“Tanto o “bom vinho”, produzido por Cristo nas bodas de Caná da Galiléia (João 2:9, 10), como o “fruto da videira”, usado por Ele na última ceia com os discípulos (Marcos 14:23-25), podem ser identificados como sendo o puro suco de uva não fermentado.”

Pr. Alberto R. Timm, Ph.D.

“Se a gente não deve beber nenhuma bebida alcoólica, por que Jesus transformou água em vinho no casamento?”

Os termos mais comuns para “vinho” no Antigo Testamento são, em hebraico, yayin e tirosh e, em aramaico,chamar. O Seventh-day Adventist Bible Dictionary, p. 1.176, 1.177, esclarece que o termo yayin é “a palavra comum para vinho envelhecido e, portanto, intoxicante (Gênesis 14:18; Levítico 10:9; 23:13), e tirosh é usado em várias passagens para designar o suco de uva fresco ou o vinho ainda não completamente envelhecido mas já intoxicante (Gênesis 27:37; Números 18:12; Deuteronômio 12:17; Juízes 9:13; Provérbios 3:10; Oséias 4:11)”. Ambos os termos hebraicos são vertidos na Septuaginta (a clássica tradução do Antigo Testamento para a língua grega) pela palavra oînos. Já no Novo Testamento a palavra comum para “vinho” é o mesmo termo oînos, que pode designar tanto o suco de uva não fermentado (João 2:9, 10)como o vinho fermentado (Apocalipse 14:8). Por sua ambigüidade, o termo deve ser interpretado à luz do contexto em que aparece inserido e do seu significado teológico mais amplo.

O fato de alguns patriarcas, como Noé (Gênesis 9:20, 21) e Ló (Gênesis 19:30-38), terem se embebedado em determinadas ocasiões não provê o endosso divino à essa prática. Existiam outros costumes antigos como, por exemplo, a poligamia, que era tolerada por Deus, mas não sancionada por Ele. O mesmo Antigo Testamento, que menciona esses casos de embriaguez, também adverte: “O vinho é escarnecedor, e a bebida forte, alvoroçadora; todo aquele que por eles é vencido não é sábio” (Provérbios 20:1). “Não olhes para o vinho, quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente. Pois ao cabo morderá como a cobra e picará como o basilisco” (Provérbios 23:31, 32).

Tanto o “bom vinho”, produzido por Cristo nas bodas de Caná da Galiléia (João 2:9, 10), como o “fruto da videira”, usado por Ele na última ceia com os discípulos (Marcos 14:23-25), são definidos por Ellen White como sendo “o puro suco de uva” não fermentado (ver O Desejado de Todas as Nações, p. 149). Descrevendo a última ceia, ela afirma:

“Acham-se diante dEle os pães asmos usados no período da páscoa. O vinho pascoal, livre de fermento, está sobre a mesa. Estes emblemas Cristo emprega para representar Seu próprio irrepreensível sacrifício. Coisa alguma corrompida por fermentação, símbolo do pecado e da morte, podia representar ‘o Cordeiro imaculado e incontaminado’” (Ibid., p. 653).

Quando Paulo aconselha a Timóteo a não continuar bebendo “somente água”, mas também “um pouco de vinho”, a razão é puramente medicinal, como evidencia a explicação “por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades” (1 Timóteo 5:23). Paulo também exorta os crentes a não se embriagarem “com vinho, no qual há dissolução” (Efésios 5:18) e aos diáconos a não serem “inclinados a muito vinho” (1 Timóteo 3:8). Alguns alegam, com base nessa última declaração, que não podemos consumir “muito vinho” fermentado, mas um pouco, sim. Porém, à luz de outras declarações de Paulo (ver 1 Coríntios 3:16, 17; 6:19, 20; 1 Timóteo 3:2, 3, 11), podemos inferir que a mera diminuição no consumo de vinho fermentado não é o ideal divino, mas apenas um paliativo que deve culminar na completa abstinência.

Em resposta aos que procuram justificar o uso moderado de vinho fermentado, Samuele Bacchiocchi afirma em seu livro Wine in the Bible: A Biblical Study on the Use of Alcoholic Beverages (Berrien Springs, MI, Biblical Perspectives, 1989, p. 248), que “adicção a algo que é intrinsecamente mau é sempre moralmente errado, quer seja moderado ou excessivo”. E Ellen White acrescenta: “Quanto ao chá, ao café, fumo e bebidas alcoólicas, a única atitude segura é não tocar, não provar, não manusear” (A Ciência do Bom Viver, p. 335). “Quando a temperança for apresentada como parte do evangelho, muitos notarão sua necessidade de reforma. Perceberão o mal das bebidas intoxicantes, e que a completa abstinência é a única plataforma sobre a qual o povo de Deus pode conscienciosamente permanecer” (Testemunhos Para a Igreja, v. 7, p. 75).

Fonte: Biblia.com.br