veja também menção no Present Truth, 1:61, 64, 78, março e maio de 1850.

45 Hiram Edson, The Time of the End (1849), págs. 15, 13; José Bates, An Explanation of the Typical and Antitypical Sanctuary (1850), págs. 10, 11.

46 Nisto discordavam do conceito prevalecente de que os tempos dos gentios se estendiam até o Segundo Advento.

47 Bates, pág. 12; Edson, An Exposition of Scripture Prophecy (impressão particular, 1849; 41 págs.); sobre os Tempos dos Gentios veja págs. 4, 20.

48 Edson, An Exposition, págs. 9-13, 19, 20, 30-32, 41.

49 David Arnold, “As Visões de Daniel,” Present Truth, 1:59-63, março de 1850.

50 Para o resumo feito por Joseph Marsh sobre a doutrina da era por vir, veja sua obra The Age to Come (1851), págs. 125-128. (Para um resumo posterior de um oponente, inclusive variantes desta doutrina, veja J. H. Waggoner, “A Era por Vir,” Review and Herald, 7: 84, 85, 11 de dezembro de 1855.) Outros adventistas haviam adotado o literalismo antes de Marsh. Storrs já foi mencionado. Outros foram J. B. Cook e Henry Grew, ambos os quais escreveram no Advent Harbinger. O. R. L. Crosier também advogava este conceito. Vários anos mais tarde alguns adventistas do sétimo dia, liderados por J. M. Stephenson and D. P. Hall, saíram da igreja e formaram uma ramificação da “era por vir” (ver “Messenger Party,” Seventh-day Adventist Encyclopedia).

51 Ibid.; também “Marion Party” no mesmo volume. Para as denominações ver também U.S. Bureau of the Census, Religious Bodies, 1936, vol. 2, part 1, págs. 36, 46; Frank S. Mead, Handbook of Denominations (1961), págs. 23, 75; sobre a Igreja de Deus no Rádio, ver as declarações autobiográficas de Herbert W. Armstrong no The Plain Truth, agosto de 1959, pág. 15; dezembro de 1959, pág. 7; setembro de 1960, págs. 16, 17.

52 Advent Review 1:42-47, 57-63, setembro de 1850.

53 Day-Star, Extra, 9:42, 43, 7 de fevereiro de 1846.

54 J. B. Cook, Carta, no Bible Advocate, 1: 121-123, 24 de outubro de 1846 (sobre sua defesa do sábado, ibid., 3:122-123, 129-130, 145-146, edições de 2, 9 e 23 de dezembro de 1847); Henry Grew, Carta, no Advent Harbinger, 17:20, 8 de julho de 1848. Estes dois, e Storrs, escreveram freqüentemente sobre este assunto no periódico de Marsh em 1850 e 1851.

55 No Advent Harbinger, n.s. 1:172, 220, edições de 17 de novembro e 29 de dezembro de 1849.

56 Atas da Conferência de New York, Advent Herald, n.s. 5:125, 18 de maio de 1850 (ver também suas observações á pág. 124).

57 Atas da Conferência de Boston, ibid., págs. 140-141, e 149-151, 1o e 8 de junho de 1850.

58 Joseph Marsh, Editorial, Advent Harbinger, n.s. 2:12, 29 de junho de 1850.

59 Ibid., n.s. 1:372, 380, 11 e 18 de maio, (cf. n.s. 2:220, 28 de dezembro de 1850, e pág. 244, 18 de janeiro de 1851.

60 Marsh, The Age to Come, págs. 98, 102, 125-128.

61 Ibid.; também os editoriais de Marsh no Advent Harbinger, n.s. 1:284, 23 de fevereiro de 1850; ibid., págs.308, 324, 325, 16 e 30 de março de 1850; também n.s. 2:244, 245, 18 de janeiro de 1851; n.s. 3:52, 53, 2 de agosto de 1851.

62 Marsh, The Age to Come, págs. 106-109; Crozier, no Advent Harbinger, n.s. 4:45, 24 de julho de 1852; Grew, ibid., n.s. 2:107, 21 de setembro de 1850, e n.s. 2:388, 24 de maio de 1851; Cook, ibid., n.s. 3:29, 12 de julho de 1851.

63 Marsh, Advent Harbinger, n.s. 2:12., 29 de junho de 1850. Foram impressos extratos deste livro no Harbinger (Our Israelitish Origin, escrito por um inglês, John Wilson), por exemplo à pág. 21 da edição de 6 de julho de 1850.

64 Ibid., n.s. 1:284, 23 de fevereiro de 1850.

65 Ibid., págs. 324, 325, 30 de março de 1850.

66 Ibid., pág. 372, 11 de maio de 1850.

67 Por exemplo, Jerusalém reconstruída: Advent Harbinger, n.s. 1:306, 324, 325, 349; n.s. 2:116, 117, 306, 332, 406; n.s. 3:84, 93. Para “o tabernáculo de Davi” reconstruído: ibid. n.s. 1:300, 324, 329, 337, 373; n.s. 2:68, 212, 406; n.s. 3:45, 52-53, 69, 101. Em resposta à aplicação literalista, Himes cita o comentário inspirado sobre Amós em Atos 15, aplicando-o à conversão dos gentios (Advent Herald, n.s. 5:61, 23 de março de 1850).

68 Para um resumo dos principais pontos aqui relacionados, ver [Himes], Editorial, Advent Herald, n.s. 5:44, 9 de março de 1850 (também ibid., 13:97, 1o de maio de 1847); “Discurso” adotado na conferência de Boston de 1850, ibid., n.s. 5:150, 8 de junho de 1850.

Para discussões adventistas do sétimo dia sobre o assunto que cobre estes mesmos pontos, veja J. H. Waggoner, The Kingdom of God (1859; baseado nos artigos que apareceram na Review and Herald em 1856); Ellen G. White, Profetas e Reis, págs. 292-298, 703-714, 720; Parábolas de Jesus, págs. 284-296; Evangelismo, pág. 695 (veja ainda referências de Ellen G. White nas duas obras citadas a seguir); para uma análise recente do assunto, ver “The Role of Israel in Old Testament Prophecy,” Seventh-day Adventist Bible Commentary, vol. 4, págs. 25-38; “Israel, Prophecies Concerning,” Seventh-day Adventist Encyclopedia, págs. 683-686.

69 [Himes], Editorial, Advent Herald, n.s. 5:44, 60, 9 e 23 de março de 1850. Sobre este item e sobre o item seguinte (2) ver também O. R. Fassett, no Advent Herald, n.s. 5:108, 4 de maio de 1850, e n.s. 9:30, 24 de janeiro de 1852; oponente citado no Advent Harbinger, n.s. 1:388, 25 de maio de 1850; “Discurso” adotado na Conferência de Boston, Advent Herald, n.s. 5:150, 8 de junho de 1850. Fazia tempo que esta era uma doutrina adventista; ver reimpressão do Signs of the Times, 1842, na Review and Herald, 5:123, 9 de maio de 1854; Litch, Prophetic Expositions, vol. 1, pág. 57; [Bliss?], no Advent Shield, 1:430-432, abril de 1845; [Himes], Editoriais no Advent Herald, 13:97, 1o de maio de 1847; n.s. 2:180-181, 6 de janeiro de 1849. 70 Litch, Conferência 2 sobre Mateus 24, Advent Herald, n.s. 6:292, 293, 12 de outubro de 1850 (cf. a segunda parte, pág. 300, 19 de outubro). Ver também nota 69.

71 [Himes], Editorial, Advent Herald, n.s. 2:180, 6 de janeiro de 1849.

72 Ibid., n.s. 5:45, 9 de março de 1850. Ver também [Bliss?], no Advent Shield, 1:432, abril de 1845; Litch, Conferência 2 sobre Mateus 24, Advent Herald, n.s. 6:293, 12 de outubro de 1850.

73 “Discurso” adotado na Conferência de Boston, no Advent Herald, n.s. 5:150, 8 de junho de 1850. Ver também Guilherme Miller, “Recapitulação de Smith and Cambell” em sua obra Views (1842), pág. 179; também seu “Sobre o Retorno dos Judeus,” ibid., pág. 229; William Sheldon, no Advent Harbinger, 18:43, 27 de janeiro de 1849; [Himes], Editorial, Advent Herald, n.s. 5:44, 60, 9 e 23 de março de 1850.

74 R. Hutchinson, “O Reino de Deus,” parte 1, Advent Herald, n.s. 6:254, 7 de setembro de 1850 (cf. sua parte 2, ibid., pág. 286, 5 de outubro). Ver também Guilherme Miller, “Sobre o Retorno dos Judeus,” em sua obra Views (1842), pág. 229; Henry Dana Ward, “A Esperança de Israel” (1842), reimpresso no Advent Herald, n.s. 5:130, 25 de maio de 1850; Litch, Prophetic Expositions (1842), vol. 1, pág. 58; [Himes], Editoriais, Advent Herald, n.s. 2:181, 6 de janeiro de 1849; ibid., n.s. 5:44, 9 de março de 1850; “Discurso” da Conferência de Boston, ibid., n.s. 5:150, 8 de junho de 1850.

75 [Himes], Editorial, Advent Herald, n.s. 5:44, 9 de março de 1850.

76 L. D. Mansfield, “A Era Futura,” Advent Herald, n.s. 6:398, 11 de janeiro de 1851 (ver a parte anterior, pág. 390, 4 de janeiro de 1851). Ver também Miller, “Conferência sobre as Duas Varas,” em sua obra Views (1842), págs. 96, 97. Himes (editorial não-assinado, Advent Herald, 13:97, 1o de maio de 1847) e O. R. Fassett (ibid., n.s. 5:108, 4 de maio de 1850) reclamaram do erro de não usar a interpretação do Novo Testamento sobre as profecias do Velho Testamento.

77 [Himes], Editorial, Advent Herald, n.s. 2:180, 6 de janeiro de 1849.

78 [Crozier], “Rothschild e a Cidade de Jerusalem,” Advent Harbinger, n.s. 4:45, 24 de julho de 1852.

79 Ward, “A Esperança de Israel” (1842), reimpresso no Advent Herald, n.s. 5:122, 18 de maio de 1850.

80 Talvez esta situação tenha sido uma salvaguarda para os adventistas do sétimo dia, sua separação tendo ajudado a preservar sua identidade em seu período formativo.

81 E da mesma forma que nosso ensino de que as profecias indicam guerras, calamidades e perseguições nos últimos dias não significa que nos alegramos com esses acontecimentos ou que os aprovamos.

82 [Clorinda S. Minor], Meshullam! or, Tidings From Jerusalem, publicado pela autora em 1850 [i.e. 1851; ver pág. 98]. (Para a identidade da autora, ver Advent Harbinger, 2:293, 1o de março de 1851.) Esta é a “segunda edição”, sendo que a primeira foi a “Narrativa” (págs. 81-95 na segunda edição) publicada em junho de 1850 (ver pág. 80). Quanto a apelos para pessoas que pudessem ajudar, ver págs. 77, 98.

83 Ver Meshullam! págs. 73-74, 75, 77, 84-85, 98, 99; também os artigos dela no The Truth Seeker, 1:2, abril de 1851, e no Advent Harbinger, n.s. 4:149, 23 de outubro de 1852. Os sentimentos dela são ecoados por J. B. Cook, ibid., n.s. 3:77, 23 de agosto de 1851.

84 Para Cook, ver Advent Harbinger, n.s. 2:293, 307, 321; n.s. 3:77, 85, 291. Para Marsh, ibid., n.s. 2:396; n.s. 3:101-102, 118, 156; n.s. 4: 189. Para Crozier, ibid., n.s. 4:174, 180, 204-206.

85 Eles chegaram em março de 1852; antes do fim desse ano, Meshullam estava desiludido. John Meshullam, Carta (15 de janeiro de 1853), Advent Harbinger, n.s. 4:308, 12 de março de 1853; cf. n.s. 3:156, 1o de novembro de 1851; pág. 291, 28 de fevereiro de 1852.

86 Minor, Meshullam! pág. 71 (parece ter havido um grupo sabatista na Filadélfia; ver Day-Star, 8:25, 22 de novembro de 1845); ver também Advent Harbinger, n.s. 4:149, 23 de outubro de 1852; ibid., pág. 168, 6 de novembro de 1852; ibid., pág. 205, 11 de dezembro de 1852.

87 Para Ellen Harmon (Spiritual Gifts, vol. 2, págs. 72-73) e E. L. H. Chamberlain (Day Star, 9:17, 10 de janeiro de 1846).

88 De duas conferências adventistas do sétimo dia no outono de 1851 vieram os encorajadores relatórios de que o “tempo de sete anos” e “os conceitos inúteis e distrativos relacionados à velha Jerusalém e aos judeus, etc.” nem mesmo foram mencionados (Review and Herald, 2:32, 16 de setembro de 1851; ibid., pág. 36, 7 de outubro).

89 Esta citações e os parágrafos seguintes citados, até o “g”, formam uma única seção em Primeiros Escritos, págs. 74-76.

90 Primeiros Escritos, pág. 86, nota 3.

91 Ver nota 43, acima.

92 Por exemplo, Litch, Prophetic Expositions (1842), vol. 1, pág. 127; S. Bliss, Inconsistencies of Colver’s Literal Fulfilment (1843), págs. 11-18; este argumento ocorre repetidamente na literatura milerita aocombaterem seus oponentes que diziam que a purificação do santuário consistia na restauração do Templo e seus sacrifícios após a profanação de Antíoco que durou três anos.

93 John Fondey, “Os Dois Mil e Trezentos Dias,” Bible Examiner, 3:175, 176, novembro de 1848.

94 A publicação original desta visão (Review and Herald, Extra, 21 de julho de 1851, pág. [4]) incluía um segundo parágrafo referindo-se ao erro da fixação de datas para “este próximo outono”. Numa edição extra de julho esta seria uma advertência importante, mas quando ela foi reimpressa em forma mais permanente, “este próximo outono” seria irrelevante. Portanto, havia uma razão lógica para omiti-lo posteriormente. Para a data e o texto mais longo, veja Mensagens Escolhidas, livro 1, págs. 188-189.

95 Present Truth, 1:86, 87, novembro de 1850.

96 Cook, no Advent Harbinger, n.s. 3:85, 30 de agosto de 1851. A noção de ira a Jerusalém persistiu mesmo mais tarde. Veja uma referência a ela na Review and Herald 4:30, 7 de julho de 1853. Essa noção até surgiu novamente, em anos recentes, em certos panfletos publicados por uma ramificação do Shepherd’s Rod conhecida como The Branch.

97 Ver nota 3.

98 Marsh, “A Era por Vir,” Advent Harbinger, n.s. 1:324, 30 de março de 1850 (primeiros itálicos acrescentados).